
Raça Purunã levou 30 anos para ser criada e tem cerca de 12 mil cabeças registradas atualmente; ‘É como se comparássemos um Fusca a uma Ferrari’, brinca pecuarista sobre superioridade de raça de gado desenvolvida no Paraná
A raça Purunã, desenvolvida no Paraná, é resultado de um trabalho de décadas que visava criar um gado superior, e conseguiu. Essa raça se destaca por várias características que a tornam especial e muito valorizada no mercado. “É como se comparássemos um Fusca a uma Ferrari”, brinca o pecuarista e tesoureiro da Associação de Criadores de Purunã (ACP), Piotre Laginski, ao descrever a superioridade da raça em relação as outras raças e animais convencionais.
Os dados confirmam a vantagem que o pecuarista ganha ao utilizar a raça Purunã em sua propriedade. Conforme informado pela Associação, como fruto do melhoramento genético imprimido sobre a raça ele é um animal que vai desempenhar melhor resultado, produzir mais bezerros e bezerros mais pesados, que vão para o frigorifico mais rápido e cujas fêmeas entram em reprodução mais cedo
Purunã é a primeira raça de bovino para corte desenvolvida no Paraná e a única criada por um centro estadual de pesquisa no Brasil. “É uma conquista que orgulha os paranaenses, uma contribuição significativa para a cadeia produtiva de carne no Brasil que ressalta a importância do aparato estadual de ciência e tecnologia voltado à agropecuária”, afirma o diretor-presidente do IDR-Paraná, Richard Golba
Desenvolvimento e Origem da Raça
O Paraná é o maior criatório do gado Purunã no país, concentrando 40% do rebanho nacional da raça genuinamente desenvolvida no estado. Para se ter uma ideia do longo processo de criação, foram 15 anos apenas em cruzamentos até alcançar a combinação ideal.
Os estudos que deram origem à raça começaram na década de 1980 diante da necessidade dos pecuaristas de melhorar o rendimento dos rebanhos. Os técnicos do então IAPAR (atual Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – IDR-PR) decidiram entregar uma raça pronta aos pecuaristas.
A raça paranaense homenageia a Serra do Purunã, que delimita a região dos Campos Gerais, e foi desenvolvida na fazenda modelo do IDR em Ponta Grossa.

Propriedades Superiores da Raça
No jargão técnico, trata-se de um bovino composto, pois obtido do cruzamento entre diferentes raças. Até ser finalizado e reconhecido pelo Mapa, foram quase quatro décadas de cruzamentos e seleções controladas para agregar ao Purunã os melhores atributos de cada estirpe utilizada na sua formação.
O Purunã apresenta proporções iguais de suas quatro raças formadoras: Caracu, Charolês, Canchim e Aberdeen Angus, sendo que cada uma contribui de diferentes maneiras para a superioridade dos animais.
- Caracu e Canchim: Oferecem rusticidade e adaptabilidade, incluindo tolerância ao calor e resistência a carrapatos, além de docilidade das matrizes e boa habilidade materna.
- Charolês: Apresenta velocidade de ganho de peso, alto rendimento da carcaça e grande percentual de carnes nobres.
- Aberdeen Angus: Garante precocidade, temperamento dócil e carnes altamente macias, marmorizadas e suculentas.
Foi oficialmente reconhecida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em 2016, que também credenciou a Associação de Criadores de Purunã para fazer o controle genealógico, procedimento que atesta a origem dos animais, seus ascendentes e descendentes, e sua conformidade com os padrões zootécnicos da raça.
Caracu e Canchim transmitiram rusticidade, tolerância ao calor e resistência aos carrapatos. Charolês contribuiu com o rápido ganho de peso, carcaça de grande rendimento e elevado porcentual de carnes nobres, enquanto o Angus deu precocidade, tamanho adulto moderado e temperamento dócil, além de alta qualidade do marmoreio na carne.
Destaca-se ainda a habilidade materna e boa produção de leite das vacas Purunã, características importantes para o manejo dos rebanhos herdadas de Caracu e Angus.
Desempenho e Rentabilidade
Piotre Laginski destaca que os animais Purunã são altamente produtivos em termos de fertilidade, precocidade e ganho de peso. A rentabilidade pode ser de 20% a 25% maior em relação aos gados convencionais.
Atual presidente da Associação dos Criadores de Purunã (ACP), Erlon Pilati, que introduziu a raça no Mato Grosso e tem propriedade no município de Sapezal, também destaca o desenvolvimento acelerado dos animais. “Um bezerro com sangue Purunã alcança a desmama com 20% a 25% mais peso que uma cria de rebanho convencional, é mais dinheiro no bolso do pecuarista com o mesmo custo de produção”, contabiliza.
“Para os produtores, é um animal que vai desempenhar melhor, produzir mais bezerros e bezerros mais pesados, que vão para o frigorifico mais rápido e cujas fêmeas entram em reprodução mais cedo. Para a indústria vai oferecer alto desempenho por ter uma carcaça grande e pesada, tipo exportação, que otimiza a planta frigorífica. Já o consumidor irá consumir uma carne premium. Quando passar a faca e apertar o garfo ele vai entender toda a tecnologia desenvolvida no Paraná”, exemplifica o pecuarista.

Impacto na Pecuária Brasileira
A importância da raça Purunã para a pecuária brasileira é inegável. Presente no Brasil inteiro, os animais Purunã têm se adaptado muito bem ao clima quente, destacando-se em regiões como Mato Grosso, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia e Acre.
No Paraná, onde se concentra a maior parte do rebanho nacional, a raça tem se mostrado uma verdadeira revolução para os pecuaristas, oferecendo um desempenho superior desde o pasto até a mesa do consumidor.

Desafios e Certificação
Piotre explica que a raça foi pensada “do pasto ao garfo”, beneficiando todos os envolvidos na cadeia produtiva, incluindo produtores, indústrias e consumidores.
Atualmente, a ACP conta com 32 associados espalhados por diferentes estados do Brasil. Embora o Paraná ainda concentre cerca de 40% dos exemplares da raça, há rebanhos de Purunã nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Tocantins e Rondônia. São aproximadamente 12 mil animais registrados no território nacional, um crescimento contínuo e sólido.
Atualmente, a associação de produtores enfrenta o desafio de garantir a constância da carne tipo Purunã em açougues, supermercados e restaurantes. “Estamos no processo de certificação, porque para chegar na etapa de ter o selo que certifique que aquela carne é proveniente de Purunã precisa ter uma produção maior, além de constância,” reforça Piotre Laginski. A associação tem organizado o setor para isso e já iniciou conversas com restaurantes.
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