
Mobilizações continuam em diversas regiões do Estado em defesa do PL 320/2025, que propõe solução estrutural para dívidas acumuladas no campo.
Mesmo após o anúncio de novas medidas de apoio ao agro feito pelo governo federal na semana passada, os produtores rurais do Rio Grande do Sul seguem mobilizados, mantendo manifestações em diversas cidades do Estado. As ações fazem parte da iniciativa “eu apoio a securitização e securitização já”, organizado pelo Movimento SOS Agro RS, que considera as propostas oficiais insuficientes diante do cenário crítico enfrentado no campo nos últimos anos.
Plano do governo não resolve o passivo, dizem lideranças
De acordo com Graziele de Camargo, produtora rural de São Sepé e porta-voz do movimento, o plano apresentado por Brasília “ajuda, mas não resolve” o acúmulo de dívidas causado por eventos climáticos extremos desde 2021. “As perdas inviabilizam o trabalho de quem está no campo. Precisamos de uma solução definitiva para que o setor não quebre”, destacou.
A principal demanda do grupo é a aprovação do Projeto de Lei nº 320/2025, de autoria do senador Luís Carlos Heinze (PP-RS). O texto prevê a transformação das dívidas rurais em títulos com garantia do Tesouro Nacional, com condições especiais de pagamento e comercialização, medida vista como essencial para a recuperação financeira de milhares de produtores.
O PL já foi aprovado na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária e atualmente está na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, aguardando a designação de um relator.
Mobilização estadual e articulação política em curso
As manifestações organizadas pelo SOS Agro RS vêm ganhando apoio em todas as regiões do Estado. Sindicatos rurais, caminhoneiros, comunidades do interior e parlamentares de diferentes partidos têm se unido ao movimento em defesa da securitização das dívidas.
Nesta semana, os representantes do grupo — Graziele de Camargo, Fernanda Mainieri Mendes e Mário Wainer — estiveram em Porto Alegre, onde se reuniram com o vice-governador Gabriel de Souza (MDB) para reforçar a urgência da pauta.
A agenda do movimento também prevê uma ida a Brasília na próxima semana, com reuniões marcadas com deputados federais, senadores e representantes do governo federal. A expectativa é pressionar por avanços na tramitação do projeto e por possíveis melhorias nas medidas já anunciadas.
“O setor produtivo que garante alimentos ao país não pode ser esquecido. Precisamos de securitização agora, não daqui a meses”, reforça Graziele.
Contexto: crise prolongada no campo gaúcho
Os produtores do Rio Grande do Sul têm enfrentado uma sequência de perdas severas desde 2021, com secas, enchentes e outros eventos climáticos extremos que comprometeram a produtividade e ampliaram o endividamento rural.
A ausência de uma política robusta e permanente de securitização — que transforme o passivo em uma dívida com garantia e condições viáveis — ameaça a sobrevivência de milhares de produtores familiares e médios, além de enfraquecer uma das bases econômicas do Estado.
Enquanto a proposta não avança no Congresso, as manifestações seguem por tempo indeterminado. O movimento SOS Agro RS afirma que não pretende recuar até que o projeto seja aprovado e as reivindicações do setor sejam integralmente atendidas.
Autor: Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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