Retrospectiva 2023: Sustentabilidade no agro, uma visão brasileira e global

Nessa retrospectiva de 2023 a sustentabilidade os desafios do desmatamento e as dinâmicas do mercado de carbono deixaram sua marca no ano: Confira em detalhes cada uma dessas ações

Nessa retrospectiva de 2023, o setor do agronegócio demonstrou um crescente interesse nas questões relacionadas à sustentabilidade, tanto ambiental quanto social. A adesão a práticas comprometidas com esses princípios não apenas impulsionou o desenvolvimento da indústria, mas também destacou os participantes que adotam esses padrões.

No ano de 2023, diversas iniciativas de produtores rurais e empresas do agronegócio voltadas para fortalecer a integração entre a agricultura e o meio ambiente foram vistas durante o ano. Explore agora algumas dessas ações:

Destaque para a COP28

A 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em 2023, realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, entre 30 de novembro e 12 de dezembro. Este encontro, que contou com a participação de 197 países e mais de 200 líderes internacionais, aprovou em sua conclusão um apoio declarado à transição energética, abandonando os combustíveis fósseis em favor de fontes de energia mais limpas.

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Foto: Frame/ COP28/ United Nations Climate Change

No decorrer do evento, foram compartilhados diversos estudos destacando os impactos do aquecimento global, assim como os perigos que as mudanças climáticas representam para o setor agrícola. Enfrentar a crise climática, de acordo com essas análises, exigirá investimentos anuais da ordem de US$ 2,4 trilhões.

Mercado de carbono

No final de dezembro, o projeto de lei que estabelece as diretrizes para o mercado de carbono foi aprovado pela Câmara dos Deputados. Esse mecanismo visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa por parte das empresas. Notavelmente, a produção agropecuária não será incluída no mercado compulsório, ficando isenta da obrigação de compensar as emissões excessivas. O consenso é de que atualmente não há uma metodologia eficaz para mensurar as emissões provenientes dessas atividades.

Desmatamento

Outro ponto relevante é o combate ao desmatamento na Amazônia, apresentado pelo governo ao longo deste ano. Esse plano abrange a regularização de terras griladas e a promoção da bioeconomia. Essa iniciativa é crucial, considerando que, desde 1985, o Brasil perdeu uma área equivalente a duas Alemanhas e meia de vegetação nativa. Contudo, esse problema não é exclusivamente brasileiro, já que o mundo todo está aquém de alcançar suas metas de redução na perda de florestas.

Foi anunciada uma outra medida, o Plano Floresta + Sustentável, que representa uma iniciativa voltada para apoiar a recuperação e a gestão responsável das florestas no país.

Paralelamente, o governo de Mato Grosso reforçou as ações de controle do desmatamento. Utilizando um satélite que realiza passagens a cada 24 horas sobre o Estado, são capturadas imagens que a Secretaria de Meio Ambiente utiliza para monitorar quaisquer alterações na vegetação nativa, emitindo alertas automáticos diretamente aos e-mails dos produtores.

Legislação da União Europeia

No âmbito internacional, a nova legislação da União Europeia, que impõe restrições às importações de produtos associados ao desmatamento, gerou reações no Brasil. Enquanto a ApexBrasil, agência de exportação brasileira, assegura que os exportadores nacionais não precisam temer perdas de negócios, o governo argumenta que a lei, em vigor desde junho, é punitiva e discriminatória.

Conforme o Ministério do Meio Ambiente, estima-se que a legislação europeia possa impactar até 20% da produção de soja na Amazônia.

Recuperação de pastagens

O governo brasileiro apresentou, ao longo deste ano, uma iniciativa sustentável que aposta na recuperação de pastagens degradadas. Este plano tem o potencial, em uma década, de converter 40 milhões de hectares em áreas produtivas sem a necessidade de desmatamento.

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Foto: Divulgação

O projeto despertou o interesse de diversos financiadores, muitos deles internacionais, incluindo grupos chineses, japoneses e coreanos.

Manejo florestal

No âmbito do manejo florestal, um estudo da Embrapa destacou que a bioeconomia inclusiva na Amazônia pode beneficiar 750 mil famílias de agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais da região. A estatal ressalta a importância de integrar o conhecimento científico com os saberes das comunidades tradicionais amazônicas para promover o desenvolvimento local.

Exemplificando essa abordagem, temos o caso de um produtor em Alta Floresta (MT) que encontrou no manejo sustentável uma solução para preservar os mais de 11 mil hectares de floresta nativa em sua propriedade. Outro exemplo é uma cooperativa de indígenas Kayapó no Pará, que exporta castanhas para a Inglaterra.

Comércio justo

No decorrer deste ano, ganhou destaque a atuação de empresas que incluem em seu portfólio produtos originários do bioma amazônico, sendo elaborados a partir de matérias-primas extraídas ou produzidas mediante técnicas sustentáveis. Para essas empresas, o engajamento com fornecedores e o monitoramento próximo da produção são aspectos cruciais. A estratégia para conquistar esse envolvimento passa por valorizar o trabalho das pessoas no campo, remunerando-as de maneira a incentivar a proteção da natureza por meio de seus conhecimentos.

Financiamento verde

No contexto do financiamento verde, uma das barreiras para o avanço das práticas sustentáveis é a escassez de recursos, muitas vezes decorrente da falta de informação. Conforme indicado por uma pesquisa, sete em cada dez líderes empresariais afirmam não ter acesso a mecanismos de financiamento sustentável, como os títulos de dívida verde (green bonds e sustainability-linked bonds), sendo que 10% desconhecem onde procurar por essas oportunidades.

Energia Solar

De acordo com a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), com base em dados fornecidos pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), os investimentos em geração solar própria no cenário rural apresentaram um notável salto, passando de R$ 400 milhões em 2018 para uma cifra superior a R$ 17 bilhões em 2023. Desde 2022, verifica-se um crescimento de 30% no montante total investido.

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Foto: Divulgação

Indicadores de Sustentabilidade

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está assumindo um papel central na elaboração de métricas oficiais destinadas a comprovar a sustentabilidade da produção agropecuária no país. Nesse contexto, a empresa não apenas se empenha em criar modelos e índices cientificamente robustos para validar os resultados das práticas já existentes no campo, mas também busca orientar os produtores rurais em iniciativas direcionadas à melhoria dos aspectos ambientais, sociais e econômicos de suas operações

Finalização

Em resumo, o expressivo aumento nos investimentos em geração solar própria no meio rural, conforme apontado pela Absolar com base nos dados da Aneel, reflete não apenas uma mudança para fontes de energia mais sustentáveis, mas também um compromisso crescente com práticas ecologicamente conscientes. Este movimento não só impulsiona a transição para uma matriz energética mais limpa, mas também contribui de forma significativa para fortalecer a resiliência e a diversificação do setor energético brasileiro.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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