
Mais do que uma oportunidade de negócio, a criação legalizada de tucanos é uma forma de unir conservação, bem-estar animal e retorno econômico
Nas fazendas e sítios brasileiros, o tucano deixou de ser apenas um visitante curioso que aparece no alto das árvores para se tornar parte de criatórios estruturados. A beleza de seu bico imponente, que na natureza serve para alcançar frutas e afastar predadores, é hoje o grande atrativo de um mercado em expansão: o de aves ornamentais e de estimação de luxo.
Criar tucanos é unir o encanto da fauna nativa a uma atividade que pode gerar renda e valorizar ainda mais a propriedade rural, desde que conduzida com responsabilidade e dentro da lei.
Conhecendo o tucano: beleza que encanta e mercado que valoriza
Integrante da família Ramphastidae, o tucano é originário da faixa que vai do México até a Argentina. No Brasil, destacam-se espécies como:
- Ramphastos toco (bico amarelo)
- Ramphastos vitelinus (bico preto)
- Ramphastos dicolorus (bico verde)
- Ramphastos tucanus (bico amarelo e preto)
O corpo negro contrasta com o bico poroso e leve, geralmente amarelo, mas que também pode apresentar variações de cor, um diferencial valorizado no mercado de aves ornamentais. Com expectativa de vida de até 20 anos, são animais inteligentes, curiosos e capazes de aprender truques simples, características que reforçam sua popularidade como aves de estimação de luxo.
Legislação: o primeiro passo para começar
Antes de adquirir um tucano, é essencial obter autorização do órgão ambiental competente, já que se trata de uma ave silvestre. A criação só é permitida em cativeiros legalizados, que devem contar com acompanhamento de zootecnistas, biólogos ou veterinários. Comprar matrizes e reprodutores apenas em estabelecimentos registrados é fundamental para garantir a legalidade do negócio e a saúde dos animais.
Estrutura e ambiente ideais para o criatório
O tucano é uma ave tropical e se adapta melhor a climas quentes, com temperatura média anual de 28 °C. Se os termômetros passarem de 32 °C ou caírem abaixo de zero, é necessário ajustar o ambiente.
Um viveiro adequado deve ter cerca de 6 metros de comprimento, 2,5 a 3 metros de largura e 3 metros de altura, com parte coberta para oferecer sombra e proteção contra chuvas. No interior, recomenda-se incluir:
- Poleiros de diferentes tamanhos e posições.
- Caixas de madeira para ninho e descanso.
- Divisórias para separar casais em formação, evitando brigas.
- Gaiolas grandes, se usadas, com fundo de grade removível para facilitar a limpeza diária.
Alimentação: base para saúde e longevidade
Embora sejam onívoros, os tucanos têm preferências bem definidas:
- Frutas diversas, picadas e frescas (evitar cítricas).
- Insetos, que fazem parte de sua dieta natural.
- Ração extrusada específica, disponível no mercado especializado.
- Água limpa e fresca sempre à disposição.
Um cuidado importante é evitar alimentos ricos em ferro, que podem causar doenças metabólicas graves.
Manejo e bem-estar
O tucano aprecia banhos, seja em banheiras instaladas no viveiro ou com borrifadores de água. Mesmo em dias frios, a prática ajuda a manter o bem-estar da ave. Outro detalhe curioso é que, se estiver inquieto, o tucano pode ser acalmado com leves carícias na nuca.
Reprodução em cativeiro
A maturidade sexual ocorre entre 3 e 5 anos de idade, com maior atividade nos meses de primavera e verão. O ritual de cortejo inclui movimentos com o bico e a cauda, além da oferta de alimento do macho para a fêmea.
- Posturas anuais: 2 a 3.
- Ovos por postura: 2 a 4.
- Incubação: cerca de 18 dias.
Por serem monogâmicos, os casais permanecem juntos ao longo da vida, o que facilita o manejo reprodutivo.
Economia e retorno do investimento
A criação de tucanos exige planejamento financeiro.
- Investimento inicial: mínimo de 3 machos e 3 fêmeas.
- Custo da ave: entre R$ 15.000 e R$ 20.000.
- Retorno: vendas de filhotes a partir de 3 a 5 anos.
Esse mercado atrai tanto proprietários rurais, que buscam aves ornamentais para sítios e fazendas, quanto compradores urbanos, interessados em animais exóticos para compor ambientes diferenciados.
Desafios e responsabilidades do criador
Apesar do potencial econômico, criar tucanos não é apenas uma questão de investimento: é um compromisso ético e ambiental. A ave é um legítimo representante da exuberante fauna sul-americana, e sua criação responsável contribui para reduzir a pressão do tráfico ilegal de animais silvestres.
O tucano é símbolo de beleza, inteligência e exotismo. Criá-lo exige respeito à legislação, investimento em infraestrutura e dedicação diária para garantir seu bem-estar. Mais do que uma oportunidade de negócio, é uma forma de preservar e valorizar uma das aves mais emblemáticas do continente.
Se você deseja ingressar nesse mercado, procure criadores legalizados, estude a fundo as necessidades da espécie e conte sempre com orientação técnica especializada. Assim, sua criação será sustentável, lucrativa e, acima de tudo, responsável.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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