
Casos levantam alerta no setor equino e apontam possível intoxicação alimentar; A Potomac Horse Fever (PHF), que é uma doença grave, também foi considerada, mas descartada por especialistas
Um surto que já resultou na morte de nove cavalos e no adoecimento de pelo menos 120 animais em um haras de Indaiatuba (SP) acendeu o alerta no setor veterinário e entre criadores de equinos. O caso, que teve início no final de abril, ainda está sob investigação, mas já conta com hipóteses consolidadas entre os profissionais que acompanham a situação.
A primeira morte foi registrada em 23 de abril, seguida de uma segunda no dia 30. Nos dias seguintes, mais sete animais vieram a óbito, totalizando nove perdas em menos de um mês. Os cavalos apresentaram sintomas como desânimo, alterações hepáticas e perda de apetite, segundo veterinários entrevistados.
Todos os cavalos afetados estavam alojados em baias separadas, mas compartilhavam a mesma alimentação, o que levantou a suspeita de intoxicação alimentar.
Suspeita principal: intoxicação alimentar
De acordo com a Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente de Indaiatuba, que realizou uma vistoria técnica no local, os animais apresentavam sinais compatíveis com intoxicação alimentar. A equipe inspecionou as condições estruturais, as baias e o armazenamento da ração, mas não encontrou irregularidades visíveis.
Ainda assim, os responsáveis pelo haras optaram por substituir a ração e o feno, adotando também tratamento com soro e medicamentos para estabilizar os quadros clínicos dos animais.
Potomac Horse Fever foi cogitada, mas descartada
Outra hipótese levantada por um advogado envolvido no caso foi a Potomac Horse Fever (PHF), uma doença infecciosa causada pela bactéria Neorickettsia risticii, que já acometeu mais de 30 cavalos no estado de São Paulo nos últimos 18 meses.
Porém, especialistas como o professor José Paes de Oliveira Filho, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp, descartaram a relação entre os casos de Indaiatuba e a PHF. Ele destaca que a doença tem sintomas muito específicos — como diarreia severa e inflamação nos cascos — além de ser transmitida apenas pela ingestão de insetos aquáticos contaminados, o que não condiz com o cenário atual da propriedade investigada.

Próximos passos e exames
Os cavalos passaram por exames de sangue, cujos resultados laboratoriais devem ser divulgados nos próximos dias. A depender dos resultados, as investigações podem confirmar ou descartar oficialmente a hipótese de intoxicação.
Enquanto isso, os profissionais e criadores mantêm a vigilância e reforçam as medidas de manejo e higiene no haras, para evitar novos casos e tentar conter o avanço do surto.
“O diagnóstico precoce e a adoção imediata de tratamento são fundamentais para minimizar perdas e garantir a saúde dos animais”, reforçou nota oficial da FMVZ/Unesp sobre o episódio.
A comunidade do agronegócio segue atenta, e o caso deve gerar novos debates sobre segurança alimentar animal, fiscalização sanitária e protocolos emergenciais no setor equino.
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