PF investiga fraudes no INSS em operação que envolve entidades do setor agropecuário

Operação conjunta da Polícia Federal e da CGU apura irregularidades em sindicatos e confederações; Contag e Conafer estão entre os investigados

Uma ampla investigação foi lançada no dia 23 de abril pela Polícia Federal em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU) para apurar suspeitas de desvios que podem ter causado um rombo de aproximadamente R$ 6,3 bilhões nos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A iniciativa foi batizada de Operação Sem Desconto e tem como alvo 11 instituições, incluindo sindicatos e confederações, algumas delas com fortes ligações ao setor agropecuário.

Entre os principais alvos da operação estão a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares Rurais (Conafer) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag). Ambas responderam publicamente às acusações. A Conafer afirmou, em nota, estar surpresa com a citação no inquérito e declarou estar aberta à colaboração com as investigações. A Contag, por sua vez, reforçou sua conduta ética e sua atuação dentro dos princípios legais.

As denúncias apontam para um esquema sofisticado de fraudes envolvendo a inclusão indevida de centenas de pessoas por hora nos registros do INSS, uso de assinaturas falsificadas, e o pagamento indevido de benefícios, inclusive para pessoas com deficiência e cidadãos analfabetos. Há também suspeitas de que recursos desviados foram usados para aquisição de imóveis de alto padrão. Entre os bens identificados, destacam-se 16 salas comerciais avaliadas em R$ 5 milhões, localizadas em São Bernardo do Campo (SP), supostamente ligadas à Contag. As informações foram reveladas pelo jornalista Ricardo Araújo, durante o programa Mercado & Companhia do Canal Rural.

A repercussão no meio político foi imediata. Parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) cobraram providências rápidas e rigorosas. A senadora Tereza Cristina (PP-MS) classificou a denúncia como “um escândalo vergonhoso”, exigindo punições severas para quem estiver por trás do desvio de recursos destinados aos mais necessitados. O deputado Alceu Moreira (MDB-RS) também se manifestou, associando o caso a um padrão recorrente de corrupção observado em gestões anteriores ligadas ao PT.

Em meio ao escândalo, o novo presidente do INSS garantiu que a restituição dos valores devidos a aposentados e pensionistas prejudicados terá início nos próximos dias.

As investigações ainda estão em andamento e não há previsão para sua conclusão. Novos desdobramentos são esperados à medida que as autoridades aprofundam a apuração dos fatos.

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