Fabricantes têm desenvolvido máquinas de precisão, como os robôs pulverizadores, que utilizam inteligência artificial e podem reduzir o uso de produtos químicos em até 77%
Os agricultores que gastam cerca de US$ 37 bilhões por ano em herbicidas líquidos estão cada vez mais testando um novo modelo: usar tecnologia para reduzir o consumo desses produtos. Após quase um século utilizando a abordagem “mais é mais” para os químicos, o setor agrícola global avança rapidamente em soluções que podem reduzir em até 90% o uso de herbicidas. O conteúdo foi divulgado recentemente pela Bloomberg, destacando as inovações tecnológicas, como os robôs pulverizadores, no uso de herbicidas e suas implicações para o setor agrícola.
Com câmeras alimentadas por inteligência artificial (IA), os novos pulverizadores conseguem identificar e atingir apenas as plantas invasoras, preservando as culturas comerciais. Se uma fração significativa dos produtores adotar essas tecnologias, isso pode representar uma grande transformação para gigantes do setor químico agrícola, como Bayer e BASF.
“Embora não reconheçam isso amplamente, elas percebem que a venda de milhões de galões de produto é um modelo cego e em extinção”, afirmou Jason Miner, diretor global de agricultura da Bloomberg Intelligence, sobre o setor de herbicidas.
O mercado de proteção de culturas
A proteção de culturas é um negócio de grande porte, avaliado em cerca de US$ 79 bilhões em 2022, segundo a S&P Global, com os herbicidas representando quase metade desse mercado. Nos Estados Unidos, os herbicidas são usados em 96% dos hectares de milho plantados, comparados a 19% dos campos tratados com fungicidas e 14% com inseticidas, conforme dados do Departamento de Agricultura de 2021. Cerca de 28% das terras cultivadas recebem aplicações aéreas, enquanto a maioria depende de pulverizadores terrestres.
O uso de herbicidas de forma mais precisa pode reduzir custos para os produtores, cuja renda deve diminuir em 2024. Além disso, há razões ambientais para reconsiderar o uso excessivo desses produtos. A deriva de pesticidas, que pode danificar plantações e prejudicar animais, tem sido motivo de processos judiciais caros, como os relacionados ao herbicida dicamba.
Litígios e desafios legais
As empresas químicas também enfrentam ações judiciais dispendiosas devido aos efeitos sobre a saúde humana. A Bayer já gastou cerca de US$ 10 bilhões de um total de US$ 16 bilhões reservados para litígios nos EUA relacionados ao Roundup, herbicida amplamente utilizado, adquirido quando comprou a Monsanto. A empresa enfrenta milhares de reclamações alegando que o produto causou câncer, embora a Bayer insista que seu ingrediente ativo, o glifosato, é seguro.
Na Europa, as iniciativas para reduzir o uso de pesticidas em 50% até 2030 têm acelerado as mudanças na aplicação desses produtos.

Inovações tecnológicas e os robôs pulverizadores
As inovações tecnológicas não param. Grandes e pequenas fabricantes estão lançando suas soluções. A Deere & Co., maior fabricante de tratores do mundo, já está no segundo ano de venda de um pulverizador agrícola topo de linha, que promete reduzir as aplicações químicas em até 77%, utilizando IA e machine learning.
A startup israelense Greeneye Technology abriu sua primeira loja de varejo nos EUA, vendendo barras de pulverização com IA que podem ser acopladas a máquinas existentes, enquanto a brasileira Solinftec constrói pulverizadores robóticos que prometem reduzir o uso de herbicidas em mais de 90%.
“Essa tecnologia é uma ameaça, com certeza, porque reduz drasticamente a quantidade de insumos”, declarou Guilherme Guine, diretor de sustentabilidade da Solinftec.
Mudança no modelo de negócios
Embora ainda em pequena escala, a tecnologia emergente já força as fabricantes de químicos a repensarem suas estratégias. Empresas como a BASF, que formou uma joint venture com a fornecedora de tecnologia Bosch, estão desenvolvendo sistemas que aplicam herbicidas de forma automatizada e personalizada. A Bayer, por sua vez, introduziu uma ferramenta de pulverização com IA, disponível por meio de assinatura.
“Estamos totalmente alinhados com empresas como a Deere e outras na área de automação”, disse Bob Reiter, chefe global de pesquisa e desenvolvimento da divisão de ciências agrícolas da Bayer. “Queremos maximizar a produção, mas minimizar os insumos.”
Embora a expectativa seja de que o uso de herbicidas pós-emergentes caia, Matt Leininger, diretor da joint venture entre BASF e Bosch, aponta que a aplicação de herbicidas residuais no início do processo pode aumentar, ajudando a proteger as plantações de forma preventiva. “A forma mais fácil de controlar uma erva daninha é não deixá-la crescer”, concluiu Leininger.
Com informações da Bloomberg
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