Retrospectiva 2023: Enfoque em rastreabilidade e saúde animal

O ano teve seu início com um caso atípico de o mal da vaca louca. Simultaneamente, o setor demonstrou esforços para progredir na implementação da rastreabilidade individual de bovinos: Veja mais!

O cenário de 2023 revelou-se tumultuado para o setor pecuário no Brasil. No âmbito financeiro, os produtores de gado enfrentaram uma considerável diminuição nos preços. Além disso, desafios sanitários, exemplificados pela ocorrência de gripe aviária e um caso isolado de encefalopatia espongiforme bovina, popularmente conhecido como “mal da vaca louca”, suscitaram inquietações quanto às possíveis perdas nos mercados internacionais. Abaixo, apresentamos alguns dos eventos mais impactantes que marcaram o panorama da pecuária brasileira ao longo deste ano.

Surto de Encefalopatia Espongiforme Bovina (Mal da Vaca Louca)

O ano de 2023 teve início com agitação no cenário pecuário brasileiro devido a um caso atípico de mal da vaca louca, ocorrido em uma fazenda no Pará, em fevereiro. Essa situação destacou a importância da rastreabilidade individual do rebanho nacional e dos protocolos sanitários estabelecidos em parceria com a China, nosso principal mercado importador. Como parte do compromisso estabelecido com o país asiático, o Brasil viu-se obrigado a interromper as exportações de carne bovina para o mercado chinês por um período de um mês.

Sanidade no setor avícola

O ano foi marcado, no setor avícola, pelo surgimento do primeiro caso de gripe aviária no país, inicialmente identificado em aves silvestres e, posteriormente, em criações domésticas alguns meses depois. Embora não tenham sido registrados casos em granjas comerciais, o Brasil conseguiu manter seu status sanitário de país livre da doença. O país intensificou as medidas de biossegurança para lidar com o vírus, mesmo diante de suspensões temporárias após os primeiros focos identificados em criações domésticas.

Retrospectiva 2023
Gripe aviária; Imagem: Peter Garrard Beck/Getty Images

Rastreabilidade e sustentabilidade na cadeia produtiva da carne bovina

Além das preocupações sanitárias, as demandas internacionais por maior sustentabilidade na cadeia produtiva da carne bovina têm impulsionado avanços nas discussões relacionadas à rastreabilidade individual de bovinos. Enquanto o Governo Federal iniciou uma consulta pública sobre o tema, o Governo do Pará anunciou, durante a COP-28 em Dubai, um programa exclusivo para o estado. No mesmo contexto, empresas do setor revelaram iniciativas destinadas a fortalecer o controle na cadeia produtiva.

Crédito verde e autorregulação bancária

Em consonância com as pressões crescentes por maior sustentabilidade na pecuária brasileira, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) aprovou, em março, uma autorregulação que exige que seus clientes frigoríficos localizados na Amazônia Legal e no Maranhão implementem um sistema de rastreabilidade. Este sistema visa comprovar a não aquisição de gado associado ao desmatamento ilegal proveniente de fornecedores diretos e indiretos até dezembro de 2025. Contudo, a medida foi alvo de críticas por parte do setor.

Declínio nos preços da arroba

Com uma redução nas exportações e um aumento no abate de animais devido ao movimento de descarte de fêmeas, característico do ciclo pecuário, os preços da arroba mantiveram-se em declínio ao longo do ano de 2023. Durante a maior parte do período, os valores permaneceram abaixo da marca dos R$ 200.

Valorização de animais de elite

O ano foi caracterizado por valorizações notáveis em animais de elite. Em Minas Gerais, a vaca Viatina-19 FIV Mara Móveis alcançou um novo recorde para a raça nelore em um leilão. Na cidade de Jundiaí, no interior de São Paulo, a mula Monique foi avaliada em aproximadamente R$ 200 mil, equivalente ao preço de um apartamento. Em Rio Grande (RS), a cabanha Lagoa do Sol vendeu a égua da raça crioula TL Índia Guapa-TE por R$ 500 mil. Em Uruguaiana, a potranca GAP Quebra Luz tornou-se a recordista de preço entre as fêmeas da raça crioula, com 50% de sua propriedade arrematada por R$ 1,35 milhão.

Clima

O setor enfrentou desafios significativos devido a condições climáticas extremas, desde ondas de frio intensas no inverno até calor escaldante com temperaturas ultrapassando os 35ºC no verão. Em Mato Grosso do Sul, as baixas temperaturas resultaram em perdas de animais, enquanto no verão, os produtores tiveram que intensificar os cuidados para evitar prejuízos. No Pantanal, o retorno do fogo foi observado devido às temperaturas acima da média.

Retrospectiva 2023
Foto: Divulgação

Novos mercados

No cenário de abertura de novos horizontes comerciais, é relevante destacar a autorização concedida ao Brasil para exportar carnes bovina e suína para a República Dominicana, carne processada para Cingapura e gado em pé para a Indonésia.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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