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Produtores de etanol de milho propõe cota de importação

O presidente executivo da Unem, disse que a intenção é controlar a entrada do combustível de fora e, ao mesmo tempo, dar previsibilidade à indústria nacional.

A decisão do governo de zerar a alíquota do imposto de importação de etanol até o fim de 2022 para controlar a alta da inflação traz preocupações para a indústria nacional, avaliam produtores do combustível feito a partir do milho. A medida, anunciada na segunda-feira (21/3), vale tanto para o etanol anidro, misturado à gasolina, quanto para o hidratado, quanto aquele utilizado diretamente no abastecimento do veículo. O cálculo da equipe econômica é de que o efeito sobre o preço da gasolina será de R$ 0,20 por litro na bomba do posto.

O presidente executivo da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, conta que esteve, nesta terça-feira (22/3) discutindo o assunto no Ministério da Agricultura. Ele diz que o setor apresentará ao governo uma sugestão de se criar cotas de volume do combustível a ser importado, para controlar a entrada quanto dar previsibilidade à indústria.

Mas, para Nolasco, não há impacto imediato da medida no preço nem na produção. Segundo ele, a safra de milho já gerou etanol e, a partir de abril, já tem início da safra de cana-de-açúcar (2022/2023), que manterá os preços em equilíbrio. Para ele, a decisão do governo traz insegurança jurídica aos investimentos planejados para o ano para o setor.

“A gente está no momento de grandes investimentos no setor. Toda mudança de regra brusca causa insegurança jurídica e o primeiro impacto de surpresa traz essa preocupação. Mas a médio e longo prazo não preocupa”, afirma o presidente da entidade. “A gente precisa fazer do limão uma limonada: cenário mundial de guerra, com a cadeia do petróleo em alta, o biocombustível sempre será uma opção à matriz fóssil, que são motivos que dão continuidade para a sustentação do setor.”

Essa decisão do governo também não afeta as projeções de produção para o setor, diza Nolasco. De acordo com a Unem, a produção de etanol de milho chegou a 3,43 bilhões de litros na safra 2021/2022, um crescimento de 29,43% em relação à safra anterior. A projeção para a safra 2022/2023 é de 4,2 bilhões de litros.

“Não acredito que deva cair. Vai manter a previsão de crescimento. Não vai afetar em volume, principalmente porque o histórico de entrada de etanol importado não é grande e atinge mais o Nordeste. Não nos preocupa no momento”, afirma Nolasco.

José Carlos Hausknecht, sócio-diretor da consultoria MBAgro, avalia que há uma pequena diferença entre o etanol importado e o produzido no Brasil, com efeito muito pequeno nos preços gerais. Para o Norte e Nordeste, talvez haja demanda pelo importado, mas não para o Sul e Sudeste.

“Nesse momento não vai fazer efeito por causa do início da safra de cana. E a safra também não será tão boa. Mas estamos no pico da entressafra e o preço está praticamente igual, com o inicio da safra vai cair o preço e vai tirar a competitividade do etanol importado”, explica.

Para Arnaldo Correa, diretor da Archer Consulting, o efeito da decisão do governo será nulo no momento. Correa calcula que o preço do etanol importado está R$ 400 por metro cúbico acima do preço nacional. Além disso, uma possível redução de R$ 0,20 no litro da gasolina para o consumidor é muito pouco frente à defasagem de até 10% dos preços praticados pela Petrobras em relação aos preços internacionais.

“De qualquer maneira, pegou o setor de surpresa, porque vamos começar a safra no mês que vem. E você trazer eventual pressão de produtos de fora no começo da produção no mercado interno é extremamente preocupante, esse tipo de política pode ser usada na entressafra e não no momento que a safra começa a ser colhida, moída e produzida o etano. É mais uma medida eleitoreira, para satisfazer o público do presidente”, afirma.

Para Correa, faltam planejamento ao governo e a criação de estoques reguladores de etanol para serem usados em épocas de crise ou entressafra. “Mas não no momento em que as usinas estão correndo para produzir, vender e pagar as contas de custeio. Nem eles (o governo) sabem o que isso significa. Não tem a menor ideia o que estão fazendo.”

A União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), que representa as usinas de açúcar e etanol do Centro-sul do Brasil, foi procurada, mas não se pronunciou até a conclusão desta reportagem.

Fonte: Globo Rural

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