Plano Safra 2025/26 será anunciado 30 de junho, mas valor recorde de R$ 600 bilhões ainda é incerto

Setor pressiona por mais de R$ 600 bilhões, mas restrições fiscais e bloqueios no seguro rural preocupam produtores quanto ao futuro do Plano Safra 2025/26

O anúncio oficial do Plano Safra 2025/26, principal instrumento de financiamento do agronegócio brasileiro, será dividido em duas datas: 30 de junho para a agricultura familiar e 1º de julho para a agricultura empresarial, conforme anteciparam fontes do governo federal. A nova temporada agrícola terá vigência de 1º de julho de 2025 a 30 de junho de 2026, e sua divulgação ocorrerá no Palácio do Planalto, com alta expectativa por parte do setor produtivo — ainda que pairam incertezas sobre a possibilidade de um volume recorde de recursos.

Expectativas do setor: R$ 600 bilhões ou mais

Segundo entidades representativas como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), há grande pressão para que o montante de crédito ultrapasse os R$ 600 bilhões, superando os R$ 584,5 bilhões disponibilizados no ciclo atual (2024/25).

Essa cifra, caso confirmada, consolidaria um novo recorde para o Plano Safra, cuja função é garantir linhas de crédito com ou sem subsídios a pequenos, médios e grandes produtores.

Fontes do Ministério da Fazenda e do Banco Central indicam que apenas os recursos direcionados, que os bancos são obrigados a aplicar, já somam pelo menos R$ 455,2 bilhões. Com a adição de fundos constitucionais (FCO, FNO, FNE), Funcafé, recursos do BNDES, poupança rural, depósitos à vista e principalmente das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), o volume pode sim atingir ou até ultrapassar a marca de R$ 600 bilhões.

Entraves no Plano Safra 2025/26: cenário fiscal e bloqueios preocupam

Apesar do otimismo nas projeções, o governo ainda não confirma o recorde. Restrições orçamentárias, aliadas à meta de resultado primário para 2025, colocam em dúvida a capacidade do Tesouro Nacional de equalizar as taxas de juros em todas as frentes, especialmente nas linhas voltadas a produtores de menor porte.

Além disso, um bloqueio de R$ 445 milhões no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), anunciado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), acendeu o alerta no setor. A justificativa é o contingenciamento para ajuste fiscal, e o governo classificou a situação como “temporária”, prometendo trabalhar para liberar os recursos antes do pico de contratações da safra de verão.

Em resposta parcial, o Mapa informou a liberação de R$ 280 milhões para culturas de inverno, R$ 36 milhões para frutas, R$ 7,5 milhões para pecuária, R$ 1,5 milhão para florestas e R$ 35,5 milhões para demais atividades, totalizando cerca de R$ 360 milhões em recursos disponíveis a curto prazo.

Foto Divulgação

Estrutura do crédito: LCAs dominam cenário

Na composição do Plano Safra 2025/26, o protagonismo está com as LCAs — títulos emitidos por instituições financeiras que captam recursos para o financiamento rural. A expectativa é que R$ 200 bilhões sejam utilizados na compra de Cédulas de Produto Rural (CPRs), além de R$ 128,7 bilhões aplicados diretamente em linhas de crédito com juros livres.

Outras fontes incluem:

  • Poupança rural: R$ 76,4 bilhões com aumento da exigibilidade para 70%
  • Depósitos à vista: R$ 43,7 bilhões com elevação da exigibilidade para 31,5%
  • Fundos constitucionais: R$ 36,3 bilhões em 2024/25, podendo ser ampliados
  • Funcafé: orçamento de R$ 7,1 bilhões para 2025/26

O governo também incluiu mudanças na regra para cooperativas de crédito, que passam a aplicar 6% dos depósitos à vista em crédito rural a partir de julho, somando mais R$ 6,4 bilhões ao montante disponível.

Juros e taxas: decisões finais nas mãos do Tesouro

Até o momento, não foram divulgadas as taxas de juros que serão praticadas em cada modalidade de financiamento. O Banco Central manteve a Selic em 15% ao ano, o que pressiona o governo a definir mecanismos de subsídio eficazes — especialmente para atender os produtores familiares e médios com taxas compatíveis à sua realidade econômica.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, declarou que o novo Plano será “robusto”, enquanto o secretário de Política Agrícola, Guilherme Campos, reforçou que os números precisarão ser “realistas”, refletindo tanto a ambição do setor quanto os limites fiscais do governo.

O Plano Safra 2025/26 promete ser o maior da história, mas o sucesso dependerá do equilíbrio entre expectativa de investimento recorde e a capacidade orçamentária do governo em manter os subsídios, especialmente em um cenário de contingenciamentos e alta de juros. O anúncio nos dias 30 de junho e 1º de julho será decisivo para definir o fôlego do agronegócio brasileiro na próxima safra.

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