Preço do leite em 2022 atingiu pico em agosto deste ano

Ao longo do primeiro semestre de 2022 os preços do leite ao produtor no Brasil registraram aumentos mais acentuados devido ao período de entressafra.

Entre 2015 e 2019, os preços reais ao produtor no mercado mundial (convertidos do Dólar para o Real e deflacionados) se mantiveram entre R$1,31 e R$ 1,64/L de leite, com média de R$ 1,40/L. Movimento similar ocorreu no Brasil, apenas com média um pouco maior, de R$ 1,58/L. A Figura 1 ilustra a evolução dos preços mensais líquidos reais (média Brasil do CEPEA), de janeiro de 2019 a setembro de 2022, corrigidos pelo IPCA de setembro. Observa-se importante valorização nos preços nacionais e internacionais ao longo dos últimos três anos. Este fato foi, em boa medida, decorrente da pandemia da Covid-19, especialmente do segundo semestre de 2020 até 2021, e dos efeitos da guerra da Rússia desde o início de 2022.

Em 2020, a média de preços no Brasil foi de R$ 2,04/L, igual à mundial, de R$ 2,03/L. De modo similar em 2021, quando a média mundial foi de R$ 2,43/L, e do Brasil R$ 2,36/L. Ao longo do primeiro semestre de 2022 os preços do leite ao produtor no Brasil registraram aumentos mais acentuados devido ao período de entressafra e por uma redução histórica na oferta de leite, que caiu 9,1% no primeiro semestre. O pico dos preços ocorreu no mês de agosto de 2022, com valor 63% maior em relação ao mês de janeiro daquele ano. Em setembro de 2022, o preço do leite brasileiro teve queda de 14%. Ainda assim, esteve 28% acima da referência mundial adotada. Duas causas principais podem ser consideradas: (1) entrada no período de safra, momento em que há um aumento da oferta de leite; e (2) um aumento atípico no volume de importações de lácteos, equivalente à 10% da produção nacional de leite.

Em termos de custo de produção, tomando-se como referência o custo da mistura 70% milho e 30% farelo de soja, os valores reais médios de 2022 para o mercado internacional e para o Brasil foram similares de R$ 1,93/kg e R$1,94/kg, respectivamente. Neste caso, ressalta-se que houve uma alta acentuada nos custos de produção após meados de 2020 e que segue incomodando o pecuarista. Com base nos nove meses de 2022, tanto no Brasil quanto no mercado internacional, os custos da mistura 70+30 foram 30% maiores em relação a 2021.

Em termos da oferta, no âmbito mundial a expectativa de crescimento zero em 2022. Para o Brasil a expectativa, de acordo com as estatísticas disponíveis do leite captado é de uma queda na produção de 6% em relação a 2021.

No mercado atacadista, os preços dos principais derivados lácteos começaram a cair no final de julho. Até o início de outubro, houve um recuo próximo de 30% para o leite UHT e para o queijo mussarela.

Para o consumidor, o impacto de queda de preços geralmente chega um pouco mais tarde. Os preços do leite UHT tiveram aumentos ao longo do primeiro semestre com pico em julho, equivalente a 75% no acumulado do ano. De julho até setembro houve um recuo de 21%. Dessa forma, ainda há espaço para novos recuos nos preços ao consumidor, já que a desaceleração no atacado e no produtor foram mais acentuadas.

A produção de leite tem movimento crescente até dezembro, quando se chega ao pico da safra. Por outro lado, espera-se também alguma retomada do consumo. Os indicadores macroeconômicos de emprego e renda estão melhores, a inflação mais controlada, os preços dos derivados lácteos mais baixos no varejo e os suportes financeiros do Governo Federal às famílias de baixa renda são alguns dos estímulos a demanda. Isso tende a colocar algum piso nas cotações, inibindo novas quedas acentuadas, até porque, conforme mencionado, o custo segue elevado.

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Fonte: Embrapa Gado de Leite

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