O consumo total de proteína bovina na Rússia reduziu 30% nos últimos dez anos, e, no mesmo período as importações recuaram 68%.
Na semana passada, os governos brasileiro e russo anunciaram que abririam uma cota para que até 200 mil toneladas de carne bovina brasileira sejam importadas pelos russos com a tarifa de importação zerada. De fato, essa é uma ótima notícia para a pecuária brasileira, afinal a nossa proteína bovina ficaria mais competitiva no mercado russo, o que poderia incrementar nossas exportações para o país.
No entanto, a possibilidade de que o Brasil preencha a totalidade dessa cota é bem pequena e por isso ressalto que o otimismo com essa notícia não deve ser exagerado. E a culpa para que essa cota não seja preenchida é muito mais dos russos do que dos brasileiros. Vou me explicar.
De maneira simples, o russo está comendo menos carne bovina. Entrando mais a fundo, vemos que o consumo total de proteína bovina na Rússia reduziu 30% nos últimos dez anos, e, no mesmo período as importações recuaram 68%. E, assim como no Brasil, o problema não está no preço da carne bovina, mas sim no poder de compra da população russa. O PIB per capita da Rússia reduziu 34% desde 2012 até os dias atuais, com isso, a população migra para proteínas animais mais baratas.
- Qual será o preço da arroba do boi gordo em 2026? Valor pode chegar a R$ 400/@?
- Por que todo ano temos de discutir o Plano Safra, questiona Tarcísio
- Marco Temporal: entenda o que está em jogo na disputa entre STF e Congresso
- Produtores enfrentam endividamento e precisam redobrar atenção às regras do crédito rural em 2026
- Projeto social estimula autonomia financeira de mulheres no Rio

Com isso, a conclusão a que chego é que sim, essa é uma boa notícia para a pecuária brasileira, mas dificilmente o Brasil conseguirá atingir essa cota de 200 mil toneladas de carne bovina exportada para a Rússia, teríamos que aumentar em 13 vezes o que enviamos em 2021. Ou seja, o impacto dessa notícia sobre o preço do boi gordo brasileiro é pequeno, e, na verdade a minha preocupação maior é sobre as decisões que o USDA irá tomar sobre as importações de proteína bovina brasileira, mas isso é assunto para outro texto. Até a próxima!
Fonte: Agrifatto