Os grãos e o mercado lácteo brasileiro

Diferentemente do mercado de lácteos, no mercado de grãos, o Brasil é historicamente exportador, sendo o segundo maior exportador de milho.

Segundo o ICP-Leite, da Embrapa, o custo com alimentação concentrada representa cerca de 40% do custo de produção de leite, sendo o item de maior impacto em relação ao total. A alimentação concentrada consiste, basicamente, na ração, formada por milho, soja e sal mineral.

O milho e a soja, representantes do “mercado de grãos”, consistem em mais de 95% desta ração, e, portanto, são de extrema relevância para o custo na produção de leite. A seguir, neste texto, trataremos das características do mercado brasileiro destes grãos e do momento atual deste mercado.

Começaremos pelo milho, que pode representar até 70% do total de um formulado de ração. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil é o terceiro maior produtor de milho mundo, ficando atrás, apenas, dos Estados Unidos e da China.

Diferentemente do mercado de lácteos, no mercado de grãos, o Brasil é historicamente exportador, sendo o segundo maior exportador de milho, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, visto que a China utiliza grande parte de sua produção para consumo interno, principalmente na produção de suínos e aves.

Os principais parceiros comerciais do Brasil são a China, Japão, Irã e Vietnã, e em 2020, o milho representou cerca de 3,2% do total das exportações do Brasil. As importações, quando ocorrem, são provenientes de países do Mercosul, como, por exemplo, a Argentina. Em 2021, devido a problemas de quebra de safra, foram importados 3 milhões de toneladas do país, sendo um recorde histórico.

No caso da soja, de acordo com a Embrapa, o Brasil é o maior produtor mundial de soja e o grão, por sua vez, é o principal produto da pauta exportadora brasileira. Na safra 2020/21, a produção total do Brasil foi de aproximadamente 135 milhões de toneladas, representando uma área de 38 milhões de hectares.

Segundo dados da Conab, a plantação de soja, na safra 2021/22, deverá alcançar aproximadamente 41 milhões de hectares, o que representa um aumento de 7,9% em relação à safra 2020/21, e pode chegar a 56% da área total de grãos produzidos no Brasil durante esta safra. A soja tem sua janela de plantio, ou seja, a época em que é semeada, de modo geral, entre os meses de setembro e dezembro, e seu ciclo pode durar entre 100 e 160 dias, a depender da cultivar.

Os principais estados produtores do grão no país são: Mato Grosso, principal produtor e uma área de 10 milhões de hectares na safra 20/21; Rio Grande do Sul, com 6 milhões de hectares; Paraná, com 5,6 milhões de hectares e Goiás, com 3,6 milhões de hectares na safra 20/21. A China é o principal importador do grão brasileiro e em 2021 importou aproximadamente 58 milhões de toneladas do Brasil.

O mercado de grãos hoje

O mercado de grãos no período recente tem sido marcado por volatilidade.

De um lado, fatores baixistas se destacaram nas últimas semanas: internamente, o avanço das colheitas ampliou a oferta de grãos; externamente, o risco de recessão econômica mundial e a ampliação das políticas de controle sanitário da China trouxeram pessimismo ao mercado, movendo os preços para baixo.

Nos últimos dias, entretanto, fatores externos para além dos citados fizeram com que a expectativa de demanda por grãos brasileiros aumentasse: há receio quanto ao clima nos Estados Unidos e na Europa, e o Brasil avançou nas negociações com a China para exportações no segundo semestre. Desta forma, os preços voltaram a subir.

Fonte: MilkPoint
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