Pesquisadores iniciam novos experimentos em controle de carrapatos, problema constante na pecuária

A proposta foi construída para orientar produtores na implantação de um sistema produtivo que alia intensificação da produção à base de pasto com a minimização da infestação por carrapatos no rebanho.

A chegada do período das chuvas proporciona um aumento na umidade do ar e de temperatura, ambiente propício para a multiplicação do carrapato-do-boi (Rhipicephalus microplus), principalmente nas condições do Brasil Central. Além disso, estima-se que os prejuízos causados pelo ectoparasita cheguem a 3,24 bilhões de dólares ao ano no País, com impactos negativos na produção de carne, leite e couro. Diante desse cenário, os pesquisadores da Embrapa (Campo Grande-MS), baseados em recomendações e dados de pesquisas já disponíveis, apresentam uma nova proposta de controle de carrapatos, associada ao manejo da pastagem para bovinos de corte, na fase de recria, com ênfase em animais cruzados.

“A proposta foi construída para orientar produtores na implantação de um sistema produtivo que alia intensificação da produção à base de pasto com a minimização da infestação por carrapatos no rebanho”, explica Renato Andreotti, pesquisador da Embrapa e um dos idealizadores do projeto. Ele complementa que esse manejo intensivo da pastagem, em teste, será avaliado e validado em curto prazo, a partir de março de 2017, em um projeto com aporte da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A metodologia consiste em dividir em quatro quadrantes, uma área fixa de 100 hectares, formada por braquiária brizantha, em plena produção, em região de Cerrado no Mato Grosso do Sul. A pastagem terá adubação de manutenção, durante as chuvas e logo após cada pastejo. Os 100 animais cruzados (Nelore x Angus), em recria, colocados na área, ficarão em rotação, por período fixo de 30 dias em cada piquete. “A finalidade de estabelecer um prazo de 90 dias para o retorno ao primeiro piquete, atende ao mínimo de 82,6 dias como período estimado para uma “limpeza da pastagem”, em relação à população de larvas infestantes, permitindo que a prática seja utilizada como medida complementar para o controle do carrapato”, completa Andreotti, que estuda há mais de 20 anos os ectoparasitas na Embrapa Gado de Corte.

O excedente de forragem, segue o médico-veterinário, será armazenado em forma de feno para uso na estação seca, como volumoso. Ao final do ciclo de um ano, 365 dias, a equipe composta por Andreotti, Fernando Alvarenga Reis (Embrapa Caprinos e Ovinos), Jacqueline Cavalcante Barros, Vinícius da Silva Rodrigues e Marcos Valério Garcia espera que o ganho esperado seja além da produção de animais com peso ideal no final da recria. Os especialistas acreditam em ganhos com a redução nos custos do controle químico do carrapato, a partir da eliminação da perda decorrente da infestação, com a adoção do manejo intensivo e recria bovina.

Andreotti lembra que não há restrições quanto ao modelo ser aplicado em sistema de produção de leite, com base ecológica ou com animais sensíveis, inclusive, em situações em que aja necessidade de reduzir o uso de produtos químicos. Após esse período de um ano, os técnicos compilarão os resultados em uma nova recomendação técnica disponibilizada na Série Documentos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com acesso livre a produtores e técnicos.

Autoria: Dalízia Aguiar | Embrapa Gado de Corte

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