Estudo publicado pela Scot Consultoria, o Benchmarking Confina Brasil 2025, aponta que os zebuínos seguem líderes nas raças mais utilizadas no confinamento, mas cruzamentos industriais ganham força em várias regiões do Brasil
A genética do boi confinado está mudando? A resposta é sim, mas de forma gradual. O estudo Benchmarking Confina Brasil 2025 revela que, apesar da predominância histórica das raças zebuínas, como o Nelore, as práticas de cruzamento industrial começam a ganhar terreno, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, voltadas para mercados exigentes, como o de carne premium e exportação.
Zebu ainda é rei, mas perde espaço
No Brasil, a raça Nelore segue como a mais utilizada no confinamento. Dados coletados de 184 propriedades indicam que o Nelore puro domina nas regiões Centro-Oeste e Norte, onde sua rusticidade e baixo custo de reposição são decisivos para a escolha dos pecuaristas.
No entanto, o cenário está mudando. Os cruzamentos com raças britânicas e taurinas estão em expansão, buscando maior rendimento de carcaça, melhor acabamento e características como o marmoreio, cada vez mais valorizado no mercado de carnes premium.
Crescimento do cruzamento industrial:
O relatório aponta que as raças cruzadas, como Nelore x Angus, Senepol x Nelore e outros, começam a ganhar popularidade, especialmente no Sul e Sudeste, onde há maior demanda por carne de qualidade superior. O uso de cruzamentos é impulsionado por incentivos de bonificação por tipificação de carcaça e pela necessidade de melhorar a conversão alimentar, permitindo um melhor desempenho nos confinamentos.
Motivos da mudança no perfil genético
A transição para cruzamentos industriais tem várias razões subjacentes:
- Demanda por carne marmorizada: A carne com maior marmoreio, que garante sabor e maciez, tem sido cada vez mais exigida, especialmente para exportação.
- Incentivos para tipificação de carcaça: Indústrias frigoríficas oferecem bonificações para pecuaristas que atendem aos critérios de qualidade, o que motiva a adoção de raças britânicas.
- Melhor conversão alimentar: A busca por um melhor desempenho zootécnico e maior eficiência nos custos alimentares tem levado os produtores a adotar raças compostas ou meio-sangue.
Expansão do cruzamento:
Embora o Nelore continue sendo a base genética dominante no Brasil, o estudo revela que, no futuro, a tendência é que o cruzamento de zebuínos com raças britânicas e taurinas se amplie, dado seu desempenho superior em confinamentos e sua aceitação no mercado internacional. O sul e sudeste do país são as regiões que mais adotam essas práticas de cruzamento industrial, especialmente devido à proximidade com mercados internacionais que valorizam carnes com alto padrão de qualidade.
Raças mais citadas no confinamento
De acordo com o levantamento, a raça Nelore continua liderando o confinamento no Brasil, mas outros cruzamentos começam a se destacar, especialmente nas regiões Sul e Sudeste. No estado de Mato Grosso, por exemplo, 45,2% dos confinamentos utilizam Nelore com Anelorado, enquanto cruzamentos com raças britânicas já representam 29,8% das escolhas.
Já em Minas Gerais, o Nelore puro é predominante em 59,4% das propriedades, enquanto em Paraná, os cruzamentos com britânicas puras e cruzadas superam os zebuínos, refletindo a preferência da região por carnes de maior rendimento e marmoreio.
O futuro da pecuária intensiva no Brasil aponta para um equilíbrio entre a tradição zebuína e a inovação dos cruzamentos industriais. Embora o Nelore permaneça como a base genética dominante, a crescente demanda por carne premium e os incentivos de bonificação estão acelerando a adoção de cruzamentos, especialmente nas regiões mais desenvolvidas para exportação.
Nelore ainda predomina, mas a evolução genética é uma tendência inevitável, que vem moldando o perfil das raças utilizadas no confinamento brasileiro. O mercado de carne bovina no Brasil está cada vez mais competitivo, com o país se posicionando como um dos maiores exportadores mundiais, aproveitando sua capacidade produtiva e vantagens comparativas.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.