O que o setor agropecuário achou do Plano Safra 2025/2026

Produtores de café poderão ter acesso ampliado a crédito, mesmo já contemplados pelo Plano Safra

O setor cafeeiro recebeu com entusiasmo a sinalização de que os produtores poderão acessar novos financiamentos, mesmo após já terem contratado crédito por meio dos programas tradicionais do Plano Safra. A mudança, que deve ser oficializada em breve, permitirá que agricultores beneficiados pelo Pronaf (voltado à agricultura familiar) ou pelo Pronamp (focado em médios produtores) também possam recorrer aos recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé).

O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, afirmou que a medida representa um avanço significativo para democratizar o acesso aos recursos do setor. Segundo ele, a proposta amplia o alcance do Funcafé e atende uma demanda antiga: tornar o fundo mais inclusivo para cafeicultores de diferentes portes. “A grande preocupação sempre foi fazer com que esse fundo social chegue, de fato, às mãos de todos os produtores”, destacou.

Até o momento, os grandes produtores eram os principais beneficiados pelos recursos voltados à cafeicultura. Com a mudança, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) também poderá acessar esses financiamentos, o que viabiliza o ingresso de pequenos agricultores no sistema de crédito do café.

O CNC entende que a nova diretriz possibilita maior capilaridade na distribuição dos recursos, ao permitir o envolvimento de diferentes cooperativas e instituições financeiras. Para o conselho, trata-se de um passo importante para garantir que os recursos cheguem com mais eficiência à ponta da cadeia produtiva.

Desafios e limitações do Plano Safra 2025/2026

Apesar do anúncio de R$ 594,4 bilhões para o agro no novo Plano Safra, o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) aponta que os recursos, embora elevados, ainda não são suficientes para acompanhar o ritmo acelerado de crescimento do setor, que tem registrado expansão superior a 10% ao ano.

De acordo com Paulo A. Camuri, gerente de Clima e Inteligência de Dados da entidade, o cenário fiscal do país impõe barreiras à destinação de mais recursos, ao mesmo tempo em que as taxas de juros elevadas — com a Selic ainda em torno de 15% ao ano — corroem o poder de financiamento. “O crédito rural está sendo pressionado por dois lados: orçamento limitado e custo elevado”, observou.

Nesse contexto, Camuri defende uma reestruturação das prioridades do crédito agrícola, com foco na agricultura familiar e em modelos produtivos sustentáveis. Ele ressalta que esse segmento, responsável por grande parte dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros, deve ser priorizado, assim como práticas agrícolas que promovam baixa emissão de gases de efeito estufa, preservação ambiental e respeito às normas legais e sociais.

Oportunidade para mudança estratégica

Apesar das dificuldades, Camuri vê o atual momento como propício para avanços em políticas públicas estruturantes. Ele cita, por exemplo, os Planos Nacionais de Mitigação e Adaptação às mudanças climáticas, que estão em fase de consulta pública e podem ser ferramentas-chave para promover um realinhamento estratégico nas ações do setor agropecuário.

“É um momento desafiador, mas que também carrega oportunidades de modernizar as políticas agrícolas, tornando-as mais eficazes e alinhadas com os desafios climáticos e sociais do nosso tempo”, concluiu.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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