Sua fazenda precisa de mais volumoso; Entenda o porquê

O milho evoluiu e ficou “macio” demais para o rúmen. Agora, para evitar a acidose e segurar a gordura no leite, o segredo é voltar ao básico e misturar uma segunda fonte de fibra na dieta

Quem caminha entre os galpões de compost barn ou free stall hoje em dia percebe que o desafio mudou. Se antigamente a luta era fazer a vaca comer, hoje o perigo mora justamente na digestão rápida demais. É um alerta que ecoa de norte a sul do país: para acompanhar a genética moderna, sua fazenda precisa de mais volumoso fibroso misturado à silagem.

A explicação vem de quem vive o dia a dia do campo. A especialista em nutrição Júlia Silveira, do canal “Porteira Adentro”, traz uma reflexão que une a ciência à prática: a silagem de milho que tratava as vacas há 20 anos não existe mais. E isso, embora pareça bom, trouxe um efeito colateral perigoso para o estômago da vaca. Siga a leitura e acompanhe o Compre Rural, qui você encontra informação de qualidade para fortalecer o campo!

A “Revolução do Milho” e a armadilha da digestão

Imagine voltar no tempo, lá para 2005. Naquela época, a silagem que ia para o cocho era mais rústica. As análises de laboratório mostravam uma fibra (o chamado FDN) na casa dos 55% e o amido raramente passava de 22%. A vaca precisava mastigar muito, e essa silagem, sozinha, dava conta de fazer o rúmen trabalhar.

O tempo passou, o melhoramento genético avançou e as lavouras mudaram. “Hoje, colhemos híbridos de milho espetaculares, com a fibra (FDN) baixíssima, entre 36% e 37%, e muito grão”, explica Júlia.

A notícia é ótima para a produção de energia, mas acende um sinal vermelho na fisiologia animal. Essa silagem moderna “derrete” muito rápido dentro da vaca. Falta aquela fibra que “coça” a parede do rúmen e obriga o animal a ruminar. É por essa falta de estímulo físico que sua fazenda precisa de mais volumoso de haste longa entrando na mistura.

Quando o rúmen “azeda”

Sem mastigação suficiente, falta saliva. Sem saliva, o rúmen não consegue combater a acidez. É aí que se instala a chamada Acidose Ruminal Subclínica (SARA). Diferente da acidose aguda, que derruba a vaca, essa é silenciosa: a vaca continua comendo, mas produz menos.

Estudos de universidades americanas, como a de Wisconsin, e referências do NRC (Conselho Nacional de Pesquisa dos EUA), mostram que essa acidez excessiva “mata” as bactérias que produzem a gordura do leite. O resultado?

  • O tanque de leite não rende em sólidos.
  • Os cascos começam a apresentar problemas (laminite).
  • A vaca dura menos tempo no rebanho.

Para fechar uma conta de 28 quilos de comida por dia sem adoecer o animal, a única saída segura é a diversificação.

A salvação vem do capim: O papel do Tifton e da Alfafa

É aqui que entra a estratégia do “segundo prato”. Enquanto no Sul os produtores têm a benção do azevém e da alfafa, no Brasil central o Feno de Tifton assumiu o papel de guardião do rúmen.

Com cerca de 90% de matéria seca, o feno entra na dieta para devolver a estrutura física que a silagem perdeu. Ele funciona como uma “bucha”, garantindo que o rúmen continue se movimentando.

Mas atenção, amigo produtor: não adianta apenas jogar o feno no cocho. A tecnologia precisa entrar na porteira.

“O segredo está no tamanho da picagem. Muitos fornecedores entregam o feno inteiro, e a vaca separa no cocho. O uso do vagão forrageiro vertical é essencial para picar esse material no tamanho certo”, orienta a especialista.

O teste da peneira

Para saber se a mistura ficou boa, a ciência empresta uma ferramenta simples: a Peneira da Penn State (aquela caixa com furos de diferentes tamanhos).

Se a dieta estiver bem feita, com a segunda fonte de volumoso bem misturada, você deve encontrar uma distribuição equilibrada de fibras longas e médias. É esse equilíbrio que garante que a vaca vai comer tudo, sem escolher, mantendo a saúde em dia e o leite com teor de gordura lá no alto.

No fim das contas, a lição é clara: a modernidade trouxe silagens potentes, mas a natureza da vaca continua a mesma. Ela precisa ruminar. E para isso, sua fazenda precisa de mais volumoso.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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