
Potros são animais frágeis após o nascimento, infelizmente as altas taxas de mortalidade logo na primeira semana de vida, especialmente nas primeiras 48h pós-parto, são comuns
O nascimento de um potro é um momento de grande expectativa para criadores, veterinários e tratadores, mas também é um dos períodos mais críticos da vida do animal. Nas primeiras horas e dias após o parto, o neonato é extremamente vulnerável e qualquer falha em sua adaptação ao ambiente pode resultar em complicações graves ou até morte. Estatísticas mostram que uma parcela significativa da mortalidade em potros ocorre justamente na primeira semana de vida — sendo as primeiras 48 horas as mais decisivas.
Diante disso, é fundamental reconhecer quais potros podem ser considerados de risco e compreender como classificá-los, monitorá-los e intervir de forma eficaz. Essa atenção precoce pode fazer toda a diferença entre a vida e a perda de um animal promissor.
Por que identificar um potro de risco é tão importante?
A avaliação inicial do potro tem como principal objetivo antecipar possíveis complicações clínicas. Ao classificá-lo dentro de uma escala de risco, torna-se possível planejar os cuidados pós-natais de maneira estratégica, garantindo que o animal receba a atenção adequada desde os primeiros minutos de vida.
Essa identificação não depende apenas da condição aparente do potro. Vários fatores — desde o histórico da gestação até o tipo de parto e o ambiente de nascimento — influenciam diretamente na sua viabilidade. Classificar corretamente um potro como de risco permite:
- Monitoramento mais rigoroso
- Intervenções rápidas e específicas
- Prevenção de complicações graves
- Melhor taxa de sobrevivência neonatal
Fatores que contribuem para o risco neonatal
Os potros podem apresentar risco por razões relacionadas a sua própria condição, à saúde da mãe ou às circunstâncias do parto. Entender essas origens é essencial para uma classificação eficaz.
1. Condições maternas
Problemas de saúde da égua durante a gestação podem comprometer o desenvolvimento fetal. Entre os principais fatores estão:
- Doenças infecciosas ou inflamatórias
- Episódios de febre prolongada
- Uso de medicamentos como anti-inflamatórios não esteroidais, sedativos ou anestésicos
- Desnutrição ou dieta inadequada durante a gestação
- Secreções vaginais anormais
- Lactação precoce (que compromete a qualidade e disponibilidade de colostro)
- Cólica ou estresse metabólico na fase final da gestação
2. Problemas placentários e no parto
O processo de gestação e parto também pode oferecer riscos importantes ao neonato:
- Placentite (inflamação da placenta)
- Vasculite placentária (comprometimento do fluxo sanguíneo fetal)
- Distocia (dificuldade no parto)
- Parto induzido ou prematuro
- Ruptura precoce do cordão umbilical
- Contrações uterinas prolongadas (expulsão com mais de 30 minutos de duração)
Todos esses eventos afetam diretamente o suprimento de oxigênio e nutrientes ao potro, além de poderem causar traumas físicos e metabólicos ao recém-nascido.

3. Fatores do próprio potro
- Baixo peso ao nascer
- Dificuldade em se levantar ou mamar
- Fraqueza generalizada
- Presença de anomalias congênitas
- Letargia ou comportamento anormal nas primeiras horas
- Sinais de hipóxia (falta de oxigenação) ou infecções congênitas
Classificação dos potros por nível de risco
Após considerar todos os fatores, os potros podem ser agrupados em três categorias principais. Essa divisão auxilia na definição de protocolos de cuidados e intervenções clínicas.
Potro de Baixo Risco
- Se levanta até 1 hora após o nascimento
- Mama espontaneamente nas primeiras 2 horas
- Reflexos neonatais normais
- Sem histórico de complicações gestacionais, maternas ou no parto
- Ambiente limpo, seguro e adequado
Esses potros, embora ainda vulneráveis, possuem bom prognóstico, desde que sejam mantidas as condições ideais de higiene e observação.
Potro de Médio Risco
- Apresenta um único fator de risco (materno, fetal ou ambiental)
- Pode ter mamado tardiamente, ou apresentado leve retardo em levantar
- Histórico de complicação leve na gestação ou parto
Esses potros requerem monitoramento mais atento, com controle de sinais vitais e observação contínua do comportamento nas primeiras 48h.
Potro de Alto Risco
- Possui dois ou mais fatores de risco
- Apresenta sinais clínicos anormais ao nascimento
- Pode ter sido fruto de parto difícil, prematuro, ou ter sofrido hipóxia
- Necessita de suporte intensivo e possivelmente internação em unidade neonatal
Nestes casos, o acompanhamento veterinário especializado é imprescindível, e pode incluir fornecimento de oxigênio, antibióticos, plasma, suporte nutricional ou até transfusões.
Cuidados essenciais com potros vulneráveis
Identificar um potro como de risco é apenas o primeiro passo. A seguir, vêm os cuidados práticos, que devem ser aplicados com precisão e rapidez para preservar a saúde e o desenvolvimento do animal:
Garantir o fornecimento de colostro de qualidade
O colostro é responsável pela transferência de imunidade da mãe para o potro. No entanto, cerca de 28% das éguas não produzem colostro adequado em quantidade ou qualidade. Para evitar falhas de imunidade passiva, recomenda-se:
- Avaliar a produção de colostro da égua
- Fazer teste de qualidade (Brix ou refratômetro)
- Utilizar colostro congelado de doadoras ou suplemento, se necessário
Manter ambiente controlado e higiênico
O local onde o potro nasce deve ser:
- Limpo e seco
- Bem ventilado, mas protegido de correntes de ar
- Com temperatura confortável (entre 15°C e 25°C)
Um ambiente inadequado pode favorecer infecções, hipotermia ou lesões articulares.
Realizar exame físico completo e observação comportamental
Após o parto, é essencial:
- Verificar temperatura, frequência cardíaca e respiratória
- Avaliar a coloração das mucosas, tônus muscular e reflexos
- Observar a frequência com que o potro mama, urina e defeca
- Acompanhar seu comportamento por pelo menos 48h
Sinais como apatia, sucção ineficiente, tremores ou dificuldade para manter-se em pé são indicativos de alerta.
Intervenção rápida salva vidas
Mesmo em ambientes controlados e com acompanhamento profissional, emergências podem ocorrer. A rapidez na tomada de decisões diante de sinais de complicações pode significar a diferença entre a sobrevivência e a perda do potro. Ter um plano de ação pronto e acesso a um médico-veterinário capacitado é indispensável.
Garantir a sobrevivência de potros nos primeiros dias de vida é um desafio que exige conhecimento, atenção constante e estrutura adequada. A correta identificação dos potros de risco e a adoção de cuidados intensivos logo após o nascimento aumentam significativamente as chances de que esse neonato cresça forte e saudável.
A reprodução equina de sucesso começa no detalhe — e os primeiros passos de um potro podem ser o início de uma trajetória brilhante. Mas, para isso, é preciso olhar com atenção, agir com rapidez e cuidar com dedicação.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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