Quanto custa confinar um boi em cada estado? Veja o ranking nacional e o que ele significa

Dados do Benchmarking Confina Brasil 2025 revelam diferenças de mais de 35% no custo da diária entre os estados; interpretação correta dos números ajuda pecuaristas a ajustar estratégias, reduzir gastos e ampliar a eficiência no cocho.

O confinamento brasileiro vive um momento decisivo. Em um ano marcado pelo tarifaço norte-americano, recorde de exportações e oscilação nos preços da arroba, entender quanto custa confinar um boi em cada estado tornou-se uma ferramenta de sobrevivência para produtores, consultores e gestores de fazendas intensivas.

A edição mais recente do Benchmarking Confina Brasil 2025, realizada pela Scot Consultoria, analisou 184 propriedades que juntas representam 3,4 milhões de bovinos em sistemas intensivos e semi-intensivos. O estudo apresenta, com precisão inédita, o custo médio da diária por cabeça, mostrando quanto o pecuarista desembolsa diariamente para alimentar, manejar e manter um animal em confinamento.

O resultado revela um Brasil diverso: enquanto alguns estados trabalham com custos altamente competitivos, outros enfrentam desafios operacionais e logísticos que elevam os gastos diários por cabeça. Para além dos números, a pesquisa oferece um alerta e uma oportunidade — especialmente para quem busca eficiência.

Quanto custa confinar um boi em cada estado? O ranking nacional do custo da diária em 2025

Segundo os dados da pesquisa, o custo médio nacional foi de R$ 14,78 por cabeça/dia, alta de 12,6% em relação a 2024 . A análise revela extremos que ajudam a entender como a geografia, o acesso a insumos e a estrutura das propriedades influenciam diretamente na rentabilidade do confinamento.

Estados mais caros em 2025:

  • Maranhão – R$ 16,50/cab./dia
  • São Paulo – R$ 16,45/cab./dia
  • Santa Catarina – R$ 16,36/cab./dia
  • Tocantins – R$ 16,11/cab./dia
  • Goiás – R$ 15,61/cab./dia

Faixa intermediária:

  • Bahia – R$ 15,17
  • Pará – R$ 14,90
  • Mato Grosso do Sul – R$ 14,85
  • Minas Gerais – R$ 14,70
  • Rondônia – R$ 13,76

Estados com menor custo:

  • Mato Grosso – R$ 13,03/cab./dia
  • Rio Grande do Sul – R$ 12,35/cab./dia
  • Paraná – R$ 12,08/cab./dia

As diferenças chamam atenção: entre o estado mais barato e o mais caro, o intervalo ultrapassa R$ 4,40 por cabeça/dia. Em um ciclo médio de 100 dias, isso representa R$ 440 por animal, impacto capaz de determinar se um lote fecha no azul ou no vermelho.

O que explica essas diferenças?

A variação de custos não é aleatória. Ela reflete a combinação de fatores regionais e estruturais que definem a competitividade de cada estado.

A dieta continua sendo o grande vilão — ou a maior oportunidade. O relatório mostra que 60% a 70% do custo total do confinamento está ligado à alimentação, principalmente à compra de milho e subprodutos. Estados com forte produção agrícola, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, naturalmente se beneficiam dessa condição.

No outro extremo, regiões como Maranhão e Santa Catarina enfrentam desafios logísticos, menor escala produtiva e custos maiores de mão de obra e serviços, elevando o valor da diária.

Além da dieta, influenciam o custo final:

  • intensidade dos protocolos sanitários
  • escala do confinamento (quanto menor, maior o custo fixo por cabeça)
  • nível tecnológico e estrutural das instalações
  • distância dos insumos e do mercado comprador

O ranking de quanto custa confinar um boi em cada estado, portanto, não mede apenas custos: ele retrata o modelo de produção predominante em cada estado.

Como o pecuarista deve interpretar os números

Para o produtor, o ranking não deve ser encarado como um veredicto sobre seu estado, mas como uma ferramenta de diagnóstico. Comparar o custo próprio com a média regional é uma forma direta de identificar gargalos internos.

Se a sua diária está muito acima da média estadual, o problema dificilmente é geográfico. Ele está dentro da porteira — e é corrigível. Já produtor que opera abaixo da média, especialmente em estados mais caros, possui vantagem competitiva natural.

Entretanto, custo baixo não significa, automaticamente, maior lucro. Confinamentos muito enxutos podem reduzir a diária às custas de dieta inferior, mortalidade maior, GMD limitado e padronização prejudicada. Eficiência é um equilíbrio, não uma economia cega.

Onde estão as maiores oportunidades de melhoria

A começar pela dieta. Revisar formulação, reduzir desperdício, aprimorar leitura de cocho e antecipar compras gera impacto direto na margem. Muitos confinamentos ainda deixam economias significativas na mesa apenas por falta de ajuste operacional.

Outra oportunidade é a gestão da escala. Diluir custo fixo é um dos caminhos mais rápidos para reduzir a diária. Em estados com custos elevados, um caminho possível é recorrer a boitéis, cuja diária média nacional em 2025 foi de R$ 17,68, com valores mínimos de R$ 14,00 e máximos superiores a R$ 20,00, a depender da região .

A separação por categorias, a formação de lotes uniformes e a programação bem definida dos giros também são pontos que influenciam a eficiência econômica sem exigir grandes investimentos.

O impacto financeiro do ranking de quanto custa confinar um boi em cada estado na prática

Transformar a diária em impacto financeiro por lote ajuda o produtor a visualizar a dimensão do problema. Considerando a diferença entre Maranhão (R$ 16,50) e Paraná (R$ 12,08), um confinamento de 1.000 cabeças por 100 dias produziria um contraste de custos superior a R$ 440 mil entre as duas realidades. Para muitos sistemas, essa diferença corresponde à margem anual inteira.

Ao mesmo tempo, um ganho de apenas R$ 1,00 a menos por cabeça/dia representa R$ 100 mil de economia por lote de 1.000 animais em 100 dias. É um ajuste que pode ser atingido apenas com melhor planejamento de compras, ajustes nutricionais e capacitação da equipe.

Mais que números, um mapa estratégico para a pecuária intensiva

O Benchmarking Confina Brasil 2025 não entrega apenas um ranking de custos. Ele oferece uma leitura profunda da pecuária intensiva brasileira e aponta caminhos claros para quem deseja operar com eficiência em um mercado cada vez mais desafiador.

À medida que o Brasil assume protagonismo internacional na produção de carne bovina, o confinamento se torna peça estratégica na engrenagem do agronegócio. E, nesse contexto, conhecer seu custo real — e saber compará-lo ao restante do país — é o passo decisivo para transformar cada animal no cocho em resultado concreto no caixa da fazenda.

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