Tarifaço dos EUA e exportação recorde: como o confinador reagiu em 2025

Mesmo com a tarifa de 76,4% imposta pelos Estados Unidos à carne brasileira, o país bateu recorde de exportações, fortaleceu novos mercados e manteve o confinamento competitivo graças ao milho barato e à firmeza da arroba.

O ano de 2025 entrou para a história da pecuária brasileira como um período de contrastes: ao mesmo tempo em que o Brasil enfrentou o mais duro impacto comercial vindo dos Estados Unidos — o chamado tarifaço, que elevou a alíquota de importação da carne brasileira de 26,4% para 76,4% —, o setor registrou recordes de exportação, crescimento no volume de gado vivo embarcado e ampliação da rentabilidade no confinamento.

Segundo o Benchmarking Confina Brasil 2025 (acesse aqui), elaborado pela Scot Consultoria, o mercado reagiu com forte cautela no primeiro momento, mas rapidamente se reorganizou, mantendo margens e ampliando a competitividade em novos destinos globais.

O impacto do tarifaço: tensão no mercado, estratégia no confinamento

A decisão dos Estados Unidos, anunciada em agosto, gerou apreensão entre frigoríficos e confinadores. Até outubro, os EUA ainda eram o segundo maior comprador da carne bovina brasileira, o que ampliou a sensação de incerteza.

O relatório da Scot destaca: “Com a possibilidade de não haver mais volume de vendas para os EUA, o mercado reagiu com cautela.”

Apesar disso, o efeito prático foi menor do que o esperado. A demanda global seguiu firme, especialmente da China e dos países do Oriente Médio, que absorveram parte da carne que poderia ter sido direcionada aos EUA. Como resultado, o Brasil encerrou 2025 com recorde de exportações de carne bovina, consolidando sua posição como líder mundial.

Boi gordo firme, milho barato: o motor da engorda intensiva em 2025

A base de sustentação do confinamento em 2025 foi a combinação entre:

  • estabilidade da arroba, especialmente da categoria “boi China”,
  • milho com preços historicamente baixos, favorecendo a relação de troca.

De acordo com o Benchmarking, a troca arroba/milho foi a melhor dos últimos cinco anos, permitindo que confinadores ampliassem lotações sem elevar custos de produção. Com menor pressão de alta no preço dos insumos, a engorda intensiva ganhou ritmo, compensando a insegurança gerada pelo tarifaço.

Exportação de gado vivo dispara e reforça protagonismo do Brasil

Outro movimento de peso em 2025 foi o avanço expressivo da exportação de gado vivo. Até outubro, o país embarcou 847,45 mil cabeças, e a projeção é encerrar o ano perto de 1 milhão de bovinos, repetindo e até superando o recorde de 2024.

🐂 O estudo destaca um dado crucial: o prêmio pago pelo gado vivo chegou a 47,3% acima da carne in natura, especialmente em mercados islâmicos como Jordânia, Iraque e Turquia.

Esse diferencial financeiro tornou o mercado extremamente atrativo e ajudou a compensar possíveis perdas provocadas pelo tarifaço.

Participação feminina nos abates bate recorde histórico

Um dos fenômenos mais marcantes levantados pelo Benchmarking foi o crescimento da participação das fêmeas nos abates. Pela primeira vez, as fêmeas superaram os machos, alcançando 52,2% de participação.

Esse movimento é explicado por fatores como:

  • uso crescente de novilhas para atender mercados premium que exigem carne jovem,
  • descarte técnico devido à reorganização dos rebanhos após anos de retenção,
  • busca por maior eficiência no ciclo produtivo.

A mudança estrutural no perfil dos abates reforça uma tendência já observada nos últimos anos e impacta diretamente a oferta futura de bezerros.

Brasil consolida posição como potência global da carne bovina

Mesmo diante de um dos maiores choques tarifários dos últimos anos, o Brasil mostrou capacidade de adaptação e força no mercado global. A combinação entre demanda aquecida dos principais importadores, expansão da exportação de gado vivo, custos menores no confinamento e estabilidade da arroba, permitiu que o país batesse recordes e ampliasse sua fatia no comércio internacional.

O Confina Brasil resume o cenário: “O Brasil se posiciona cada vez mais como o maior produtor e exportador de carne bovina do mundo.”

O tarifaço norte-americano, que poderia ter sido um freio, acabou funcionando como um divisor de águas para mostrar a resiliência, a eficiência e o poder de diversificação do setor pecuário brasileiro.

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