Proposta de ‘Vale Carne’ pode tornar-se realidade no governo de Lula

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva estuda proposta de criar o “Vale Carne” no valor de R$ 35 para quem é beneficiário do Bolsa Família; objetivo é comprar até dois quilos de carne bovina por mês

O Governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda a criação de um ‘vale carne’ de até R$ 35, para permitir que famílias pobres – beneficiárias do programa – possam comprar até 2 quilos de carne bovina por mês, as informações foram divulgadas pelo jornal O Estadão. O nome provisório do futuro ‘vale carne’ é “Programa Carne no Prato”, sugerido pelos próprios pecuaristas. De acordo com o jornal, a ideia foi apresentada por um grupo de pecuaristas de Mato Grosso do Sul (MS) ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, em uma reunião em Brasília.

Teixeira disse ter encaminhado a proposta para análise da Casa Civil e do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Os pecuaristas – entre eles Guilherme Bumlai, filho do empresário José Carlos Bumlai, amigo de Lula e condenado na Lava Jato -, acreditam que o projeto possa beneficiar até 19,5 milhões de pessoas, criando a demanda por mais 2,3 milhões de cabeças de gado ao ano. A proposta é questionada por especialistas ouvidos pelo Estadão.

Em janeiro deste ano, o Bolsa Família atingia em torno de 21 milhões de lares, segundo informações do MDS. Se cada uma dessas famílias recebesse R$ 35 adicionais para comprar carne, o programa custaria aos cofres públicos cerca de R$ 8,8 bilhões por ano. O Estadão apurou que a ideia do “Carne no Prato” foi bem recebida no Desenvolvimento Agrário, mas há dúvidas quanto a restringir as opções dos consumidores somente à carne bovina.

Para Marcelo Neri, economista, ex-presidente do IPEA e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), com pesquisa voltada para a avaliação de políticas sociais, não faz sentido limitar a proposta de incentivo ao consumo de carne vermelha, uma vez que outros tipos de proteína podem ter melhor custo-benefício.

“Se fosse um vale alimentação, a pessoa poderia selecionar entre vários alimentos. No caso desse vale picanha, você está limitando a escolha. Do ponto de vista dos consumidores, não faz muito sentido. Ele é bom para os produtores de carne, então a gente entende porque eles estão propondo. Mas, do ponto de vista dos consumidores e da gestão pública, não acho que faça muito sentido limitar a escolha. Não me parece que carne (vermelha) seja uma prioridade do ponto de vista da segurança alimentar. Carne de frango ou mesmo proteína de soja podem ser soluções mais custo-efetivas”, diz Neri. Além disso, diz ele, a criação de gado tem impactos ambientais que precisam ser levados em conta.

Na avaliação de Alcides Torres, consultor especialista em pecuária de corte na Scot Consultoria, a ideia pode ser boa, desde que existam mecanismos para garantir que os beneficiários realmente usem o dinheiro para consumir proteínas.

O nutriente é imprescindível para garantir o desenvolvimento físico e intelectual das crianças, por exemplo, e várias famílias têm dificuldade em comprar carne. Ele diz ainda que o preço pago aos produtores pelo boi gordo nos últimos anos está baixo. Esse valor, diz ele, praticamente não guarda relação com o que é cobrado nos supermercados e restaurantes.

O acesso à carne vermelha e a possibilidade de fazer um churrasco aos fins de semana foi um dos motes extraoficiais da campanha de Lula, durante a disputa eleitoral de 2022. “O povo tem que voltar a comer um churrasquinho, a comer uma picanha e tomar uma cervejinha”, disse o então presidenciável durante uma entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, em agosto de 2022.

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Foto: Andre Penner/AP

Aprovação a Lula cai a 51%, e desaprovação ao governo sobe a 34%

O trabalho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é aprovado por 51% dos brasileiros, de acordo com a pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (6). A aprovação de Lula caiu três pontos percentuais na comparação com a pesquisa anterior, realizada em dezembro de 2023. À época, 54% dos entrevistados aprovavam o trabalho do presidente, enquanto 43% reprovavam.

Foram ouvidas 2.000 pessoas, presencialmente, entre 25 e 27 de fevereiro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança da pesquisa é de 95%.

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