
Mesmo com instabilidade recente no mercado do boi, fundamentos da pecuária seguem sólidos e apontam para um segundo semestre de recuperação
Por Guilherme Tonhá* – As últimas semanas foram marcadas por forte instabilidade no mercado pecuário. A notícia do aumento de tarifas sobre produtos brasileiros por parte dos Estados Unidos impactou diretamente o preço da arroba do boi gordo e trouxe apreensão ao setor. Mas é importante ter a clareza de que o que estamos vivendo é um ajuste, e não um colapso. O ciclo da pecuária está virando, com sinais concretos de retomada.
Depois de um período prolongado de abate de fêmeas, já há redução na oferta de bezerros, o que, naturalmente, refletirá na escassez de boi gordo adiante. A lógica da oferta e demanda permanece viva: menos oferta, preços mais altos.
Apesar do impacto inicial do tarifaço, a exportação brasileira segue firme. Julho registrou uma média de 12,3 mil toneladas exportadas por dia – um dos maiores volumes diários da história. E não estamos dependentes de um só mercado. México, China e países da América do Sul vêm ampliando suas compras, mostrando que o Brasil segue relevante e competitivo no cenário global.
A nossa carne ainda é uma das mais baratas do mundo. Enquanto os Estados Unidos trabalham com preços acima de US$ 100 por arroba, a brasileira gira em torno de US$ 55. Essa diferença reforça a competitividade da nossa proteína.
Internamente, enfrentamos desafios, como os juros altos e a dificuldade de acesso a crédito rural. Muitos produtores estão lidando com custeios caros e menos linhas de financiamento. Além disso, o clima teve efeito direto na oferta: as chuvas de junho empurraram o gado para julho, aumentando as escalas de abate e pressionando os preços. Mesmo assim, o segundo semestre historicamente traz exportações 20% maiores que o primeiro, o que pode contribuir para reequilibrar o mercado.
A mensagem é clara: cautela, gestão e confiança. O cenário é de retomada. A pecuária brasileira continua sendo uma das mais promissoras do mundo. Cabe a nós manter o foco dentro da porteira e seguir fazendo o que sabemos fazer: produzir com responsabilidade, sustentabilidade, qualidade e olhar para o longo prazo.
Guilherme Tonhá é pecuarista e diretor comercial da Estância Bahia Leilões
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