
Uso de inoculante, ponto ideal da colheita e compactação correta são fundamentais para garantir qualidade e lucratividade na alimentação do rebanho com a silagem de milho ensacada
Com a chegada do período seco, produtores enfrentam o desafio de manter o desempenho do rebanho diante da escassez de pastagens. Entre as alternativas de suplementação volumosa, a silagem de milho ensacada tem se consolidado como uma opção prática, eficiente e economicamente viável, especialmente para pequenos e médios pecuaristas. Mas será que ela é, de fato, uma alternativa lucrativa? E como fazer corretamente?
A resposta é sim — desde que seja bem feita. Segundo especialistas, a técnica permite armazenar alimento de alto valor nutricional por até dois anos, reduzindo perdas e oferecendo flexibilidade de uso e até possibilidade de comercialização. Porém, requer atenção redobrada em pontos como colheita no momento certo, uso de inoculantes, compactação adequada e vedação eficiente.
O que é silagem de milho ensacada?
A silagem é o resultado da fermentação anaeróbica (sem oxigênio) de uma forrageira picada e compactada, normalmente o milho, que preserva seus nutrientes por meses. A versão ensacada consiste em armazenar o material fermentado em sacos plásticos individuais, de aproximadamente 100 litros de capacidade e 50 kg de produto final. Diferente de silos tradicionais, essa forma permite maior mobilidade e comercialização do produto.
Por que adotar a silagem ensacada?
Entre as vantagens do sistema, destacam-se:
- Flexibilidade: pode ser produzida e armazenada em qualquer local da fazenda;
- Escalabilidade: ideal para pequenas e médias propriedades;
- Comercialização: facilita o transporte e venda do excedente para outros pecuaristas;
- Menor investimento inicial: dispensa construção de silos.
No entanto, é preciso atenção aos riscos: maior uso de plástico, menor rendimento operacional e maior chance de entrada de oxigênio, o que pode comprometer a fermentação.
Etapas para produzir silagem de milho ensacada
1. Escolha do momento ideal para a colheita
- O milho deve estar com 30% a 35% de matéria seca.
- Verifique a “linha do leite” — colheita ideal ocorre quando ela está na metade do grão.
- Grãos devem estar em estágio pastoso a farináceo mole, espigas amarelas e folhas da base já secas.
2. Colheita com corte e trituração
- Utilize ensiladeiras reguladas e com facas afiadas.
- Corte deve gerar partículas entre 6 a 10 mm, para facilitar compactação e fermentação.
3. Transporte e ensacamento
- Leve o material picado até a área de ensacamento.
- Use máquinas específicas com reservatório que compactam a silagem nos sacos plásticos.
4. Compactação e vedação
- Bata o saco no chão para reforçar a compactação.
- Remova o ar residual e lacre bem a boca do saco, preferencialmente virada para baixo.
- Empilhe os sacos para otimizar a compactação e facilitar o armazenamento.
5. Fermentação e armazenamento
- Deixe fermentar por no mínimo 30 dias.
- Se bem armazenada, a silagem ensacada pode durar até 24 meses.
Inoculante: um aliado essencial
Em entrevista ao Canal Rural, o zootecnista Edson Poppi, com mais de 40 anos de experiência, ressaltou: “Indico sim. É muito importante” o uso de inoculantes na silagem de milho ensacada.
A explicação é simples: por ser feita em sacos, o risco de entrada de oxigênio é maior, favorecendo proliferação de fungos e bactérias indesejáveis. O inoculante acelera o abaixamento do pH, garantindo fermentação eficiente e menor deterioração.
“Com inoculante, você tem um produto que não esquenta, não mofa e mantém seu valor nutritivo. É essencial para quem quer garantir resultado, seja para uso próprio ou para comercialização”, conclui Poppi.
Além disso, a silagem inoculada tende a ter melhor aceitação pelos animais, aumento da produtividade e valor de mercado superior.
Cuidados extras que garantem sucesso
- Escolha bem o inoculante: opte por marcas reconhecidas e com tradição no mercado.
- Não negligencie a vedação: saco furado, má higiene e fechamento incorreto anulam todo o trabalho.
- Atenção à armazenagem: evite deixar os sacos sob sol intenso ou umidade excessiva.
Silagem ensacada de milho é um bom negócio?
Sim, desde que bem executada. A técnica ajuda o pecuarista a driblar os desafios da seca, manter o desempenho do rebanho e ainda pode gerar renda extra com a venda do excedente. Embora o custo com sacos plásticos e inoculantes exista, o ganho na conservação, estabilidade e qualidade do alimento compensa amplamente.
A silagem de milho ensacada é mais do que uma alternativa — é uma solução estratégica para a pecuária moderna, principalmente em propriedades sem estrutura para grandes silos. Com planejamento, técnica e os devidos cuidados, ela representa uma ferramenta poderosa para garantir segurança alimentar do rebanho, estabilidade no desempenho e até uma nova fonte de receita para o produtor rural.
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