RS em ALERTA máximo: rios transbordam, cidades inundam e chuva forte é esperada

Com acumulados que superam 370 mm em 48h e mais de cinco rios fora da calha, o estado gaúcho enfrenta novos episódios de alagamentos e deslizamentos; previsão ainda indica granizo, ventania e geada na sequência

Após registrar chuvas excepcionais que superaram em até três vezes a média de junho, o Rio Grande do Sul vive um novo colapso climático. Em menos de 48 horas, dezenas de municípios voltaram a sofrer com alagamentos, transbordamento de rios, deslizamentos de terra e deslocamento forçado de famílias, em um cenário que remete diretamente às enchentes históricas ocorridas em maio de 2024.

Chuvas históricas em menos de dois dias

Entre as 10h de domingo (16/06) e 10h de terça-feira (18/06), volumes de chuva extremamente elevados foram registrados em diversas cidades:

  • Quevedos: 371,8 mm (média histórica de 126 mm)
  • Jaguari: 327,2 mm (média de 133 mm)
  • Cachoeira do Sul: 318,2 mm (média de 134 mm)
  • São Borja: 301,4 mm (média de 118 mm)
  • Agudo: 300,8 mm
  • Faxinal do Soturno: 296,8 mm

Esses números, por si só, são superiores ao esperado para todo o mês de junho, demonstrando a intensidade da instabilidade. Segundo o Climatempo, o padrão meteorológico atual é sustentado por um corredor de umidade que vem da Região Norte do Brasil, associado à frente fria estacionada sobre o Sul, o que potencializa a formação de nuvens carregadas.

Região dos Vales e Metropolitana novamente sob as águas

Além dos acumulados extremos, ao menos cinco rios já transbordaram:

  • Rio Taquari: 22,45 metros em Lajeado (cota de inundação é 19 m)
  • Rio Caí: 12,8 metros em São Sebastião do Caí (cota: 10,5 m)
  • Rio Jacuí, Paranhana e Jaguari: também já fora da calha

Em Lajeado, 190 pessoas e 56 cães foram levados ao Parque do Imigrante. Em São Sebastião do Caí, 274 moradores precisaram deixar suas casas e 224 já estão abrigados em centros emergenciais.

Nas ruas de Jaguari, as imagens mostram a água chegando quase à altura das janelas das casas, retratando o drama de uma população que ainda se recuperava da tragédia anterior.

Meteorologia alerta: chuvas de mais 100 mm podem cair em pontos críticos

Apesar de algumas áreas já começarem a apresentar redução nas chuvas, a previsão para esta quinta-feira (19) e madrugada de sexta (20) ainda é preocupante. O meteorologista Arthur Müller, do Canal Rural, alerta que:

“A chuva persiste com possibilidade de granizo e rajadas de vento acima de 100 km/h. A frente fria continua estacionada e ainda deve despejar mais de 100 mm em pontos das regiões central, Vales e Encruzilhada do Sul até a manhã de sexta-feira.”

As regiões de Rio Pardo e Encruzilhada do Sul já receberam mais de 250 mm e podem acumular ainda mais. O cenário mantém risco elevado de novos deslizamentos de terra e inundações urbanas.

Além disso, a previsão de sexta e sábado indica pancadas pontuais, mas ainda com potencial de transtorno, especialmente nos vales, litoral e norte do estado. Os volumes previstos são inferiores — entre 20 mm e 50 mm, mas, com o solo saturado, qualquer nova chuva pode gerar alagamentos imediatos e queda de barreiras.

Próximo capítulo: frio intenso e geadas

Após a passagem da frente fria, o avanço de uma massa de ar polar deve derrubar as temperaturas a partir de domingo (22). Entre segunda e terça-feira (23 e 24), há expectativa de geadas em áreas de baixada no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, com temperaturas próximas de 0°C.

Segundo Müller, essa mudança pode impactar diretamente lavouras da safrinha de milho no Sul e afetará os cafezais do norte do Paraná, aumentando o prejuízo agrícola em um momento delicado.

Impactos urbanos e estrutura falha

Apesar do volume histórico de água, o governador Eduardo Leite (PSB) destacou que os principais danos urbanos observados nas cidades não estão diretamente ligados ao transbordamento de rios, mas sim à incapacidade dos sistemas de drenagem de escoar tamanha quantidade de água em curto período. Muitas áreas urbanas, inclusive na capital Porto Alegre, sofreram alagamentos severos mesmo sem proximidade com corpos hídricos.

O Rio Grande do Sul vive um novo episódio crítico em sua longa luta contra eventos climáticos extremos. A conjunção de chuvas intensas, rios transbordando, solo saturado, infraestrutura urbana deficiente e queda acentuada de temperatura nas próximas horas coloca a população em estado de máxima atenção.

O risco não acabou. As próximas 48 horas serão cruciais para a segurança da população, enquanto o estado se prepara, na sequência, para enfrentar o frio rigoroso e seus efeitos sobre a produção agrícola.

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