Tarifaço dos EUA pressiona preço de pimenta-do-reino produzida no Pará

Eles não exportam pimenta-do-reino para o mercado norte-americano, mas foram afetados indiretamente pela queda do preço do produto brasileiro no mercado nacional.

Tomé-Açu, Pará, 20 – Em Tomé-Açu, no nordeste do Pará, produtores de pimenta-do-reino viram suas receitas encolherem após o anúncio do tarifaço de 50% dos Estados Unidos sobre produtos importados brasileiros. Eles não exportam pimenta-do-reino para o mercado norte-americano, mas foram afetados indiretamente pela queda do preço do produto brasileiro no mercado nacional, conta o presidente da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), Alberto Oppata. “Esse tarifaço nos afetou. Agora, há uma defasagem de US$ 1 mil em relação à pimenta-do-reino do Vietnã”, disse Oppata a jornalistas durante visita à cooperativa.

De acordo com Oppata, hoje o condimento é exportado para os Estados Unidos pelos produtores do Espírito Santo. Mas os produtores paraenses sentiram o impacto da queda de preço. “A pimenta-do-reino era negociada em torno de US$ 6.500 por tonelada e caiu para US$ 5.500 por tonelada. O produtor que não precisa da renda imediatamente vai estocar nos armazéns da cooperativa”, observou, acrescentando que o condimento pode permanecer até dois anos em estoque. A safra de pimenta-do-reino na região está em plena colheita.

A moratória da soja e o impacto ao produtor rural

A Camta exporta em média de 300 a 400 toneladas de pimenta-do-reino por ano. O principal destino é a Argentina, para onde são embarcadas cerca de 200 toneladas por ano dada a produção local de embutidos. Outros mercados consumidores são Europa, Japão e México. “Estamos trabalhando para ver se melhoramos o preço para venda ao mercado asiático e europeu. Esse produto terá que ser canalizado também para mercados como China e Índia, que ainda não vendemos”, disse Oppata.

A Camta, que possui 160 produtores cooperados, faturou R$ 124 milhões em 2024, com comercialização de açaí, dendê, óleos vegetais e polpa de frutas locais.

*A jornalista viaja a convite do Sistema OCB, que congrega a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

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