Obrigatoriedade da rastreabilidade bovina no Pará abre debate sobre impactos no mercado de boi

A rastreabilidade de bovinos, que começaria em 2026 no Pará, foi adiada para 31 de dezembro de 2030, trazendo alívio para o pecuarista.

A ordem publicada no Diário Oficial do Estado do Pará, trazendo a exigência de que apenas bovinos e bubalinos rastreados possam circular no estado, a partir do dia 1 de janeiro de 2026, provocou apreensão.

A medida, que previa a obrigatoriedade da identificação individual dos bovinos e da regularização da Guia de Trânsito Animal (GTA), teve seu prazo ampliado para 31 de dezembro de 2030. A decisão foi para dar tempo para que produtores e os demais elos da cadeia se preparem.

A proposta integra o Sistema de Rastreabilidade Bovina Individual do Pará e tem por objetivo fortalecer o controle sanitário, garantir a origem dos bovinos e ampliar o acesso a mercados que exigem transparência da cadeia produtiva.

A obrigatoriedade foi mal-recebida pelos produtores, em função dos custos envolvidos e da complexidade logística em um estado com grande extensão territorial e forte presença de pequenos e médios pecuaristas.

Segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM, IBGE), o Pará possui um dos maiores rebanhos do país, com cerca de 26 milhões de cabeças, sendo relevante na oferta nacional de boi gordo. A implementação da rastreabilidade individual em todo esse contingente implica investimentos consideráveis.

Estimativas indicam que o custo por bovino, considerando identificação eletrônica, sistemas de controle e mão de obra, varia entre R$ 8,00 e R$ 15,00 por cabeça. Em um cenário de adoção integral, o investimento inicial poderia ultrapassar R$ 200 milhões, sem considerar despesas recorrentes de manutenção e atualização de dados.

Caso a medida tivesse sido mantida para 2026, haveria risco de restrição temporária na movimentação de animais, o que poderia reduzir a disponibilidade de boiadas prontas para abate, encurtar escalas frigoríficas e subir a cotação do boi gordo artificialmente. Com o adiamento para 2030, esse efeito desaparece.

Além dos impactos econômicos, o adiamento também repercute no campo ambiental. Especialistas avaliam que sistemas robustos de rastreabilidade são instrumentos relevantes para coibir a criação de gado em áreas desmatadas ilegalmente e ressaltam que o cronograma original estava alinhado à urgência climática.

Ao observar a experiência de outros estados, vemos que o tema é rotina produtiva em algumas regiões. Em Santa Catarina, onde a rastreabilidade bovina é obrigatória, o sistema, após a fase de adaptação, fortaleceu o controle sanitário e o acesso a mercados exigentes. Em estados como Goiás, mesmo sem obrigatoriedade formal, o avanço de iniciativas preparatórias reforça essa tendência, indicando que o novo cronograma no Pará representa uma transição gradual para padrões elevados de controle e transparência.

Fonte: https://www.scotconsultoria.com.br

Referências (mantidas integralmente)

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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