Suplementação in ovo ganha força e promete pintinhos mais fortes desde a incubação

Técnica permite intervenção nutricional ainda na fase embrionária, melhora o desempenho inicial dos frangos de corte e abre novas oportunidades para eficiência e sustentabilidade na produção avícola.

Por Vários Autores* – A suplementação in ovo vem ganhando espaço como uma das estratégias mais promissoras da avicultura moderna, ao permitir intervenções nutricionais ainda durante a fase embrionária das aves. A técnica consiste na inoculação controlada de nutrientes e compostos bioativos em ovos férteis, geralmente entre o 17º e o 19º dia de incubação, período crítico em que o embrião passa por intensas mudanças metabólicas e eleva significativamente suas exigências nutricionais. O objetivo central é fortalecer o desenvolvimento embrionário, melhorar a taxa de eclosão e garantir pintinhos mais vigorosos logo após o nascimento.

Historicamente, a tecnologia in ovo foi desenvolvida para a aplicação de vacinas, mas sua evolução abriu espaço para a suplementação de carboidratos, aminoácidos, vitaminas, minerais, prebióticos, probióticos e compostos bioativos.

Esses elementos ampliam a disponibilidade de nutrientes antes mesmo da eclosão, estimulam o desenvolvimento do trato gastrointestinal e favorecem a adaptação dos pintinhos às primeiras fases de crescimento, um momento considerado determinante para o desempenho produtivo ao longo do ciclo .

Suplementacao In Ovo na producao de pintos de corte
Foto: Embritech

Do ponto de vista biológico, o embrião de aves se desenvolve integralmente fora do organismo materno, utilizando os nutrientes contidos na gema e no albúmen. Embora o ovo seja naturalmente completo, o avanço genético das linhagens de frangos de corte, caracterizadas por crescimento acelerado e maior eficiência produtiva, tem aumentado a demanda por energia e nutrientes nos estágios finais da incubação.

Nesse contexto, a suplementação in ovo surge como alternativa para suprir possíveis limitações nutricionais, reduzindo o estresse metabólico e melhorando a viabilidade embrionária .

Entre as substâncias mais utilizadas, os carboidratos se destacam por fornecerem energia imediata ao embrião, elevando os estoques de glicogênio muscular e auxiliando na absorção do saco vitelino. Aminoácidos essenciais, como metionina, lisina e arginina, exercem papel fundamental no desenvolvimento muscular, ósseo e imunológico, além de contribuírem para maior peso ao nascer e melhor desempenho nas primeiras semanas de vida. Já vitaminas e minerais atuam na formação estrutural, na defesa antioxidante e no fortalecimento do sistema imune, com destaque para as vitaminas C e E e minerais como zinco e selênio .

Outro ponto relevante é o uso de prebióticos e probióticos, que favorecem a colonização precoce do intestino. Como o trato gastrointestinal do pintinho recém-eclodido é imaturo e praticamente estéril, a inoculação in ovo desses microrganismos benéficos contribui para o estabelecimento de uma microbiota equilibrada, dificultando a instalação de patógenos, reduzindo processos inflamatórios e melhorando a eficiência digestiva e o desempenho zootécnico .

O procedimento de inoculação exige rigor técnico. A casca do ovo deve ser devidamente desinfetada, a perfuração ocorre sobre a câmara de ar e a substância é injetada no líquido amniótico, seguida da vedação da casca e retorno do ovo à incubadora. Apesar dos resultados positivos observados em diversos estudos, desafios ainda limitam a adoção ampla da técnica, como o risco de contaminação, a necessidade de padronização de doses, a escolha correta do local de aplicação e a variabilidade de respostas entre diferentes linhagens avícolas .

Do ponto de vista zootécnico, os benefícios relatados incluem maior peso ao nascer, melhor conversão alimentar na fase inicial, desenvolvimento intestinal mais eficiente, redução da mortalidade embrionária e maior resistência ao estresse térmico e oxidativo. Esses ganhos reforçam o potencial da suplementação in ovo como ferramenta de nutrição de precisão, capaz de elevar a eficiência produtiva e contribuir para sistemas avícolas mais sustentáveis .

Em síntese, a suplementação in ovo se consolida como uma tecnologia emergente de alto impacto para a produção de frangos de corte. Quando aplicada com base científica e protocolos bem definidos, pode representar um avanço significativo em saúde animal, bem-estar e produtividade.

O futuro da técnica depende do aprofundamento das pesquisas, da padronização dos métodos e da identificação de novos compostos funcionais que ampliem ainda mais seus resultados na cadeia avícola.

Autores: Wéllida Gonçalves Borges Dias, Fabiana Ramos dos Santos, Marco Antônio Pereira da Silva, Antônio Borges Ferreira Neto, Ádrya Vitória Dias Seifert.

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