
Oferta limitada, com a produção de bezerros dos EUA atingindo 32,7 milhões de cabeças em 2025, impulsiona preços e eleva importações de carne bovina pelos americanos
A pecuária norte-americana enfrenta um dos momentos mais delicados de sua história recente. Segundo o mais novo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção anual de bezerros no país deve alcançar 32,7 milhões de cabeças em 2025, o menor volume da série histórica monitorada pela instituição.
Esse dado alarmante é acompanhado por uma série de revisões negativas nas estimativas de produção e abate bovino. A consultoria Agrifatto, que analisou o relatório, aponta que a produção total de carne bovina nos EUA deve cair 1,09% em relação a 2024, somando 12,16 milhões de toneladas — o menor volume desde 2017, quando foram registradas 11,94 milhões de toneladas.
O número de bovinos destinados ao abate também segue em trajetória de queda. A expectativa é que os frigoríficos norte-americanos abatam 31,25 milhões de cabeças em 2025, uma redução de 2,81% na comparação com 2024 (32,16 milhões). Esse volume também representa o menor desde 2015, o que reforça a tendência de restrição na oferta de animais prontos para o abate.
Pressão sobre os preços e inflação
Com o mercado operando com uma oferta bastante limitada, os preços do boi gordo nos Estados Unidos estão reagindo com força. Na parcial de maio de 2025, a arroba do boi nos EUA foi cotada a US$ 118,4, valor que contrasta fortemente com o praticado no Brasil, onde o boi gordo registrou US$ 54/@ na base São Paulo, de acordo com levantamento da Agrifatto.
Essa valorização interna da arroba norte-americana é apontada como um dos fatores que impulsionam o cenário inflacionário nos EUA, uma vez que o custo da proteína bovina para o consumidor final também sobe.
Recorde de importações previsto
Com os estoques internos em baixa e a produção retraída, os Estados Unidos devem intensificar sua dependência de fornecedores externos. A previsão é que as importações de carne bovina alcancem 2,2 milhões de toneladas em 2025, o maior volume já registrado pelo USDA.
Essa movimentação cria oportunidades para países exportadores, como o Brasil, que podem se beneficiar da janela de mercado aberta pela escassez nos Estados Unidos, mesmo diante de desafios como o recente bloqueio ao frango brasileiro, também reportado pela Agrifatto.
A redução da produção de bezerros e carne bovina nos EUA ocorre em um momento de atenção para o setor pecuário global. As oscilações no mercado norte-americano influenciam diretamente o comércio internacional e os preços da arroba em outras regiões. Com a provável continuidade da tendência de alta nos preços nos EUA e maior demanda por importações, exportadores com carne habilitada para o mercado norte-americano devem observar maior valorização e pressão sobre seus próprios estoques.
Enquanto isso, o produtor brasileiro segue atento às movimentações internacionais, que podem interferir diretamente nos preços internos, sobretudo em um cenário em que o dólar e as políticas comerciais desempenham papel crucial.
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