Tarifaço pode elevar carga da carne bovina a 76%, mas EUA seguem dependentes do Brasil

Setor teme que nova taxa eleve carga tributária para mais de 76%, inviabilizando negócios; porém, baixa oferta interna nos Estados Unidos pode manter o Brasil como fornecedor estratégico da carne bovina brasileira

A recente decisão do presidente norte-americano Donald Trump de impor uma tarifa extra de 50% sobre as exportações brasileiras de carne bovina acendeu um alerta entre frigoríficos e pecuaristas. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), quando somada à atual alíquota de 26,4%, a carga tributária total ultrapassará 76%, o que pode comprometer seriamente a viabilidade das vendas ao mercado dos Estados Unidos.

Em 2024, os EUA importaram 229 mil toneladas da proteína brasileira, e para 2025 a projeção era alcançar 400 mil toneladas. A carne bovina, porém, ficou de fora da lista de produtos isentos da nova tarifa, diferente de itens como castanhas e suco de laranja. O setor agora aposta em negociações para reverter ou atenuar o impacto.

“A entidade está em diálogo com importadores norte-americanos e colabora com o governo federal na busca de uma solução negociada. É fundamental preservar o fluxo comercial com os EUA”, reforçou a Abiec em nota.

Mercado norte-americano em crise de oferta

Apesar da barreira tarifária, especialistas destacam que a dependência dos EUA pela carne brasileira pode sustentar as exportações. Dados do Comex/Stat mostram que, apenas no primeiro semestre de 2025, o Brasil embarcou 157 mil toneladas de carne bovina para os EUA, com receita de US$ 791 milhões — equivalente a 83% de todo o volume exportado em 2024.

Como já divulgado pelo Compre Rural, lembra que o país vive o menor ciclo pecuário em 50 anos, com cerca de 95 milhões de cabeças de gado, contra um pico histórico de 140 milhões em 1975. No Brasil, o rebanho ultrapassa 220 milhões de cabeças.

A demanda por carne bovina nos Estados Unidos permanece elevada, tornando o Brasil um fornecedor indispensável. Substituir nossa oferta pela australiana, por exemplo, é um processo complexo que não acontece da noite para o dia.

Negociações e perspectivas

A Abiec e o governo brasileiro, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, MDIC e Itamaraty, atuam em frentes diplomáticas e comerciais para tentar preservar o mercado. A nova taxa começa a vigorar em 6 de agosto.

Enquanto isso, frigoríficos e pecuaristas analisam cenários de ajuste. Para muitos, a forte dependência dos EUA pela proteína brasileira pode servir de trunfo nas negociações, mesmo em um ambiente de barreiras comerciais elevadas.

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