Por que o Brasil se tornou potência na produção de soja

O Brasil é um dos maiores players do agronegócio e está fazendo investimentos para manter sua posição como o maior produtor de soja do mundo.

A soja é uma das culturas mais produzidas no mundo, e o Brasil lidera o pacote como produtor número um.

Em 2009, o Brasil foi responsável por mais da metade de toda a produção global de soja. O país está no topo desde a década de 1990.

A grande maioria dessa safra (cerca de 85%) é exportada porque o Brasil consome muito menos soja do que produz, especialmente considerando sua grande população.

Mas por que nosso país atingiu tão alto em tão pouco tempo? Como o Brasil se tornou líder mundial na produção de soja?

Capital mundial da soja: clima brasileiro é perfeito para a produção dos grãos

A primeira razão pela qual o Brasil se tornou líder na produção de soja é simples — o clima é perfeito.

Altas temperaturas e chuvas abundantes fazem com que a soja prospere no Brasil, enquanto outros países que competem sofram condições de crescimento menos favoráveis.

Além disso, a soja se adapta melhor a uma temperatura média entre 20 e 30 graus Celsius, o que pode ser difícil em climas mais frios.

Enquanto isso, ela cresce melhor quando recebe cerca de 450mm de chuva por safra.

O Brasil é abençoado com condições climáticas favoráveis para a maioria das culturas, incluindo a soja.

Seu clima equatorial quente e úmido faz dele uma das regiões agrícolas mais produtivas do mundo.

Aliás, mesmo quando as mudanças climáticas causam secas desastrosas em outras partes da América do Sul, a chuva permanece abundante no Brasil.

Graças a essas condições ideais de cultivo, os agricultores são capazes de produzir colheitas com alto rendimento em quase todos os campos. Esse nível de sucesso consistente permite que eles vendam suas culturas a um preço razoável e mantenham os custos de produção baixos.

Com o Brasil sendo o maior produtor de soja do mundo e suas condições climáticas favoráveis, a soja cresce de forma rápida e eficiente durante todo o ano!

Além disso, o país tem conseguido desenvolver sistemas de produção inovadores que possibilitam a produção de culturas de alto rendimento em suas regiões agrícolas.

Condições ideais de solo, chuvas abundantes e proximidade com grandes rodovias e portos

A maior parte da produção de soja no Brasil vem da região Centro-Sul (que engloba regiões como sudeste, sul e centro-oeste).

Por lá, as condições do solo são especialmente adequadas para o cultivo dos grãos e respondem por um terço de toda a produção brasileira de soja, tornando-se um lugar ideal para os agricultores se instalarem.

Esta região também tem chuvas abundantes durante todo o ano, bem como a proximidade com grandes rodovias e portos que permitem fácil transporte para toda a América Latina e exterior.

À medida que a demanda por soja continua a aumentar em todo o mundo, o Brasil está se posicionado para capturar uma parte saudável desses lucros por ter uma produção de alta qualidade disponível a um custo relativamente baixo.

De fato, várias empresas têm criado operações em estados como Mato Grosso, Tocantins, Santa Catarina e São Paulo, por causa de sua localização conveniente e clima estável.

Juntos, estes fatores fizeram do Brasil o maior produtor mundial de soja. Isso, em parte, também se deve a algumas das práticas agrícolas mais sustentáveis da América Latina.

Liderando o caminho por meio de práticas agrícolas sustentáveis

Além de possuir condições de cultivo primordial para a soja, muitos especialistas acreditam que outra razão pela qual o Brasil tem visto esse crescimento em sua indústria é porque controla quase metade da floresta amazônica.

Embora haja preocupações sobre como a exploração madeireira afetará essas florestas (especialmente por serem lar de muitas comunidades indígenas), neste momento o Brasil vê ganho econômico através da conversão da floresta em terras agrícolas.

Aqui está uma explicação básica para algo que tantas pessoas parecem esquecer, além de não entender como a produção de soja realmente funciona em nosso país.

Basicamente, existem duas Amazônias no Brasil: uma é delimitada pelo bioma Amazônia (49,4% do território brasileiro), e a outra – Amazônia Legal, com 5,2 milhões de km² e 20% maior que o bioma Amazônia.

Esta última inclui grandes áreas do Cerrado, incluindo as existentes nas cidades de Rondonópolis e Sinop (estado de Mato Grosso) no município de Balsas (no Maranhão) e Palmas (no Tocantins).

Como isso impacta o agronegócio brasileiro em escala global?

Nosso maior produtor de soja do mundo salva árvores usando técnicas agrícolas que nada têm a ver com a destruição de árvores na Amazônia. Essas técnicas agrícolas preservam florestas e realmente aumentam os níveis de produção sem sacrificar a sustentabilidade.

A maior parte da exploração na Amazônia brasileira ocorre fora do bioma Amazônia, que tem 86,2% de sua área preservada e 2,1% de terras alagadas.

É também importante lembrar que a tecnologia utilizada em nossa agricultura é eficiente e possibilita preservar florestas e aumentar os níveis de produção e sustentabilidade.

Consequentemente, conseguimos entrar no mercado de capitais por meio de mecanismos financeiros como títulos verdes (green bonds), que envolvem projetos de preservação e de sustentabilidade.

Essa técnica agrícola não tem nada a ver com a destruição de florestas na Amazônia. Aqueles que fazem isso são criminosos ambientais, e não deveriam nem estar associados ao agronegócio.

Além disso, mesmo com o plantio das culturas, todas as propriedades rurais devem preservar árvores e florestas. O percentual de preservação exigido pela lei brasileira é de 80%. Seria como ter um prédio de dez andares, mas só ter acesso a dois deles!

Vale ressaltar também: há algumas partes de Mato Grosso (maior produtor de soja do Brasil) que estão dentro do bioma Amazônico, mas a maioria de suas plantações de soja estão localizadas fora dessa região.

Os demais estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia e São Paulo seguem o exemplo.

Tecnologia tem impactado positivamente os agricultores no país

Na América Latina, o país se destaca como um dos maiores consumidores de tecnologia do continente.

A tecnologia usada em máquinas de colheita e plantio permite que os agricultores sejam mais produtivos, permitindo que eles produzam mais culturas com menos terra e usando menos recursos do que seus concorrentes de outros países que têm padrões mais baixos quando se trata de condições de trabalho para os agricultores.

No Brasil, porém, as coisas são diferentes. Um relatório recente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) constatou que esses avanços tecnológicos foram responsáveis por 59% do crescimento da produção agrícola bruta. Com uma previsão ainda maior nos próximos.

Estudo realizado em 2017 pela Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão (CBAP), vinculada ao Ministério da Agricultura, constatou que 67% das fazendas do país já utilizam algum tipo de tecnologia relacionada à gestão empresarial e à produtividade.

Para a CBAP, a agricultura de precisão é essencial para os agricultores. Isso permite que eles plantem corretamente e apliquem a quantidade apropriada de insumos.

Não se trata apenas de agricultura, mas também de investir em novas tecnologias

Prevê-se que nos próximos anos haverá mais de cem milhões de dispositivos conectados envolvidos com a agricultura digital.

Esse novo cenário na área aumentará a demanda de jovens profissionais, incluindo engenheiros eletrônicos, desenvolvedores de softwares, pesquisadores de manipulação genética, especialistas em sustentabilidade e meio ambiente, engenheiros de sistemas para máquinas agrícolas, controllers financeiros, assim como muitos outros.

Esses especialistas são responsáveis por pesquisas e desenvolvimento inovadores em diversas áreas. Como genética, nanotecnologia, biotecnologia, engenharia robótica, serviços de tecnologia da informação e inteligência artificial. Os quais ajudam a produzir alimentos suficientes para alimentar uma população em constante crescimento.

Vale dizer, é claro, que o uso da tecnologia não se limita apenas à agricultura, mas também entra no processamento de alimentos.

Para que isso seja feito, os grãos colhidos devem primeiro passar por instalações de limpeza onde materiais estranhos como pedras ou folhas são removidos antes de entrar em silos de armazenamento.

A expectativa é que a demanda do setor por novas técnicas e profissionais especializados cresça exponencialmente à medida que as populações globais precisem de mais produtos.

Por sua vez, o país, maior produtor de soja do mundo, já investiu milhões em sementes modificadas e tecnologia para o aumento de suas exportações.

O Brasil pode ser conhecido pela soja, mas enfrentou concorrência acirrada de outros países da região

No Brasil, berço da culinária mais popular do mundo, a soja é o rei. Hoje, o Brasil é o maior produtor de soja do mundo. Tornando-se um dos poucos países que podem rivalizar com os Estados Unidos e a Argentina (3º maior produtor de soja) em termos de qualidade.

No entanto, embora possa parecer que o país acabou de se encontrar no topo da noite para o dia, não foi sem uma concorrência feroz.

De fato, ao longo de sua história com exportações e acordos comerciais, o Brasil enfrentou forte concorrência de seus vizinhos sul-americanos; países como Argentina e Paraguai também disputavam um lugar na mesa quando se tratava de soja.

A principal razão pela qual esses dois países acabaram por ficar aquém foi devido à sua incapacidade de oferecer culturas comparáveis ou melhores do que as que puderam.

Por exemplo, ainda hoje a principal exportação da Argentina ainda é de produtos de origem animal, como carne bovina e couro, enquanto a soja continua sendo a principal cultura do Brasil – apesar do próprio crescimento em outras áreas.

Isso porque o Brasil tem sido consistentemente capaz de produzir soja de maior qualidade ano após ano. Essa consistência por si só permite manter sua posição como líder mundial em exportações agrícolas.

E, enquanto continuar produzindo safras de alta qualidade, mantendo sua reputação no mercado, espera-se que o Brasil mantenha-se no topo desses rankings por algum tempo.

Considerações finais

Uma das razões para o Brasil ser o maior produtor de soja do mundo é porque agricultores aperfeiçoaram técnicas de plantio que aumentaram a produtividade.

Outros fatores que contribuíram incluem o investimento do governo em pesquisa e infraestrutura, bem como grandes áreas de terras disponíveis.

Mas, mesmo assim, a soja não é nativa da América do Sul, ela vem da Ásia. E levou tempo para que a economia e a infraestrutura do Brasil se desenvolvessem o suficiente para que ele assumisse sua posição atual em 1º lugar no mercado mundial.

Embora não haja como dizer quais novas tecnologias podem surgir que possam desafiar o Brasil em um futuro próximo, por enquanto, podemos apostar que o Brasil continuará a ser um player de poder no agronegócio mundial.

Fonte: strix

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