Por que o preço do milho está derretendo no Brasil?

Analista afirma que o preço do milho no Brasil está derretendo porque houve um aumento da produção “sem planejamento”

Os preços do milho seguem em grande queda em praticamente todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, voltando a operar nos patamares nominais observados em 2020, em Campinas (SP). O Indicador ESALQ/BM&FBovespa registrou queda diária consecutiva no preço do produto durante todo o mês de abril.
Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário é resultado do aumento da disponibilidade doméstica do cereal.

Outro fator que pode ter impactado paro os resultados negativos é a flexibilidade nos preços de venda, nos prazos de pagamento e entregas por parte de produtores.

Além disso, compradores estão afastados das aquisições à espera de novas desvalorizações do cereal, fundamentados na possível colheita recorde na segunda safra deste ano – atualmente, a produção é estimada pela Conab em 95,32 milhões de toneladas, 11% a mais que em 2022.

Qual o motivo da derrocada?

O analista sênior da Consultoria TF Agroecnômica, Luiz Pacheco afirma que os preços do milho no Brasil estão derretendo porque houve um aumento da produção “sem planejamento”. “O Brasil não está sabendo vender seu milho no mercado internacional”, afirma o especialista.

“Simplesmente aumentou significativamente a sua produção em mais de 11,7 milhões de toneladas, sem um planejamento adequado de armazenagem, escoamento e comercialização. Aumentamos a produção e ficamos esperando que o mundo venha comprar. Não é assim”, aponta Pacheco.

De acordo com o analista de mercado, o Brasil “confiou demais nos chineses, que são famosos por só cumprir contratos de acordo com sua conveniência – que pode mudar repentinamente”. Segundo ele, foi isso o que aconteceu com o contrato para fornecimento de 10 milhões de toneladas (MT) celebrado entre Brasil e China em maio passado, com o país asiático deixando o Brasil de lado depois de comprar apenas 2 MT e adquirindo outras 3,5 MT nos Estados Unidos, nos meses de março e abril deste ano.

Como resultado, explica o diretor da TF, sobra milho no mercado interno, comprimindo demais os preços internos, que já recuaram 16,17% na B3, passando de R$ 88,03 para os atuais R$ 73,80/saca. E sem piso. Os compradores de Santa Catarina, como mostramos abaixo, já nem estão mais apresentando valores, porque realmente não sabem a quanto pode cair mais o preço do milho no Brasil.

Mas, quem deveria fazer este planejamento? “Todos. A começar pelos agricultores, que estão sentindo no bolso o maior prejuízo. As associações de Produtores, de Cooperativas e as Secretarias de Agricultura e o Ministério da Agricultura, que são pagos para isto. Mas, o que falta realmente é o Brasil (governo e produtores) fazer marketing do milho brasileiro no exterior, como fazem os americanos, com pressão de vendas sobre os Adidos Agrícolas. Simples assim”, conclui.

milho sendo descarregado de navio
Foto: Divulgação

Momento das exportações de milho

A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do governo federal divulgou os números da balança comercial brasileira em abril. No acumulado do mês passado, o superávit foi de US$ 8,22 bilhões, com crescimento de 5,5%.

Para o milho não moído, com exceção para o milho doce, os embarques no mês passado totalizaram US$ 146 milhões, uma queda de 33,1% na comparação com abril de 2022 (US$ 231 milhões). Assim, no mês passado, as vendas externas somaram 470,8 mil toneladas em volume.

De acordo com Allan Maia, analista da Safras & Mercado, os embarques do milho no mês de abril costumam ser mais fracos, já que as exportações ficam concentradas na soja.

Com informações de Leonardo Gottems da Agrolink

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