Produtores antecipam contratação de seguro para a safrinha de milho diante de clima incerto

Safrinha de milho já representa 70% da produção nacional do grão, e agricultores buscam proteger seus rendimentos em meio a riscos de estiagem, geadas e chuvas irregulares

A safrinha de milho, tradicionalmente considerada uma segunda safra no calendário agrícola brasileiro, transformou-se nos últimos anos no pilar da produção nacional do grão, sendo responsável por aproximadamente 70% da oferta total. Essa mudança estrutural elevou o grau de exposição dos produtores a riscos climáticos — especialmente em regiões como o Centro-Oeste, Sudeste e Paraná, que concentram a maior parte da produção.

Com o início da janela de plantio se aproximando, logo após a colheita da soja, produtores começam a se movimentar mais cedo para garantir segurança financeira e operacional, contratando apólices de seguro rural com antecedência. De acordo com a MAPFRE, uma das principais seguradoras do setor, o movimento de contratação antecipada já é perceptível desde o fim de novembro, impulsionado pela imprevisibilidade do clima e pela disputa por subsídios do PSR (Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural).

Clima instável e janelas de plantio apertadas para safrinha de milho

A instabilidade climática que tem marcado os últimos ciclos agrícolas — ora com El Niño, ora com La Niña ou em fase de neutralidade — tornou o cenário de risco ainda mais complexo. Como a safrinha é semeada logo após a colheita da soja, qualquer atraso no cultivo da oleaginosa impacta diretamente a janela ideal de plantio do milho, comprometendo o desenvolvimento das lavouras em momentos críticos como germinação e enchimento de grãos.

A MAPFRE, por meio de seu monitoramento climático interno, alerta para irregularidades nas chuvas durante a segunda metade do ciclo agrícola, mesmo em regiões onde os volumes iniciais foram considerados adequados. Tal risco eleva a preocupação dos produtores e reforça a tendência de planejamento com maior antecedência.

Gestão de risco como estratégia de negócio

Segundo Fábio Damasceno, diretor técnico de seguro rural da MAPFRE, o produtor rural tem adotado uma postura mais estratégica:

A contratação antecipada permite adequar a cobertura ao zoneamento climático e ao planejamento de cada propriedade, além de garantir condições mais estáveis diante da oscilação dos custos de produção.”

Além disso, a busca por seguro nas primeiras fases do ciclo ajuda o produtor a garantir acesso aos recursos do PSR, que frequentemente se esgotam já nos primeiros meses do ano. A antecipação garante maior chance de obtenção do subsídio federal, tornando a contratação mais acessível.

Apólices de seguros mais aderentes à realidade do campo

O produto multirrisco segue sendo o mais procurado entre os clientes da MAPFRE, com cobertura para seca, excesso de chuva, granizo, geada e ventos fortes. No entanto, cresce também a demanda por apólices personalizadas, que combinam diferentes níveis de proteção, adequando-se à realidade regional e ao perfil de risco de cada propriedade.

Damasceno aponta para uma mudança cultural na gestão agrícola, com o seguro sendo visto não mais como um custo adicional, mas sim como parte essencial da estratégia de mitigação de riscos e garantia de estabilidade financeira:

“O seguro rural passou a ser tratado como parte da gestão estratégica. Em um ambiente marcado por eventos climáticos mais frequentes e severos, a proteção da lavoura se tornou ferramenta essencial.”

Caminho sem volta

Com o milho safrinha consolidado como o carro-chefe da produção do cereal no Brasil, os riscos climáticos — cada vez mais comuns e severos — impõem uma nova lógica ao produtor: quem se antecipa, protege melhor o investimento e aumenta a previsibilidade de receita. Em tempos de margens apertadas e alta volatilidade, a gestão de riscos por meio de seguros deixa de ser uma opção e se torna condição de sobrevivência no negócio rural.

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