
Consumo fraco, escalas curtas e resistência dos pecuaristas moldam o cenário da arroba do boi gordo em queda
O mercado físico do boi gordo segue pressionado nesta última semana de maio, refletindo um cenário de consumo interno desaquecido, tentativa de pressão por parte dos frigoríficos e estabilidade nas escalas de abate. A arroba do boi comum recuou para R$ 300,00 em São Paulo, de acordo com levantamento da Agrifatto, enquanto o “boi-China” ainda sustenta valor um pouco acima, cotado a R$ 310,00/@.
Conforme os dados de 27 de maio, a queda de preços se concentrou principalmente em São Paulo, Rio Grande do Sul e Rondônia. Nas demais regiões pecuárias monitoradas, a movimentação foi de estabilidade, segundo a Agrifatto e a Scot Consultoria.
Veja os preços médios da arroba nas principais praças:
- São Paulo: R$ 300 a R$ 304/@
- Minas Gerais: R$ 289,29/@
- Mato Grosso do Sul: R$ 301,02/@
- Mato Grosso: R$ 298,78/@
- Goiás: R$ 286,07/@
Apesar da tentativa de reduzir os preços, os frigoríficos não têm muito espaço para novas quedas, segundo o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado. As escalas de abate seguem curtas, com média de oito a nove dias úteis, e os pecuaristas demonstram maior controle da oferta, especialmente em estados como SP, MG, GO e MS, onde a disponibilidade de vacas e novilhas para abate é limitada .
Já em regiões do Norte, como Pará, Tocantins, Acre e Rondônia, a oferta elevada de fêmeas tem pressionado os preços dos machos, o que ajuda a explicar a queda nas cotações nessas localidades .
Atacado sem grandes reações e frango mais barato
No mercado atacadista, os preços da carne bovina permaneceram estáveis, mas o ambiente de negócios sugere tendência de recuo nas cotações. A reposição entre atacado e varejo segue lenta nesta segunda quinzena de maio. Os preços médios permanecem:
- Quarto traseiro: R$ 23,90/kg
- Dianteiro: R$ 19,00/kg
- Ponta de agulha: R$ 17,80/kg .
Enquanto isso, a carne de frango sofreu leve retração nos preços, influenciada pelo recente caso confirmado de gripe aviária no Rio Grande do Sul. No entanto, o impacto sobre o mercado de carne bovina ainda não é significativo, de acordo com a Agrifatto .
Diante desse cenário, embora o mercado tenha registrado recuos nesta semana, os analistas observam sinais de enfraquecimento da tendência de baixa. A retomada de preços pode depender de uma melhora na demanda interna, principalmente com a virada do mês e o recebimento dos salários. No mercado futuro, os contratos da B3 também registraram leve queda, com o vencimento de outubro recuando 0,44%, fechando a R$ 339,75/@.
O momento exige cautela por parte dos pecuaristas. A resistência às quedas tem se mostrado eficaz em regiões com menor oferta de fêmeas, mas o consumo interno segue como fator limitante. Com o varejo ainda lento e o atacado testando preços, o mercado do boi gordo segue lateralizado, à espera de fatores que possam destravar uma nova valorização.
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