Produtores rurais do RS enfrentam R$ 72 bilhões em dívidas, aponta Farsul

São mais de R$ 1,2 bilhão em contratos vencidos; entidade pede medidas urgentes de apoio e securitização das dívidas no campo.

Os produtores rurais gaúchos acumulam R$ 72,82 bilhões em dívidas, segundo nota técnica divulgada pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul). Desse total, R$ 1,26 bilhão corresponde a contratos já vencidos, valor considerado elevado para o período, segundo a entidade.

O levantamento, baseado em dados das instituições financeiras que operam crédito rural no estado, traça um panorama detalhado do endividamento no campo gaúcho, com informações segmentadas entre os grupos Pronaf (agricultura familiar), Pronamp (médios produtores) e demais produtores.

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Dívidas renegociadas 

O montante de dívidas renegociadas atinge R$ 22,28 bilhões, distribuídos em:

  • Pronaf: R$ 5,66 bilhões (25%);
  • Pronamp: R$ 4,61 bilhões (21%);
  • Demais produtores: R$ 12,01 bilhões (54%).

A inadimplência média nesse grupo é de 3,1%. Entre os produtores classificados como “demais”, esse índice chega a 4,5%, o maior entre os segmentos, indicando maior fragilidade financeira.

Além disso, do total renegociado, R$ 11,13 bilhões referem-se a dívidas de custeio e R$ 11,15 bilhões a investimentos.

Dívidas não renegociadas 

Já as dívidas ainda não renegociadas somam R$ 50,53 bilhões, distribuídos em:

  • Pronaf: R$ 18,71 bilhões (37%);
  • Pronamp: R$ 11,80 bilhões (23%);
  • Demais produtores: R$ 20,02 bilhões (40%).

A inadimplência média desse grupo é menor, de 1,1%, sugerindo um perfil de menor risco ou maior capacidade de pagamento. Ainda assim, há R$ 575,9 milhões em valores vencidos e não quitados, sinalizando certo nível de estresse financeiro mesmo entre contratos ativos.

Do total não renegociado, R$ 25,62 bilhões são referentes a custeio e R$ 24,91 bilhões a investimentos.

Seguro rural e securitização das dívidas

A Farsul destaca a urgência de ações para enfrentar o cenário de endividamento agravado por perdas na safra. Em nota, afirma que “ainda que, por óbvio, uma parte dos produtores que colheram terão condições de pagar integralmente suas obrigações, uma parte muito significativa não”.

A entidade reforça a necessidade de medidas de securitização, ou seja, a consolidação de diversas dívidas em uma única operação de longo prazo, especialmente para os produtores já inadimplentes ou em risco de inadimplência.

Ao Agro Estadão, o economista-chefe da Farsul, Antonio da Luz, informou que a federação deve se reunir nesta terça-feira, 6, com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para discutir a implementação da securitização das dívidas. Também estará em pauta a criação de um portal para denúncias anônimas sobre o descumprimento de medidas definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Fonte: Agro Estadão

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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