Por que o preço do ovo de galinha subiu este ano

A limitação de renda e o período da Quaresma exerceram influência tanto na demanda dos consumidores brasileiros quanto nos preços dos alimentos.

O ovo de galinha, juntamente com a cebola e o tomate, desempenhou um papel significativo no aumento da inflação, contribuindo com um acréscimo de 0,16% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), conforme revelado em um estudo recente conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre os itens da categoria de “alimentos em domicílio”, o ovo de galinha se destacou ao ocupar a terceira posição, registrando um aumento de 4,59%. Esse aumento ficou atrás apenas da cebola, que teve um acréscimo de 14,34%, e do tomate, com um aumento de 9,85%.

Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em entrevista à Globo Rural, explicou que o aumento no preço do ovo é uma ocorrência comum durante o primeiro trimestre do ano, e isso se deve a dois motivos principais.

preço ovo
Foto: Wenderson Araujo/Trilux

Restrição de renda

Em primeiro lugar, há uma restrição de renda neste período. Com os gastos elevados no Natal, impostos como o IPVA e o IPTU, além das despesas com férias e material escolar, a população experimenta uma diminuição do poder de compra. Dessa forma, o ovo de galinha ganha preferência nas refeições dos brasileiros, sendo uma opção mais econômica em comparação às carnes mais consumidas, como frango, suíno e bovino.

“É perceptível um aumento nos preços dos ovos, especialmente nos meses de fevereiro, março e até abril. Isso é evidente ao se comparar com o segundo semestre”, relatou Carvalho.

Quaresma

Um segundo fator que contribui para o aumento dos preços dos alimentos é a Quaresma, um período de 40 dias que precede a Páscoa no calendário cristão.

Durante esse tempo, muitos consumidores optam por não consumir carne vermelha, especialmente a bovina, o que aumenta a demanda por ovos. Se a oferta não acompanha essa demanda crescente, os preços tendem a subir nos mercados e feiras.

“Isso é algo natural devido ao Brasil ser um país de maioria católica e à importância religiosa desse período. Por isso, em alguns casos, os preços podem ser puxados para cima durante o mês de abril, dependendo da data da Páscoa”, explica o especialista.

Além disso, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), destaca que a sazonalidade da Páscoa também é um dos fatores que contribuem para o aumento dos preços nessa época, especialmente devido à diminuição na oferta de ovos brancos.

Em média, uma redução anual de 15,3% e uma diminuição mensal de cerca de 8,4% têm marcado recentemente o panorama econômico.

Mas o que podemos antecipar para os próximos meses?

Com a Páscoa já ficando para trás e os brasileiros respirando um pouco mais aliviados após as obrigações fiscais, é provável que uma tendência de queda nos preços se estabeleça. Contudo, há novos fatores a considerar, conforme destacado por Thiago de Carvalho: os custos das proteínas, como carne de frango, suína e bovina, e as exportações de ovos de galinha.

“O ano passado nos presenteou com resultados promissores devido aos surtos de gripe aviária em outros países, o que tornou o cenário internacional mais favorável para o Brasil”, aponta o especialista do Cepea.

Carvalho ressalta ainda que, apesar de um volume de exportação inferior a 1% em comparação com outros produtos alimentícios, as exportações têm sido um impulso significativo para a valorização das cotações.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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