Para cada trator comprado na última década, 4 trabalhadores foram dispensados

IBGE revela que quantidade de máquinas no campo aumentou 49,7% no período, enquanto o número de ocupados na atividade foi reduzido em 1,5 milhão de pessoas

A mecanização da agropecuária vem reduzindo o total de pessoas trabalhando no campo. Entre 2006 e 2017, para cada trator adquirido, quase quatro empregos no campo foram eliminados. Os dados, do Censo Agropecuário 2017, foram divulgados nesta quinta-feira, dia 26, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2017, 15.036.978 pessoas trabalhavam em estabelecimentos agropecuários, 1.530.566 a menos do que o registrado pelo censo realizado em 2006 – em 1985, eram 23,4 milhões. O percentual de produtores e trabalhadores com laços de parentesco diminuiu de 77% em 2006 (12.801.179 pessoas) para 73% em 2017 (10.958.787).

“Isso é tendência em todo lugar, o número de pessoas ocupadas vem caindo e o número de tratores vem subindo. É a industrialização, a mecanização do campo”, confirmou Antonio Carlos Florido, coordenador técnico do Censo Agropecuário.

O número de tratores no campo aumentou 49,7% em 11 anos, para um total de 1.228.634 unidades, o equivalente a 407.916 novas máquinas. Mais de 200 mil estabelecimentos passaram a usar tratores no período, alcançando um total de 733.997 produtores em 2017.

O número de 2017 é quatro vezes maior do que o registrado no Censo Agropecuário de 1975, quando havia 323 mil tratores em uso no campo.

O Censo Agropecuário de 2017 mostrou ainda que 1,681 milhão de produtores usaram agrotóxicos no período de referência da pesquisa, um avanço de 20,4% em relação ao censo de 2006. Outros 134.360 produtores responderam que fazem uso de agrotóxico, mas que não houve necessidade de aplicação no período de referência do levantamento censitário. Ou seja, 36% dos produtores usavam agrotóxicos.

Além disso, em 2017, 502.425 estabelecimentos agropecuários disseram usar algum método de irrigação. A área irrigada total no país foi de 6.903.048 hectares. Em relação ao censo de 2006, houve crescimento de 52% no número de propriedades com irrigação em suas terras e avanço de 52% na área total irrigada.

A conectividade via internet também chegou ao campo brasileiro. No ano passado, 1.425.323 produtores declararam ter acesso à internet, um salto de 1.790,1% ante 2006. O acesso à rede era feito por banda larga por 659 mil (46,2%), e outros 909 mil estavam conectados via internet móvel (63,77%). Em 2006, apenas 75 mil estabelecimentos tinham acesso à internet.

O acesso ao telefone também cresceu, passando de 1,2 milhão de propriedades em 2006 para 3,1 milhões de estabelecimento em 2017, 1,9 milhão a mais, um avanço de 158% em 11 anos.

Por Estadão Conteúdo

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