
País asiático está sacrificando animais e terá que importar mais carne de porco. Produtores brasileiros têm protocolos rígidos e esperam aumentar vendas.
A China vai ter que importar mais carne de porco por causa da peste suína africana e, no Brasil, as granjas contam com controles sanitários para garantir a saúde dos rebanhos e aumentar as vendas para o país.
Em Santa Catarina, por exemplo, boa parte da carne suína que sai dos portos tem a China como destino. Só no mês de março, 40% do total embarcado no estado foi para o mercado chinês, que comprou 12 mil toneladas.
“Cada vez mais a China vai ser o mercado para se olhar e exportar carne suína, porque a gente vê que 48% da produção mundial está na China e eles estão passando por uma dificuldade sanitária, abatendo rebanhos inteiros. É uma oportunidade para o Brasil exportar para aquele país e cada vez mais melhorar essa questão comercial”, diz Lozivanio Lorenzi, presidente da Associação Catarinense dos criadores suínos.
O estado espera poder ocupar mais espaço nas exportações e, para isso, não descuida do controle sanitário dos rebanhos.
“Dentro da cadeia de produção nós temos inúmeras barreiras pelas quais controlamos e monitoramos toda a sanidade de nossos plantéis. Barreiras tão efetivas que são o que há de melhor no mundo em segurança na produção. São barreiras que controlam toda a entrada de materiais, todos os materiais, antes de entrar na granja, passam por desinfecção. E também tem o controle de pessoas”, diz José Antônio Ribas Júnior, diretor da Seara.
A ‘blindagem’ na prática
Para conhecer mais sobre essa “blindagem sanitária” de toda a cadeia, o Globo Rural visitou uma granja integrada à agroindústria, em Seara, no Oeste catarinense.
Antes de entrar na ganja, a reportagem passou por todo o protocolo de biosseguridade. Óculos, relógio e crachá tiveram que ser deixados em um armário. Foi preciso ainda passar pela área de banho e troca de roupas, procedimento faz parte da barreira sanitária, que funciona como divisão de áreas: a suja e a limpa.
O equipamento usado para gravar gravação também foi desinfetado antes de iniciar a visita.
A granja é fechada, com um sistema de pressão negativa, que usa exaustores e placas de resfriamento para controle de temperatura. O contato com os animais fica restrito aos funcionários e técnicos, e eles também seguem todo o protocolo de segurança. Esse procedimento cria uma barreira evitando a entrada de doenças.
“A gente tem que seguir à risca porque está na nossa mão. Se deixar um pouco flexível, já começa a gerar problemas. Então a gente tenta proteger 100%”, diz o criador Rodrigo Bisollo.
A granja de Rodrigo tem 1,2 mil matrizes e uma produção mensal de quase 3 mil leitões. Ele investiu em torno de R$ 5 milhões na produção e está otimista com os resultados.
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“A gente precisa de todo um contexto para conseguir criar esses animais com qualidade. Mas, com certeza, um mercado novo é uma porta para conseguir ganhar um valor a mais.”
Oportunidade local
Com as grandes agroindústrias voltadas ao mercado internacional, os produtores independentes têm mais espaço para explorar o mercado interno.
É o caso do suinocultor Bazilio Knakiewicz, que tem uma pequena propriedade em Nova Erechim. Ele entrega cerca de 200 animais por mês para frigoríficos da região e conta que, nos dois últimos anos, os preços estavam baixos, mas agora já sente uma mudança no mercado.
“O faturamento bruto de um suíno terminado hoje fica em torno de R$ 100 a mais do que estava há seis meses. Com esse diferencial dá para a gente respirar.”
Vale lembrar que existem dois tipos de peste suína: a africana e a clássica. No Brasil, existem focos da peste clássica em criações caseiras de alguns estados do Nordeste. A que está preocupando tanto na China é a peste suína africana, muito mais contagiosa e, hoje, não existem focos no Brasil.
Fonte: G1