Seu leite é mesmo de pasto? Como isso impacta sua margem

Dados da Embrapa e do Cepea mostram que a margem de lucro no leite está apertada. Entenda se seu sistema sofre com a “taxa de substituição” e se você está pagando conta de confinamento enquanto as vacas estão no pasto.

Quem produz leite no Brasil hoje sabe: o custo muda toda semana. Muitos produtores acreditam que têm um sistema barato, a pasto, mas o caixa da fazenda conta outra história. A dúvida real que define se sobra dinheiro ou não é simples: seu leite vem mesmo do capim ou é ração cara disfarçada de pasto?

Tirar 20 ou 30 litros a pasto é tecnicamente possível, mas o custo para chegar lá pode inviabilizar o negócio. O Índice de Custos da Embrapa mostra que a inflação dos insumos não perdoa. Se o cocho vira o almoço principal e o pasto só uma “área de lazer”, você perde a única vantagem competitiva que temos aqui: comida barata no chão. Siga a leitura e acompanhe o Compre Rural, qui você encontra informação de qualidade para fortalecer o campo!

O problema da “Taxa de Substituição”: O que a ciência diz

O erro que o especialista Leandro Ebertin vê no campo tem nome técnico na Esalq/USP: Taxa de Substituição.

Basicamente, se você dá muita ração, a vaca come menos pasto. O rúmen enche com o amido do cocho, fermenta rápido, e o cérebro do animal entende que ele já está satisfeito. O resultado? A vaca ignora o capim de centavos e vive da ração que custa reais.

Ebertin não chama isso de leite a pasto suplementado, mas de “leite à base de cocho com vacas soltas”. A diferença é enorme: produzir 30 litros com 10 kg de ração é possível, mas arriscado. Fazer os mesmos 30 litros com 5 kg de ração, aproveitando bem o pasto, é o que paga a conta, como indicam as análises de rentabilidade do Cepea.

A conta que ninguém faz: Auditoria Pasto-Cocho

Para resolver, é preciso auditar a dieta. O método “Auditoria Pasto-Cocho” confronta a realidade do cocho com o que o pasto entrega.

Muitas vezes, as dietas continuam pesadas em silagem e ração, mesmo quando a fazenda tem pasto rotacionado de qualidade. O efeito é irônico: a roçadeira trabalha mais que o gado, porque sobra capim no pasto e a conta da ração sobe.

Em 11 propriedades analisadas, ajustar a dieta para reduzir essa substituição clareou os números:

  • Cenário Inicial: Média de 14 litros/vaca (Só 4L vinham do pasto e 10L da ração).
  • Cenário Ajustado: Média de 20 litros/vaca (10L vinham do pasto, mantendo a mesma base de ração).

Quando o gado volta a comer pasto, o custo fixo cai e a margem por litro melhora. A Scot Consultoria sempre alerta: quem não controla o custo operacional fica vulnerável.

Resultados de Campo: Eficiência na prática

Sair do vício do “cocho cheio” prova que dá para produzir mais gastando menos. Veja os dados consolidados das fazendas auditadas:

  1. Vacas Holandesas (500kg): 18 litros só no pasto (zero ração).
  2. Raça Jersey: 16 litros firmes sem uso de concentrado.
  3. Sistemas de Alta Performance: 30 a 35 litros usando apenas 6 a 8 kg de ração — bem acima da média nacional em eficiência.

Num caso real, um produtor saiu de 14 litros (com 6kg de ração) para 19,5 litros (com 5kg). O leite vindo do pasto quadruplicou: de 2 para quase 10 litros por vaca. O resultado no bolso foi um aumento de 117% na renda da família com o leite.

Saber a origem real do seu leite não é curiosidade, é sobrevivência. Priorize o pasto e use o cocho para alavancar a produção, não para substituir a comida barata. É o jeito mais seguro de se proteger da alta dos insumos.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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