
Sua riqueza nutricional, com alta concentração de proteínas e aminoácidos essenciais, transformou esse pseudocereal em uma das culturas mais desejadas por produtores que buscam diversificar suas lavouras com uma opção de alto valor agregado
Considerada o “grão de ouro dos Andes”, a quinoa tem despertado a atenção de agricultores em diferentes regiões do Brasil. Sua riqueza nutricional, com alta concentração de proteínas e aminoácidos essenciais, transformou esse pseudocereal em uma das culturas mais desejadas por produtores que buscam diversificar suas lavouras com uma opção de alto valor agregado.
Segundo projeções da consultoria Mordor Intelligence, o mercado global de sementes de quinoa deve movimentar US$ 1,42 bilhão em 2025 e alcançar US$ 2,30 bilhões até 2030, com crescimento anual médio superior a 10%.
Por que a quinoa é uma oportunidade estratégica para o produtor rural?
O cultivo da quinoa oferece vantagens que vão muito além do valor de mercado. Trata-se de uma cultura adaptável a diferentes condições climáticas e de solo, incluindo regiões de baixa fertilidade e clima seco, como o Cerrado e partes do Nordeste. Sua resistência a estresses hídricos reduz os riscos de perdas, fator crucial em tempos de instabilidade climática.
Outro atrativo está na possibilidade de cultivo consorciado com outras culturas, o que amplia a produtividade por hectare e melhora o aproveitamento da área cultivável. Para quem aposta em práticas sustentáveis, a quinoa se apresenta como excelente alternativa para agricultura orgânica, abrindo portas para mercados de nicho com maior valor comercial.

O que é preciso saber antes de iniciar o plantio do grão de ouro dos Andes?
Escolha da variedade ideal e adequação ao clima local
A primeira decisão estratégica é a escolha da variedade mais indicada para a região. Aspectos como o ciclo da planta, resistência a pragas e tolerância às condições climáticas locais devem ser considerados.
No Brasil, a Embrapa desenvolveu a cultivar BRS Piabiru, especialmente adaptada ao Cerrado, com bom desempenho em cultivo granífero. Além dela, novas variedades de “quinoa tropical” estão sendo testadas e já apresentam resultados expressivos em diferentes altitudes e temperaturas.
Preparação do solo: base para o sucesso
Um solo bem preparado faz toda a diferença no desenvolvimento da quinoa. A cultura exige terrenos com boa drenagem e equilíbrio de nutrientes. Antes do plantio, é recomendável realizar análise de solo para identificar a necessidade de correções, como calagem ou adubação.
A incorporação de matéria orgânica ajuda a melhorar a estrutura e a capacidade de retenção de água, oferecendo condições mais favoráveis ao crescimento das plantas.
Técnicas de semeadura: atenção aos detalhes
Por conta do tamanho reduzido das sementes, a semeadura da quinoa exige cuidado especial. O plantio deve ser feito a uma profundidade de 1 a 2 centímetros, com espaçamento entre as linhas de 40 a 50 centímetros.
O ideal é que a semeadura seja direta, minimizando o estresse das plantas jovens e otimizando recursos. As condições ideais de germinação incluem solo levemente úmido e temperaturas entre 15°C e 20°C. Proteções físicas ou barreiras podem ser necessárias para evitar que pássaros se alimentem das sementes recém-lançadas.

Manejo hídrico e nutricional: equilíbrio é a chave
Apesar de ser uma planta tolerante à seca, a quinoa demanda irrigação controlada em fases críticas, como a germinação e o enchimento de grãos. O excesso de água pode prejudicar o desenvolvimento, tornando o manejo da irrigação uma etapa estratégica.
No aspecto nutricional, a planta responde bem a adubações equilibradas. As doses de nitrogênio, fósforo e potássio devem ser ajustadas conforme os resultados da análise de solo. Agricultores voltados para o mercado orgânico podem priorizar fontes naturais de nutrientes, como compostos orgânicos.
Cuidados com pragas e doenças: prevenção em primeiro lugar
A sanidade da lavoura de quinoa depende principalmente de práticas preventivas. A rotação de culturas é uma aliada importante na redução da pressão de pragas e doenças.
Insetos como pulgões e lagartas podem surgir durante o ciclo, exigindo monitoramento constante. Em caso de necessidade, o uso de controle biológico ou defensivos autorizados para a cultura deve ser considerado, sempre priorizando soluções com menor impacto ambiental.
Hora da colheita: o momento certo faz a diferença no grão de ouro dos Andes
A colheita da quinoa deve ocorrer quando a planta atingir a maturidade fisiológica. Entre os principais indicadores estão o amarelecimento das folhas e a redução da umidade dos grãos para cerca de 20%.
Antecipar ou atrasar essa etapa pode comprometer a qualidade final. Em pequenas propriedades, a colheita manual é suficiente. Já para áreas maiores, máquinas adaptadas para cereais podem ser utilizadas com eficiência.
Processamento e armazenamento: garantia de qualidade pós-colheita
Após a colheita, os grãos precisam ser secos até alcançar umidade entre 12% e 13%, evitando problemas com fungos durante o armazenamento. A etapa de trilha e limpeza remove as impurezas e garante um produto final de melhor qualidade.
Para estocagem, o ideal é utilizar silos ou armazéns ventilados, secos e protegidos de pragas, garantindo a integridade do grão por mais tempo.
Caminhos para a comercialização da quinoa
O mercado da quinoa no Brasil está em franca expansão. Além da venda in natura, o produtor pode explorar formas de agregar valor, como a produção de farinha, flocos ou alimentos prontos para consumo.
Buscar certificações, como a orgânica, pode abrir acesso a mercados especializados e consumidores dispostos a pagar mais por um produto sustentável e nutritivo. Firmar parcerias com indústrias alimentícias, varejistas ou cooperativas também ajuda a garantir demanda contínua e preços mais atrativos.
Participar de eventos e feiras agropecuárias é outro caminho eficiente para ampliar a rede de contatos e identificar novas oportunidades de negócios.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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