Otimismo marca previsões para a safra de cana-de-açúcar do Brasil, diz hEDGEpoint

Esse otimismo fica ainda mais claro quando analisamos a umidade do solo e comparamos os valores do Índice de Vegetação por Diferença da cana.

A primeira estimativa da hEDGEpoint Global Markets para a safra de cana-de-açúcar 2023/2024 do Centro-Sul já mostrava algum otimismo em termos de recuperação. O primeiro número foi em torno de 580Mt de cana. No entanto, nossa visão mudou e estamos, atualmente, ainda mais otimistas. Dado o recente clima quente e chuvoso nas regiões de maior produção, esperamos uma grande recuperação. Portanto, revisamos nosso volume total de cana para 595Mt.

Você deve estar se perguntando por que o Gráfico 02 mostra 593Mt. Enquanto a precipitação tem sido extremamente positiva para a próxima safra, esta tem atrapalhado a moagem de cana durante 22/23. Olhando para o TCH, a safra atual mostra uma possível recuperação de 7,5%, chegando a algo em torno de 73t/ha (Gráfico 01). Isso nos levaria a cerca de 552Mt de moagem potencial de cana para o período. Porém, até a primeira quinzena de janeiro, cerca de 542Mt de cana foram moídas, restando apenas 3 usinas em operação que usam desta matéria-prima. Por sua vez, o aumento da precipitação elevou o risco de sobras (cana bisada). Mesmo considerando um início antecipado para 23/24 (por volta da segunda quinzena de março de 2023 — Gráfico 03), acreditamos que a região deverá moer apenas mais 7Mt de cana, chegando a, no máximo, algo em torno de 550Mt em 22/23.

Esse volume “extra” seria, então, incorporado no volume de cana de 23/24, elevando as 593Mt para cerca de 595Mt. No geral, esperamos que o TCH mantenha a tendência positiva atingindo cerca de 78,1 t/ha em 23/24 — pois existe esse potencial quando analisamos os números anteriores. Por exemplo, é possível comparar os números atuais com os ciclos de 11/12, 13/12 e 13/14, quando o TCH caiu 16%, recuperou 8,3% e 7% seguidos.

Observe que o clima é o maior motivo por trás de nossa expectativa de recuperação de quase 7% do TCH para 23/24. Não só as precipitações têm sido próximas da média desde agosto (Gráfico 04), como a previsão mostra que devem se manter positivas para o desenvolvimento da gramínea ao longo de fevereiro. Em março, o clima mais seco do que o normal deve contribuir para um início antecipado. No entanto, a cana pode precisar de um pouco mais de tempo para se desenvolver, pois as chuvas dificultam a concentração de sacarose e, portanto, não devemos ver moagem antes da segunda quinzena de março (Gráfico 05).

Esse otimismo fica ainda mais claro quando analisamos a umidade do solo e comparamos os valores do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (Normalized difference vegetation index – NDVI) da cana. A umidade de São Paulo e Minas Gerais, que juntos são responsáveis por quase 70% da produção da região CS, se recuperou para perto de sua média de 30 anos. Além disso, a anomalia do NDVI mostra melhorias. Enquanto a principal região produtora ficou abaixo de 100% em janeiro de 2022, este ano a medição mostra grande melhora, perto de 110%.

Porém, se o tempo surpreender, com extensão do período de chuvas e nebulosidade excessiva, pode haver retração. Se não tão intenso como em 2021, o clima inadequado faria a moagem variar entre 580 e 600Mt. Isso significa que a produção de açúcar tem uma faixa possível de 35,5 a 36,7Mt. Claro, este intervalo conta, também, com a expectativa de uma safra mais açucareira.

Conforme discutimos em relatórios anteriores, o mix de açúcar é um assunto mais delicado, pois envolve decisões governamentais em relação ao setor de etanol. Atualmente, acreditamos em uma safra com o mix de açúcar em 46,9%. No entanto, contamos com a expectativa de que o governo não favoreça o setor de biocombustíveis — e nenhuma decisão foi tomada até agora, nem sobre a gasolina ser um bem essencial e nem sobre a política de preços da Petrobrás.

Fonte: hEDGEpoint

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