Retro 2025: Gigante chinesa autoriza compra de terras no Brasil para iniciar plantio de grãos

A entrada direta da China na produção agrícola do Brasil expôs o equilíbrio delicado entre atração de investimentos, avanço tecnológico e a preservação do controle sobre terras estratégicas. Em 2025, gigante chinesa autoriza compra de terras no Brasil

Em 2025, o agronegócio brasileiro entrou no centro de um debate sensível após a estatal chinesa Hulunbuir State Farm Group autorizar a compra ou o arrendamento de terras agrícolas no Brasil para o cultivo de soja, milho e algodão. A decisão foi oficializada em março, após uma reunião virtual com a Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), e passou a simbolizar uma nova etapa da presença chinesa no campo brasileiro.

O movimento ocorreu em um cenário de demanda crescente da China por grãos, especialmente soja, produto do qual o Brasil já é o principal fornecedor. Em 2024, as exportações brasileiras de produtos agropecuários para o país asiático somaram US$ 49,7 bilhões, o equivalente a mais de 30% de toda a pauta exportadora do agro nacional, reforçando a forte dependência comercial entre os dois países.

Um dos pontos que mais despertaram o interesse da estatal chinesa foi o potencial produtivo ainda pouco explorado no Brasil. Segundo a SNA, o país possui cerca de 30 milhões de hectares de pastagens degradadas, passíveis de conversão para a agricultura sem necessidade de desmatamento. A possibilidade de expandir a produção em áreas já antropizadas foi apresentada como um diferencial estratégico e ambiental e, para isso, gigante chinesa autoriza compra de terras no Brasil.

Além da produção de grãos, a Hulunbuir sinalizou interesse em levar ao Brasil tecnologias avançadas de irrigação e manejo, já utilizadas em regiões de clima extremo, como a Mongólia Interior. A Embrapa foi indicada como parceira estratégica para transferência de conhecimento, adaptação de sementes e suporte técnico, enquanto o setor pecuário e as startups do agro brasileiro também entraram no radar da estatal, por meio do hub de inovação SNASH, ligado à SNA.

Apesar da perspectiva de investimentos e modernização do campo, o anúncio reacendeu discussões sobre soberania nacional e riscos jurídicos. A Constituição Federal e a Lei nº 5.709/1971 impõem restrições à compra de terras por estrangeiros, mas especialistas alertaram para o uso de estruturas societárias indiretas como forma de driblar essas limitações. Regiões estratégicas, como o Matopiba, passaram a ser citadas como áreas que exigem atenção redobrada.

Ao longo de 2025, o caso passou a representar um divisor de águas na relação sino-brasileira no agro. De um lado, abriu espaço para investimentos, inovação e ganhos de produtividade; de outro, reforçou a necessidade de governança fundiária, transparência e proteção dos recursos estratégicos do país.

Relembrado agora, o episódio da compra de terras deixou claro que atrair capital estrangeiro é importante, mas exige equilíbrio. Como resumiu o debate à época, o desafio do Brasil é crescer sem abrir mão do controle sobre suas próprias terras.

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