O que plantar em novembro? Confira os cultivos ideais

Com a consolidação das chuvas no Centro-Sul e a influência do fenômeno La Niña, novembro abre a janela de plantio mais crítica do ano para grãos, pastagens e hortaliças. O planejamento é crucial.

Novembro não é apenas mais um mês no calendário do produtor rural brasileiro; é o momento decisivo. Com as chuvas finalmente se estabelecendo na maior parte do Brasil Central, as máquinas vão a campo em ritmo acelerado para garantir o plantio da safra de verão (1ª safra). Este ano, o cenário é particularmente influenciado pela confirmação do fenômeno La Niña, que redesenha o mapa de riscos e oportunidades no país.

Para o produtor que visa rentabilidade, acertar na cultura, no timing e no manejo é fundamental. Analisamos o que há de mais estratégico para semear neste mês, considerando os diferentes setores do agronegócio.

O Cenário Climático: La Niña dita o ritmo

O fator determinante para novembro de 2025 é o clima. As previsões meteorológicas mais recentes, confirmadas por institutos nacionais e internacionais, apontam para a atuação de um La Niña de intensidade moderada.

Para o produtor, isso se traduz em:

  • Centro-Oeste e Sudeste: Um cenário positivo. O La Niña tende a favorecer chuvas regulares e até acima da média para essas regiões, beneficiando diretamente a instalação da safra de verão.
  • Região Sul (Especialmente RS): Alerta máximo. O fenômeno historicamente provoca estiagem ou chuvas muito irregulares no Rio Grande do Sul e oeste de Santa Catarina. O produtor gaúcho deve redobrar o manejo de risco.
  • Nordeste (MATOPIBA): A região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) deve receber chuvas mais vigorosas, beneficiando o avanço da soja e do milho.
  • Nordeste (Interior/Norte): Risco de seca em áreas do norte da região, prejudicando culturas de sequeiro como milho e feijão.

Os Gigantes da Safra: Soja e Milho 1ª Safra

Novembro é, indiscutivelmente, o auge da janela de plantio das duas principais commodities do Brasil.

1. Soja

No Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, MS) e no Sudeste (Minas Gerais, São Paulo), novembro é o “mês-limite” para plantar as variedades de ciclo precoce e médio, visando a colheita em janeiro/fevereiro e a abertura de janela para o milho safrinha.

  • Por que plantar agora? A umidade do solo está em níveis ideais graças às chuvas de outubro e à perspectiva de regularidade em novembro e dezembro (La Niña).
  • Ponto de Atenção: O excesso de chuvas no Centro-Oeste pode exigir manejo fitossanitário redobrado contra a ferrugem asiática, que se prolifera em ambientes úmidos.

2. Milho (1ª Safra)

Embora a “safrinha” seja maior em volume, o milho de verão (1ª safra) é vital para o abastecimento interno e tem seu plantio concentrado agora.

  • Foco: Regiões do Sudeste e Sul (Paraná e Santa Catarina) aproveitam o mês para finalizar a semeadura.
  • Risco no Sul: No Rio Grande do Sul, o plantio de milho em novembro é de altíssimo risco este ano, devido à provável estiagem. Muitos produtores que não conseguiram plantar em setembro/outubro podem optar por migrar a área para a soja, culturalmente mais resistente ao estresse hídrico inicial.

A Recuperação do Pasto: O “Plantio” da Pecuária

O pecuarista também é agricultor em novembro. Este é o momento-chave para a reforma e recuperação de pastagens degradadas no Cerrado (Centro-Oeste e Sudeste).

  • O que plantar? Espécies do gênero Brachiaria (como B. brizantha) e Panicum (como Mombaça ou Zuri) são as mais procuradas.
  • Estratégia: Com as chuvas favorecidas pelo La Niña no Centro-Oeste, o investimento em adubação de pasto e plantio de novas áreas tem retorno garantido, assegurando a “safra de capim” para o período seco do próximo ano. A recuperação da umidade do solo permite um rápido estabelecimento das forrageiras.

Diversificação e Mercado Interno: Feijão, Arroz e Algodão

Nem só de soja e milho vive o campo. A segurança alimentar do país depende dos plantios de novembro.

1. Feijão (Safra das Águas)

Novembro é o mês por excelência para o plantio do feijão-carioca da 1ª safra, ou “safra das águas”.

  • Onde? Paraná, Minas Gerais e Goiás concentram a produção. O clima favorável (chuvas regulares sem excessos) no PR e MG é uma boa notícia para esta cultura, que é muito sensível a extremos climáticos.

2. Algodão

No Cerrado (Mato Grosso e Bahia), o plantio do algodão, que exige uma janela mais tardia que a soja, começa a ganhar força no final de novembro, estendendo-se por dezembro.

3. Arroz

Enquanto o Rio Grande do Sul (arroz irrigado) já está com o plantio em fase avançada (aproveitando janelas secas em outubro), outras regiões, como Tocantins (arroz de terras altas), utilizam novembro para estabelecer suas lavouras.

Oportunidades na Horticultura e Fruticultura

Para o pequeno e médio produtor, novembro é um mês de alta atividade na horta, focado em culturas de verão que suportam o calor.

Com a previsão de temperaturas acima da média (ondas de calor) intercaladas com as chuvas, o produtor deve priorizar culturas rústicas e ficar atento ao damping-off (tombamento de mudas) causado por excesso de umidade no solo.

Cultivos ideais para semear em novembro (Brasil Central e Sudeste):

  • Cucurbitáceas: Abóbora, abobrinha, melancia, melão e pepino.
  • Frutos: Tomate (variedades de verão), berinjela, pimentão e jiló.
  • Folhosas de Verão: Alfaces adaptadas ao calor (crespas e mimosas), almeirão, rúcula e couve-manteiga.
  • Raízes e Tubérculos: Batata-doce, mandioca, cenoura de verão e beterraba.
  • Outros: Quiabo, feijão-vagem (feijão-de-corda) e milho-verde.

Novembro de 2025 se desenha como um mês de oportunidade para o Centro-Sul e de cautela para o Sul do país. O La Niña, embora traga riscos de estiagem para os gaúchos, oferece ao Cerrado a segurança de chuvas que faltou em anos anteriores.

O sucesso da safra que começa agora depende de monitorar de perto essas variações climáticas regionais, ajustar o calendário de plantio e investir no manejo fitossanitário adequado. Para o produtor rural, a hora de agir é agora.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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