Quer 500 arrobas de algodão? Primeiro, entenda isso sobre a planta

Entenda por que metade das flores do algodão pode não virar fruto e como isso impacta sua produção de 500 arrobas

Alcançar 500 arrobas por hectare no algodão não é apenas uma questão de sorte ou clima favorável. É preciso compreender profundamente como a planta regula sua própria produção, desde o florescimento até o desenvolvimento dos frutos. Essa análise detalhada foi abordada pelo Professor Rogério Coimbra em conversa com o Prof. Dr. Fábio Echer, no Mundo Agro Podcast, trazendo insights fundamentais para produtores que buscam máxima produtividade.

“O algodão, quando começa a abrir as flores, apresenta inicialmente cores que vão do marrom acastanhado ao bege claro. Depois da fecundação, a flor fica roxa”, explica Rogério Coimbra. Ele complementa: “Muitos produtores percebem que a planta faz uma autorregulação: ela sabe quantos grãos consegue desenvolver, priorizando a sobrevivência da espécie em vez da produção de fibra.”

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Abortamento natural x perdas produtivas

O desafio é diferenciar o abortamento natural, que não compromete a produtividade, daquele que representa perdas significativas. Segundo Fábio Echer: “Estudos indicam que até 50% de abortamento é normal, mas isso vale para produções médias de 900 kg por hectare. No Brasil, onde buscamos 3.000 kg, essa porcentagem não é mais aceitável. É necessário que a planta retenha 70% a 90% dos frutos, principalmente os de primeira posição, que mais contribuem para a produtivi dade.”

Quanto maior o abortamento, menor será a janela de frutificação, que depende de fatores como disponibilidade de água e intensidade luminosa. “Se a planta abortar muitas flores, você perde potencial de produção e não consegue recuperar a janela de frutificação”, alerta Rogério Coimbra.

Como a planta “decide” quais flores manter

O algodão possui mecanismos sofisticados de seleção. Rogério Coimbra explica: “A planta aborta flores recém-fecundadas ou botões pequenos, que ainda não consumiram muita energia. Nessa fase, enzimas como etileno e ácido abscísico degradam a parede celular, promovendo o aborto. Quando o fruto investe mais energia, a lignificação protege a maçã e ela dificilmente será abortada.”

Fábio Echer complementa: “No ano passado, tivemos casos de frutos maiores caindo devido à falta de luz e excesso de sombreamento, agravados por doenças como a mancha-alvo. A deficiência de carboidratos e a ação de etileno e ácido abscísico fizeram com que a planta derrubasse frutos, comprometendo a produtividade se o evento aconteceu tardiamente.”

O desafio do produtor: gerenciar frutificação e ambiente

Para o produtor, o grande desafio é acompanhar a evolução da frutificação e gerenciar as condições ambientais. Rogério Coimbra reforça: “Controlar o abortamento é fundamental. Quanto mais a planta retém frutos de primeira posição, maior seu potencial produtivo. A tecnologia hoje nos permite produzir mais com os mesmos recursos ou menos, aplicando a sustentabilidade na prática.”

Como concluem os especialistas no Mundo Agro Podcast, compreender e atuar sobre esses mecanismos não é apenas uma questão de conhecimento: é a chave para transformar potencial em resultado. Para o algodão brasileiro, isso representa não só um desafio, mas uma oportunidade de consolidar o país como um dos grandes players globais, extraindo alta rentabilidade e satisfação para o produtor.

Escrito por Compre Rural baseado no vídeo do Mundo Agro Podcast.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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