
Em um cenário que traz à tona um velho conhecido do mercado – escalas de abate curtas e demanda extremamente aquecida – os preços do boi gordo voltam a subir nas principais praças pecuárias do país.
O mercado físico do boi gordo atravessa um momento de forte valorização, sustentado principalmente por dois fatores determinantes: as escalas de abate encurtadas e uma demanda internacional robusta. Esses elementos têm exercido pressão positiva sobre os preços da arroba, gerando uma dinâmica de alta que, segundo especialistas, deve continuar no curto prazo.
No mercado doméstico, a baixa oferta segue impulsionando as cotações tanto em São Paulo quanto nas demais regiões pesquisadas pelo Cepea. O tempo seco e a falta de pasto vêm interferindo no ganho de peso dos animais de pasto, que não atingem o peso necessário para o abate. As exportações brasileiras de carne bovina in natura seguem aquecidas, contribuindo para manter o movimento de alta dos preços no mercado interno. De janeiro a setembro, o volume total embarcado pelo Brasil cresceu 30% frente a igual intervalo de 2023, conforme apontam dados da Secex, analisados pelo Cepea.
Escalas de abate encurtadas e oferta limitada
As escalas de abate dos frigoríficos brasileiros encontram-se em uma de suas piores posições nesta temporada, com muitos atendendo a apenas seis dias úteis, como apontam os dados da Agrifatto. Esse cenário revela uma oferta de animais prontos para o abate limitada, o que gera um aperto na cadeia produtiva e dificulta o alongamento das escalas de abate, especialmente em estados como São Paulo, onde os frigoríficos têm enfrentado dificuldades generalizadas.
Essa limitação na oferta reflete diretamente nos preços, que têm subido de forma constante, impactando também o mercado atacadista de carne bovina. O quarto traseiro, por exemplo, atingiu R$ 22,00 por quilo, enquanto o quarto dianteiro foi precificado em R$ 18,00 por quilo, ambos apresentando aumentos significativos.
Demanda aquecida no mercado internacional
A alta nos preços também é impulsionada pela forte demanda no mercado externo. O Brasil, líder global nas exportações de carne bovina, tem se beneficiado de uma dinâmica de exportação extremamente aquecida, que mantém o país em posição de destaque no fornecimento de carne bovina de alta qualidade. Segundo Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, esse aquecimento do mercado externo se alia à restrição de oferta interna, impulsionando ainda mais os preços no mercado físico.
Esse cenário de alta, no entanto, vem acompanhado de uma possível perda de competitividade da carne bovina frente a proteínas de menor valor agregado, como ovos e carne de frango, que podem atrair parte da demanda interna.
Dinâmica dos preços: variação ao longo da semana
O Indicador CEPEA/B3 do boi gordo, divulgado em 09/10/2024, registrou o valor de R$ 293,90 por arroba, com uma variação negativa de 0,10% no dia, mas com uma expressiva alta de 7,13% no mês. Este indicador reflete a continuidade da valorização, apesar de pequenas oscilações diárias.
Os preços praticados pelo mercado seguem esse ritmo de alta, com variações regionais. Em São Paulo, por exemplo, o boi comum está cotado a R$ 295,00/@, enquanto o boi-China atinge R$ 290,00/@, com um ágio de R$ 5,00/@ sobre o animal destinado ao mercado interno.
Negociação de destaque no Mato Grosso do Sul
Segundo informações fornecidas por um pecuarista ao aplicativo Agrobrazil, a melhor negociação do dia ocorreu em Rio Verde de Mato Grosso, no Mato Grosso do Sul. Nesta negociação, o preço da arroba do boi gordo foi fechado a R$ 305,00, com pagamento à vista e escalas de abate de quatro dias, na indústria BXB de Nioaque/MS. Este valor é superior ao praticado na média nacional, refletindo a valorização regional e a demanda específica da indústria local.

Exportações e volatilidade no mercado do boi gordo
O mercado do boi gordo segue com forte volatilidade, com os preços subindo diariamente em diversas regiões. Em Minas Gerais, por exemplo, a arroba do boi comum está em R$ 275,00, enquanto o boi-China alcança R$ 285,00. Já no Mato Grosso do Sul, a média da arroba foi registrada em R$ 285,00, tanto para o boi comum quanto para o boi-China, com escalas de abate atendendo seis dias úteis.
Preços da arroba do boi gordo pelas principais praças pecuárias do país
- São Paulo: R$ 296,00/@
- Goiás: R$ 280,00/@
- Minas Gerais: R$ 290,00/@
- Mato Grosso do Sul: R$ 289,00/@
- Mato Grosso: R$ 253,00/@
A combinação de escalas de abate curtas, oferta limitada e demanda aquecida, tanto no mercado interno quanto externo, continua a pressionar os preços da arroba para cima. Com a manutenção dessas condições, espera-se que o mercado do boi gordo siga aquecido no curto prazo, apesar das eventuais oscilações diárias. A atenção agora se volta para os próximos movimentos das indústrias frigoríficas e a capacidade de absorção da alta dos preços pelo consumidor final, tanto no Brasil quanto no exterior.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.
Fazendeiro que é fazendeiro não faz cruzamento, diz maior pecuarista do Xingu
Para um dos maiores pecuaristas do Brasil, investir no Nelore e respeitar a natureza do gado garante eficiência, lucro e menos trabalho no manejo de corte
Continue Reading Fazendeiro que é fazendeiro não faz cruzamento, diz maior pecuarista do Xingu
Copom mantém taxa básica de juros em 15% ao ano
A taxa básica de juros da economia (Selic) vale para os próximos 45 dias, quando o Copom volta a se reunir.
Continue Reading Copom mantém taxa básica de juros em 15% ao ano
Polícia Civil desarticula maior quadrilha de tráfico de animais em operação no RJ
Ex-deputado TH Joias é um dos investigados por intermediação de primatas e ligação com o Comando Vermelho.
Continue Reading Polícia Civil desarticula maior quadrilha de tráfico de animais em operação no RJ
Pelo segundo ano consecutivo, GTF conquista Selo Ouro ODS da ONU e consolida sua liderança em sustentabilidade
Reconhecimento reforça compromisso da companhia com a Agenda 2030 da ONU e práticas ESG que geram impacto positivo em comunidades e no meio ambiente.
Comissão da Agricultura da Câmara aprova Estatuto do produtor Rural
O projeto que define o Estatuto do Produtor Rural, prevê concessão de assistência técnica e jurídica gratuita, proteção do patrimônio, revisão de contratos e fundo de crédito para pequenos agricultores.
Continue Reading Comissão da Agricultura da Câmara aprova Estatuto do produtor Rural
Demora na concretização de medidas de apoio contra o tarifaço geram insegurança junto a exportadores de mel do Piauí
O Grupo Sama, líder brasileiro e sul-americano de produção de mel orgânico, observa que a situação é semelhante à registrada no início de agosto.