Procedimento correto de resfriamento após o exercício reduz riscos de lesões, inflamações, protege músculos e tendões e acelera a recuperação atlética após o exercício.
Durante o exercício físico, o organismo do cavalo entra em um estado de alta exigência metabólica. A contração muscular intensa gera grande produção de calor, elevando rapidamente a temperatura corporal e, principalmente, a temperatura dos músculos e tecidos profundos. Mesmo após o fim da atividade, esse calor não desaparece de forma imediata — pelo contrário, tende a persistir nos primeiros minutos, o que torna o resfriamento uma etapa indispensável do manejo esportivo.
Por esse motivo, especialistas em medicina veterinária e fisiologia do exercício equino são categóricos: o resfriamento deve começar imediatamente após o término do esforço, e não apenas quando o animal já aparenta estar mais calmo.
Quando o cavalo interrompe bruscamente o exercício e permanece parado, o calor acumulado nos músculos demora mais a ser dissipado. Isso aumenta o risco de superaquecimento muscular, favorecendo microlesões, inflamações, rigidez, prejuízos aos tendões e, em casos mais graves, o desenvolvimento de rabdomiólise, condição associada à degradação do tecido muscular.
Além disso, a permanência de metabólitos como o lactato nos músculos pode retardar a recuperação e impactar negativamente o desempenho em treinos e provas futuras.
O resfriamento não é apenas conforto: é manejo fisiológico preventivo, essencial para a saúde e longevidade atlética do cavalo.
O protocolo recomendado começa com caminhada leve e contínua, logo após o exercício. Esse período deve durar, no mínimo, 10 a 15 minutos, podendo se estender por 20 a 45 minutos ou mais, conforme:
- intensidade do treino ou da prova
- condição física do cavalo
- temperatura e umidade do ambiente
A caminhada ativa auxilia na remoção gradual do calor, melhora a circulação sanguínea, facilita a eliminação do lactato e contribui para a normalização da frequência cardíaca e respiratória.
🔹 Continue caminhando até que a respiração e os batimentos cardíacos retornem ao normal
🔹 A frequência respiratória fisiológica gira entre 10 e 24 movimentos por minuto
🔹 O corpo do cavalo deve deixar de estar quente ao toque antes da interrupção total
Em situações de treino intenso ou em dias quentes e úmidos, apenas a caminhada pode não ser suficiente. Nesses casos, o resfriamento ativo com água fria é altamente recomendado e comprovadamente mais eficiente do que o repouso passivo.
A aplicação deve ser feita de forma estratégica:
- iniciar pelas pernas, subindo gradualmente para o dorso
- utilizar ciclos curtos de água fria
- remover o excesso de água com rasquete, evitando que ela aqueça sobre a pele
- repetir o processo até a temperatura corporal se normalizar
Esse método reduz mais rapidamente a temperatura central e muscular, protegendo tecidos sensíveis ao calor excessivo.
Um erro comum ainda persiste em alguns manejos: evitar oferecer água logo após o exercício. Esse é um mito perigoso. Assim que o cavalo estiver mais calmo, é indicado oferecer água fresca em pequenas quantidades, permitindo hidratação gradual.
A reposição hídrica é fundamental para a recuperação metabólica, para o equilíbrio térmico e para a saúde geral do animal.
Durante todo o processo de resfriamento, é fundamental observar atentamente:
- padrão respiratório
- intensidade da transpiração
- nível de energia e comportamento
Cavalos bem condicionados tendem a se recuperar mais rápido, enquanto animais menos treinados ou submetidos a clima quente exigem mais tempo de resfriamento. Caso o cavalo não apresente sinais claros de resfriamento após cerca de uma hora, a orientação é procurar um médico-veterinário.
Além da caminhada básica, algumas práticas ajudam a potencializar o relaxamento muscular:
Alongamento longo e baixo
Alguns minutos de trote com o pescoço estendido e postura baixa auxiliam no alongamento dos músculos, estimulam a circulação e favorecem a remoção de resíduos metabólicos, reduzindo inflamações.
Caminhada relaxante com rédeas soltas
Após o trote leve, caminhe por mais 5 a 10 minutos, usando linhas retas, curvas amplas e voltas suaves. O objetivo é permitir que o cavalo se movimente com liberdade, soltura e tranquilidade.
Em dias muito quentes ou após trabalho intenso, esse período deve ser prolongado. Um passeio curto e calmo pode ser uma alternativa eficiente.
Antes de devolver o cavalo à baia ou ao descanso completo, certifique-se de que ele esteja:
- completamente seco
- com temperatura corporal normal
- respirando de forma tranquila
Esse cuidado evita desconfortos térmicos e contribui para uma recuperação mais segura.
O resfriamento pós-treino não é apenas um momento de relaxamento, mas uma etapa final e decisiva na rotina de treinamento. Ele previne dores musculares, melhora a recuperação, protege estruturas importantes e prepara o cavalo para os próximos desafios.
Dedicar tempo a essa fase e encerrar cada sessão de forma calma e positiva é um investimento direto na saúde, no bem-estar e no desempenho esportivo do cavalo.
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