
Produto da marca Foragge Horse, da Nutratta Nutrição Animal, foi proibido pelo Mapa após laudo preliminar apontar infecção bacteriana como possível causa da morte dos animais em Indaiatuba
A morte de quase 30 cavalos em Indaiatuba (SP) acendeu um alerta nacional sobre os riscos da contaminação em produtos destinados à alimentação animal. Os casos, ocorridos entre abril e maio de 2025, motivaram uma ação emergencial do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que determinou o recolhimento e a suspensão da comercialização da ração Foragge Horse, fabricada pela Nutratta Nutrição Animal, empresa sediada em Itumbiara (GO).
Indícios de contaminação e mortes sequenciais
A primeira morte foi registrada no dia 23 de abril, seguida por outra em 30 de abril. Em questão de dias, outros sete cavalos apresentaram sintomas e também morreram. Ao todo, 29 equinos foram vitimados em circunstâncias semelhantes.
Segundo relatos de um veterinário que acompanhou os casos, os cavalos apresentaram desânimo, sinais de intoxicação alimentar e alterações hepáticas. Diante da gravidade, a alimentação foi imediatamente substituída. A ração e o feno utilizados foram descartados, e amostras foram enviadas para análise.
Um laudo preliminar de uma das éguas mortas apontou infecção provocada por bactéria, o que reforçou as suspeitas de contaminação do alimento fornecido.
Fiscalização e proibição do produto
Em 4 de junho, o Mapa expediu um ofício determinando o recolhimento de todas as embalagens da ração Foragge Horse fabricadas a partir de 8 de março de 2025. A ordem se estende a todo o território nacional, e as embalagens ainda encontradas nas propriedades devem ser apreendidas durante fiscalizações oficiais.
De acordo com o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), o recolhimento é uma medida preventiva, uma vez que o produto está relacionado aos óbitos e ainda não há laudo definitivo sobre a composição da ração.
Produto era voltado a cavalos de alto desempenho
Segundo o site da própria Nutratta, a ração Foragge Horse é indicada para equinos que necessitam de alta demanda energética, como cavalos de esporte, animais adultos ou jovens em preparação para leilões e shows. O produto, portanto, é comumente utilizado em haras de alto padrão genético e econômico.
O haras onde ocorreram as mortes foi vistoriado pela Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente de Indaiatuba, que constatou sinais compatíveis com intoxicação alimentar nos equinos.
Silêncio da empresa
Até o fechamento da reportagem, a Nutratta Nutrição Animal não havia se pronunciado oficialmente sobre o caso, apesar das tentativas de contato por parte da imprensa. O espaço segue aberto para manifestação.
Contexto recente: contaminações em cadeia no setor alimentício
Este episódio se soma a outras ocorrências recentes envolvendo contaminação em alimentos, como a suspensão da produção em uma fábrica da Coca-Cola em Goiás por suspeita de álcool nas bebidas e casos de corantes industriais atingindo aves silvestres. Esses eventos evidenciam a urgência do fortalecimento de sistemas de controle sanitário e rastreabilidade em toda a cadeia alimentar, seja humana ou animal.
Nota final:
O caso em Indaiatuba é um alerta importante para criadores e profissionais da equinocultura: a qualidade da alimentação animal não é apenas uma questão nutricional, mas também de segurança sanitária. Aguardam-se os laudos finais e uma posição oficial da Nutratta para esclarecer as causas exatas da tragédia. Enquanto isso, a recomendação é que nenhuma unidade da ração Foragge Horse seja utilizada, especialmente as fabricadas após março de 2025.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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