Onças atacam rebanho, matam seis cabeças de gado e acendem alerta para produtores rurais

Polícia Ambiental confirma presença de suçuarana e orienta fazendeiros sobre convivência com a fauna nativa; Onças atacam rebanho, matam seis cabeças de gado em série ao longo de um mês

Seis cabeças de gado foram encontradas mortas em um intervalo de aproximadamente 30 dias na Fazenda São José, localizada na zona rural de Votuporanga (SP), às margens do rio São José. Os ataques foram atribuídos a onças-pardas (suçuarana) e provocaram preocupação entre pecuaristas da região noroeste paulista, onde a presença desses grandes felinos se tornou cada vez mais comum em áreas de pastagem e proximidades de matas nativas.

Comportamento predatório típico

Segundo o proprietário da fazenda, o ex-prefeito de Votuporanga Pedro Stefanelli, os sinais deixados nas carcaças são típicos de predadores silvestres: as onças bebem o sangue do animal, se alimentam das vísceras e depois escondem os restos sob folhas para retornarem e consumirem o restante dias depois. “

A sorte nossa é que há muitas capivaras, javalis, muitos pequenos bichos; senão as onças atacariam muito mais o gado”, relatou Stefanelli.

Esse tipo de comportamento é característico da onça-parda (Puma concolor), também conhecida como suçuarana ou puma, como explicou a tenente Roberta Geraldi Aniceto, da Polícia Militar Ambiental de Votuporanga. A oficial confirmou que se trata de uma espécie altamente adaptável, capaz de viver em áreas de mata, bordas de pastagem e até regiões agrícolas intensivas.

Convivência e limites legais

A tenente Roberta reforçou que, apesar dos prejuízos, as onças-pardas são animais da fauna silvestre brasileira e protegidos por lei federal. Portanto, é proibido capturar, ferir ou matar o animal — mesmo diante de prejuízos econômicos à produção rural.

“Não se pode matar ou ferir a onça. Portanto, se algum proprietário rural ver uma situação dessas, nada há o que fazer, apenas manter distância”, alertou a policial. Ela recomendou medidas preventivas, como instalação de cercas elétricas, iluminação nas pastagens e manejo do gado em horários mais seguros, como durante o dia. No entanto, advertiu que a onça é forte e consegue saltar muitas dessas barreiras.

Foto: André Zumak – 2019

Adaptação e expansão dos felinos

O avanço da onça-parda sobre áreas de criação de gado está diretamente relacionado à fragmentação do habitat natural desses felinos. Segundo especialistas, a suçuarana é o felino mais resistente à ocupação humana e à fragmentação de vegetação nativa, diferente da onça-pintada, que exige ecossistemas mais preservados.

Por isso, ataques como os registrados em Votuporanga tendem a se tornar mais frequentes, principalmente em fazendas que margeiam matas ciliares ou grandes extensões de mata atlântica residual.

Onças atacam rebanho e Polícia Ambiental emite orientações

A Polícia Militar Ambiental informou que continua atuando na orientação dos produtores rurais da região sobre as melhores formas de prevenção e convívio com a fauna nativa. A presença de animais silvestres em áreas rurais é reflexo do próprio ecossistema local e exige equilíbrio entre produção e preservação ambiental.

A recomendação é para que pecuaristas reforcem medidas de proteção dos rebanhos, invistam em estratégias de convivência sustentável e reportem qualquer avistamento à Polícia Ambiental, sem tentar intervir diretamente com os animais.

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