
Produto artesanal típico do Sudoeste do estado é oficialmente reconhecido pelo INPI e passa a integrar a lista de 146 IGs do Brasil; selo agrega valor, preserva cultura e impulsiona economia regional
O tradicional queijo colonial do Sudoeste do Paraná acaba de conquistar reconhecimento nacional com a concessão da Indicação Geográfica (IG), na categoria Indicação de Procedência (IP), pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A oficialização foi publicada na Revista da Propriedade Industrial nº 2841, de 17 de junho de 2025, e representa um marco histórico para os produtores da região e para a valorização da cultura alimentar do Sul do país.
A certificação contempla a produção de 42 municípios do Sudoeste paranaense, que abrigam a maior bacia leiteira do estado, com cerca de 20 mil produtores e uma produção estimada em 1 bilhão de litros de leite por ano. Com isso, o Paraná passa a ter 19 produtos reconhecidos com IG, reforçando sua posição como o segundo estado brasileiro com mais certificações, atrás apenas de Minas Gerais.
Um produto com identidade própria
O queijo colonial é um dos mais emblemáticos alimentos da região Sul, sendo produzido com leite cru e submetido a processos de maturação artesanal. Pode ter massa crua, semicozida ou cozida, e seu processo de elaboração envolve o uso de coalho ou enzimas coagulantes apropriadas. A produção mantém práticas tradicionais herdadas de gerações de imigrantes europeus, especialmente italianos e alemães, que chegaram à região a partir da década de 1940.
“A IG valoriza histórias como a da minha família, que atravessam gerações. Hoje entregamos queijos coloniais, temperados e maturados para toda a região. Essa chancela representa a força da nossa trajetória”, destaca Angela Bach, produtora de Santa Izabel do Oeste.
Além do valor cultural, o queijo colonial tornou-se símbolo de renda e permanência no campo para centenas de famílias. Segundo dados do IBGE, cerca de 25% dos produtores de queijo do Paraná estão concentrados no Sudoeste, demonstrando a relevância econômica do segmento para a agricultura familiar local.
A importância do selo para os produtores de queijo colonial do Paraná
A conquista da IG é resultado de um esforço coletivo entre instituições públicas, cooperativas, universidades e os próprios produtores. Estiveram envolvidos o IDR-Paraná, SEAB, Sebrae-PR, UTFPR, prefeituras locais e associações como a Aprosud (Associação dos Produtores de Queijo Artesanal do Sudoeste do Paraná).

Karolline Marques, coordenadora de agroindústria do IDR-Paraná, explica que a conquista é fruto de um trabalho contínuo de assistência técnica. “Das mais de 300 queijarias acompanhadas no estado, 40 estão no Sudoeste. O trabalho vai desde a alimentação dos animais até a finalização do queijo. O resultado é um produto com identidade própria e qualidade garantida”, afirmou.
Para o presidente da Aprosud, Claudemir Roos, o reconhecimento “traz mais visibilidade, valoriza a produção e gera renda para as famílias que vivem do queijo. É também um estímulo para outros agricultores investirem na atividade”.
Cultura, tradição e responsabilidade
A certificação de IG não apenas assegura a origem do produto, mas impõe um compromisso com boas práticas de produção, segurança alimentar e preservação da cultura local. A produtora Cristina Bombonato, de Pinhal de São Bento, reforça que o selo “implica em seguir boas práticas e manter a tradição. É o resgate da identidade italiana trazida pelos imigrantes e preservada até hoje”.
Além disso, o queijo colonial do Sudoeste já havia sido reconhecido como Patrimônio de Natureza Cultural Imaterial do Estado, por meio da Lei Estadual nº 21.966, de 2024. Também integra a Rota do Queijo Paranaense, iniciativa que fortalece o turismo rural e a conexão entre produtores e consumidores.
Expansão do reconhecimento do Paraná
Com a recente inclusão do queijo colonial, o Paraná alcança 19 produtos com selo de IG, consolidando-se como um dos estados líderes em certificações de origem no país. Outros produtos reconhecidos incluem:
- Café do Norte Pioneiro
- Barreado do litoral
- Mel de Ortigueira
- Erva-mate de São Mateus do Sul
- Carne de onça de Curitiba
Essa política de valorização dos produtos regionais não apenas protege a identidade local, mas estimula cadeias produtivas sustentáveis, fortalece a agroindústria artesanal e abre portas para a comercialização nacional e internacional.
O queijo colonial do Sudoeste do Paraná, agora oficialmente protegido por uma IG, representa muito mais que um alimento: é símbolo de história, resistência, saber-fazer e orgulho de uma região que alia tradição, qualidade e inovação.
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