Safra 2025/26 de soja em Mato Grosso terá custo recorde – R$ 54,39 bilhões – exige gestão eficiente

Levantamento aponta R$ 54,39 bilhões em custos na safra 2025/26 de soja em Mato Grosso, revelando cenário de crédito mais difícil, margens apertadas e necessidade de decisões técnicas embasadas

O ciclo 2025/26 da soja em Mato Grosso já entra para a história antes mesmo da colheita: segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), os custos da safra devem atingir R$ 54,39 bilhões, consolidando-se como uma das mais caras da história recente do estado. Essa projeção acende o alerta entre os produtores, que terão de encarar margens mais estreitas, juros mais altos e menos flexibilidade na hora de financiar a operação.

A alta generalizada nos insumos, como fertilizantes, defensivos e sementes, somada à retração das revendas como fonte de financiamento, vem mudando o perfil de quem banca a safra.

Agora, bancos e tradings ocupam a maior fatia do crédito rural, com exigências maiores, mais garantias e prazos rígidos. Essa mudança na dinâmica de financiamento torna a tomada de decisão mais lenta e mais cara, exigindo que o produtor esteja financeiramente preparado com antecedência.

Segundo Romário Alves, CEO da Sonhagro, “o crédito rápido das revendas desapareceu”, o que obriga o agricultor a organizar o fluxo de caixa com muito mais planejamento. “Hoje, quem não se antecipa pode travar no momento mais sensível da operação”, alertou.

A soja brasileira, peça central do agronegócio e reconhecida mundialmente, carrega um potencial de valorização ainda sub-explorado. A qualidade intrínseca do grão, especialmente seu teor de proteína e de óleo, tem peso crescente nas negociações internacionais. Mas apesar do alto teor proteico e do potencial superior de extração de óleo do grão nacional, boa parte dessa vantagem competitiva se perde por falta de análises precisas no momento da negociação.

A startup FIT (Fine Instrument Technology) aposta que tecnologia e cultura de análise podem mudar esse cenário. Daniel Consalter, CEO da FIT, lembra que a soja brasileira apresenta, em média, 2% a mais de proteína do que a norte-americana, segundo estudos da Embrapa. A diferença, que pode representar de 33% a 38% do valor no grão destinado ao processamento, é reconhecida e remunerada em diversos mercados externos, onde a análise de proteína é mandatória. “No Brasil, porém, a maior parte dos produtores ainda comercializa sem conhecer o real potencial do produto. Essa é uma qualidade que já existe, mas não é capturada. O produtor perde valor simplesmente por não medir”, afirma Consalter.

Erros de manejo podem custar caro

Para o agrônomo Thiago Grimm, especialista em gestão e tecnologia agrícola, a safra começa antes mesmo do plantio. O grande erro, segundo ele, é reduzir de forma indiscriminada os insumos na tentativa de cortar custos. “O maior equívoco é economizar em adubação ou proteção fitossanitária sem critério. Isso reduz a produtividade e gera prejuízo ao invés de economia”, pontuou.

Grimm defende uma abordagem estratégica e baseada em dados. Ele recomenda práticas como análise de solo, revisão das doses de insumos, priorização daqueles com maior retorno econômico e uso de tecnologias de monitoramento. “O manejo eficiente não é bonito no papel, ele é lucrativo na prática”, afirmou.

Diversificar fontes de crédito virou obrigação

Com as revendas perdendo espaço, a diversificação das fontes de financiamento se tornou uma necessidade. Entre as alternativas estão:

  • Linhas de crédito específicas como Pronamp e PCA
  • Operações estruturadas com CPR (Cédula de Produto Rural)
  • Negociações com bancos e tradings adaptadas ao perfil do produtor

Essa diversificação, segundo Romário Alves, deve ser tratada com o mesmo peso das decisões técnicas da lavoura, como a escolha da semente ou o nível de adubação.

Safra 2025/26 de soja: Ano decisivo para a gestão da porteira para dentro

Apesar das dificuldades, especialistas reforçam que há espaço para bons resultados na Safra 2025/26 de soja — desde que a gestão esteja alinhada à realidade técnica e econômica da fazenda. “A diferença entre lucro e prejuízo está nos detalhes. Essa safra vai exigir disciplina e conhecimento, não força bruta”, conclui Thiago Grimm.

A safra de soja 2025/26 em Mato Grosso será, portanto, um teste de gestão rural. O produtor que estiver atento, planejar com antecedência e adotar decisões fundamentadas terá mais chances de atravessar o ciclo com estabilidade. Os que mantiverem práticas antigas, sem eficiência ou controle de custos, deverão sentir o peso do novo momento do agronegócio.

Mensagem final do ciclo 2025/26: eficiência deixou de ser diferencial — virou condição de sobrevivência.

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