
Esse cenário reflete uma combinação de fatores, desde questões climáticas até custos logísticos e de produção elevados, que têm pressionado os preços do café e mantido a perspectiva de novas altas nos próximos meses.
O café, uma das bebidas mais tradicionais e queridas do Brasil, tem ficado cada vez mais salgado para o bolso dos consumidores. Em setembro, enquanto a energia elétrica foi identificada como a principal responsável pela alta da inflação, que chegou a 0,44% no mês, os preços de alimentos e bebidas subiram 0,5%. O café sozinho apresentou uma elevação de 4,02%.
Esse cenário reflete uma combinação de fatores, desde questões climáticas até custos logísticos e de produção elevados, que têm pressionado os preços e mantido a perspectiva de novas altas nos próximos meses.
Clima: O Principal Vilão na Escalada de Preços
Para os especialistas ouvidos pelo E-Investidor, os eventos climáticos extremos são os principais responsáveis pelo aumento no preço do café, ainda que outros fatores também influenciam indiretamente para a alta. Matheus Dias, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), explica que secas prolongadas e chuvas intensas impactaram diretamente as safras de café, principalmente no Espírito Santo, maior produtor brasileiro de café conilon (ou robusta).
“Afetou a produtividade, tanto em pó quanto em grãos”, afirma Dias. A seca intensa entre o final de 2023 e o início de 2024, por exemplo, comprometeu a produção do conilon, reduzindo a oferta e impulsionando os preços.
Além do Brasil, outros países produtores, como o Vietnã, também enfrentaram desafios climáticos, o que fez com que o mercado internacional passasse a buscar ainda mais o café conilon brasileiro, pressionando ainda mais os preços no mercado local.
Inflação Acumulada e Alta no Café Desde Maio
O Índice de Preços ao Consumidor – Disponibilidade Interna (IPC-DI), da FGV, mostra que, até abril, o preço do café vinha em trajetória de desaceleração, o que trouxe algum alívio para o consumidor. Entretanto, a partir de maio, o cenário se inverteu e os preços começaram a subir continuamente, alcançando uma alta acumulada de 24% até setembro.
Essa inflação não se restringe apenas ao Brasil. A redução na oferta global, causada pelo impacto climático, elevou os preços em várias partes do mundo, o que afeta diretamente os consumidores brasileiros. A pressão sobre o mercado interno se intensifica conforme os compradores internacionais buscam mais do café produzido no Brasil, especialmente o conilon.
Custos Logísticos e de Insumos Elevam o Preço
Não é apenas o clima que pesa no preço do café. Fabrício Tonegutti, especialista em tributação para varejo, aponta que o custo dos insumos, como os fertilizantes, e o aumento nos custos logísticos também contribuem para a elevação dos preços. A guerra na Ucrânia e os conflitos no Oriente Médio têm levado a uma alta do preço do diesel e do transporte marítimo, essencial para o escoamento da produção. O custo de um contêiner subiu de US$ 1,8 mil para até US$ 7 mil, o que impacta toda a cadeia produtiva do café.
Perspectivas para o Futuro: Tendência de Alta Continua?
Segundo Matheus Dias, da FGV IBRE, a expectativa é de que o preço do café continue elevado em 2025. Mesmo que as condições climáticas melhorem nos próximos meses, o impacto sobre a produção atual não será revertido de imediato. A recuperação das safras afetadas é um processo de médio prazo, e a combinação de fatores, como custos logísticos e insumos ainda em alta, indica que os preços devem seguir pressionados.
“Mesmo que a oferta se normalize com melhores condições climáticas, a recuperação não acontecerá de imediato”, destaca o economista, sinalizando que o bolso do consumidor brasileiro ainda pode sentir o impacto nos próximos meses.
Nesse contexto, de forma resumida, a alta no preço do café é resultado de uma complexa interação entre clima, custos de produção e demanda internacional. Para o consumidor, isso significa que o tradicional cafezinho deve continuar mais caro no futuro próximo. O mercado aguarda com expectativa as próximas safras e as condições climáticas para uma possível estabilização de preços, mas, enquanto isso, é preciso se preparar para um café cada vez mais valorizado – e amargo no bolso.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.
Ação conjunta resulta na apreensão de carga irregular de farelo de soja em Paranaguá
Atuação integrada entre Mapa e Polícia Federal visa coibir irregularidades e proteger a credibilidade das exportações brasileiras.
Decisão da Bahia Farm Show: Volume de negócios desta edição não será divulgado
Bahia Farm Show adota nova política e opta por não divulgar volume de negócios
Continue Reading Decisão da Bahia Farm Show: Volume de negócios desta edição não será divulgado
Cavaleiro suspenso por espancar animal diz que queria salvá-lo; entenda
Heath Ryan, da Austrália, foi flagrado dando 40 chicotadas em cavalo e foi hostilizado nas redes sociais
Continue Reading Cavaleiro suspenso por espancar animal diz que queria salvá-lo; entenda
Ministro iraniano faz alerta sobre possível expansão do conflito com Israel
Irã já havia ameaçado atacar a infraestrutura energética regional se os israelenses atacassem seus campos de gás; possível ataque é visto como potencial gerador de escalada no conflito.
Continue Reading Ministro iraniano faz alerta sobre possível expansão do conflito com Israel
Colheita de milho safrinha avança para 8% no PR, aponta Deral
O Departamento de Economia Rural ressalta que o impacto das chuvas varia conforme a região e o estágio de desenvolvimento das lavouras.
Continue Reading Colheita de milho safrinha avança para 8% no PR, aponta Deral
Mercado brasileiro de milho deve ter mais um dia de negociações comedidas
O mercado brasileiro de milho manteve preços firmes para o disponível neste começo de semana. Mas, as cotações são mais baixas para julho.
Continue Reading Mercado brasileiro de milho deve ter mais um dia de negociações comedidas